terça-feira, 2 de março de 2010

ESPECIAL DE QUARESMA II (2010)

ESPECIAL DE QUARESMA II (2010)

Explicações sobre os sofrimentos físicos de Cristo
 baseadas em estudos do Santo Sudário

Nota: As informações que seguem foram retiradas das obras de Dr.Frederick T. Zugibe (Crucificação de Jesus) e Dr.Pierre Barbet (A Paixão de Cristo segundo o cirurgião), ambos, estudiosos do Santo Sudário e que em alguns pontos entram em controvérsia.
O blogue não afirma tais informações, por falta de autoridade e competência no assunto; limita-se a transcrição, somente.


"Todo amor que não tira sua origem da Paixão do Salvador
é frívolo e perigoso.
 Infeliz é a morte sem o amor do Salvador:
infeliz é o amor sem a morte do Salvador."
(São Francisco de Sales)


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Meditações feitas por Dr.Frederick T. Zugibe

Cristãos devotos meditam sobre a Crucificação de Jesus de várias maneiras, ou refletindo sobre as estações da Cruz, recitando os mistérios do Rosário, lendo as Escrituras, ou então apenas recolhendo-se em silenciosa meditação. Todavia, embarquemos numa jornada forense, principiando no Jardim do Getsêmani e terminando com a morte de Jesus no Calvário, numa espécie de Via-Crúcis forense, para que possamos avaliar criticamente cada fase, de modo a obtermos uma compreensão mais precisa dos efeitos da crucificação - o que, sem dúvida, enriquecerá muito as nossas meditações.

Agonia no Jardim do Getsêmani

Nossa jornada começa no Jardim do Getsêmani, localizado no Monte das Oliveiras, de onde Jesus e Seus discípulos partiram depois que Ele anunciou que Sua hora havia chegado. Quando eles chegaram, Jesus afastou-se para orar:

"A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai." (Marcos 14:34)

Jesus estava totalmente ciente dos sofrimentos que teria de suportar. De repente, Seu coração começou a bater forte em Seu peito, aceleradamente. Ele empalideceu, Suas pupilas dilataram-se por completo; Sua respiração tornou-se mais rápida; Seus joelhos vacilaram e Ele caiu ao chão, não podendo ficar de pé. A adrenalina era bombeada por todo o Seu corpo; uma reação "lutar ou fugir" havia sido desencadeada.

A profunda angústia mental de Seu sofrimento tinha começado, drenando as forças de Seu corpo. Ele começou a coxear, caiu ao chão e orou repetidamente. Ele repetiu as orações a noite toda. Então, olhou para o Céu e pediu: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim, a tua". E então apareceu para Ele um anjo do Céu para confortá-Lo; e, estando em agonia, Ele orou mais intensamente.

Seu suor caiu ao chão como se fossem gotas de sangue (Lucas 22:42-44). Ele tinha aceitado Seu destino! Agora o ritmo de Seu coração começou a tornar-se mais lento. Seu rosto recobrou as cores, Seus músculos relaxaram e Seu corpo se encharcou de suor sanguinolento, enquanto coágulos de sangue caíam ao chão, porejando de pequenas hemorragias que surgiram de Suas glândulas sudoríparas. Jesus ficou debilitado devido à extrema exaustão mental.

Flagelação

Pouco depois, Ele foi preso e levado ao Sinédrio, onde foi molestado e acusado de blasfêmia e então levado diante de Pilatos, onde foi acusado de estar "pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, Rei" (Lucas 23:1-2).

Pilatos enviou Jesus a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Nenhum dos dois pôde apontar as faltas deste homem. Mas a multidão frenética queria que Jesus fosse crucificado a qualquer custo, até ao ponto de libertar Barrabás, um assassino brutal, em vez de Jesus.

... Pilatos ordenou um açoitamento brutal, mais severo do que o normal: "Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-Lo." (João 19:1). Ele então foi curvado e amarrado a um pilar baixo, onde foi flagelado nas costas, peito e pernas, com um flagrum multifacetado, que continha pedaços de metal em suas extremidades.

Os scorpiones penetraram profundamente em sua carne, dilcerando pequenos vasos, nervos, músculos e a pele. O peso dos scorpiones fazia com que as cintas de couro fossem projetadas para a parte da frente do Seu corpo, dilacerando a carne dali também. Seu corpo deformou-se em função da dor, fazendo com que Ele caísse ao chão...

Breves movimentos convulsivos ocorreram, seguidos por tremores, vômitos e suores frios... Sua boca ficou seca e a língua colou-se ao céu da boca. Ele foi reduzido a um estado lamentável... Jesus respirava com dificuldade. Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, uma vez que Ele não conseguia respirar por causa das fortes dores no peito, decorrentes dos ferimentos em Sua caixa toráxica, costelas e pulmões. Cada passo era doloroso, obrigando-O a segurar Seu peito.

Sangrenta coroação de espinhos

Os soldados então "vestiram-No de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça; e O saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus!" (Marcos 15: 17-18). Eles apanharam o arbusto típico da Síria, a "espinho-de Cristo", com suas fileiras de espinhos afiados e recurvos, que crescia ao lado do Pretório, fabricaram uma coroa com os ramos entrelaçados e a fixaram em Sua cabeça. Esta era a coroa para o "Rei dos Judeus" e um graveto foi Seu cetro. Eles prestaram homenagem ao novo rei desfilando à Sua frente, ajoelhandose diante Dele e golpeando-Lhe as faces com o cetro e cuspindo em Jesus.

Suas bochechas e nariz ficaram vermelhos, feridos e inchados. Dores agudas e lancinantes, que pareciam choques elétricos ou pontadas com ferro em brasa revelavam-se em Seu rosto, imobilizado-o e fazendo com que Ele evitasse voltá-lo para qualquer direção, tornando a dor ainda mais intensa - uma condição médica conhecida como neuralgia do trigêmeo.

Suas feições distorceram-se e Seu corpo físico ficou tão tenso que não conseguia mais mover-Se, pois cada movimento provocava novos ataques agonizantes.

Carregamento da Santa Cruz e Morte de Jesus

Pilatos, então, ordenou que Jesus fosse crucificado e o centurião e o quaternio (quatro soldados, sob as ordens de seu comandante) colocaram a barra horizontal da Cruz, que pesava entre 23 e 34 quilos, sobre Seus ombros, que já se encontravam severamente lacerados pelo açoitamento. Ele sentiu dores ainda mais agudas, que O fizeram cair de joelhos.

Os soldados fizeram com que Ele se levantasse novamente. As pessoas se amontoavam nos dois lados da rua, com uma companhia de soldados mantendo a ordem....Jesus ofegava...Ele continuou em Seu caminho, colina acima, caindo mais vezes, com a barra sobre Suas costas. O sol do meio-dia estava quente; o suor pingava de Seu corpo, desidratando-O e fazendo piorar Sua sede.

Ele não conseguia mover a língua, que parecia ter aumentado muitas vezes seu tamanho (devido a sede). Seu corpo inteiro reagia ao sofrimento proveniente dos múltiplos ferimentos causados pelo açoitamento.... Simão de Cirene... foi forçado a ajudá-Lo a carregar a trave da Cruz.

Ele respirava cada vez com mais dificuldade, devido ao lento acúmulo de fluido ao redor de Seus pulmões - condição médica chamada efusão pleural, resultante do brutal açoitamento.

No Calvário, os soldados lançaram dados para disputar quem ficaria com Suas vestimentas, e o vencedor descobriu que elas estavam grudadas às inúmeras lacerações causadas pelo açoitamento. O soldado agarrou as vestes e arrancou-as violentamente. Jesus sentiu como se Seu corpo inteiro estivesse em chamas.

A barra horizontal da Cruz foi depositada no chão e Jesus foi colocado sobre ela, com três homens imobilizando-O; um deles, em cima do Seu peito. Isto trouxe uma dor terrível e mais dificuldade para respirar, pelos danos causados às paredes da caixa toráxica, devido ao açoitamento.

Jesus ... em agonia!

Enquanto os soldados o seguravam, um prego grande e quadrado foi fincado através da palma da Sua mão, na proeminência muscular localizada na base de Seu polegar... o prego penetrou no nervo mediano, causando uma das piores dores que um ser humano pode sofrer, chamada causalgia.

Durante a Primeira Guerra Mundial, soldados que sofriam ferimentos no nervo mediano, devido a estilhaços de granadas e bombas de fragmentação, entravam em choque profundo, se não fossem medicados imediatamente. Apesar da exaustão, Jesus se contorcia e lutava: a dor era insuportável e queimava como se um raio tivesse atravessado Seu braço.

A segunda mão foi pregada à trave da mesma maneira... Jesus então, foi forçado a ficar de pé, com Suas mãos pregadas à barra. Seus joelhos dobraram. Dois soldados levantaram cada extremidade da barra enquanto outros dois agarraram Jesus ao redor de Seu corpo. Então, eles colocaram a barra no encaixe que havia sido escavado no topo da estaca. Enquanto seguravam Jesus pela parte inferior de Seu corpo, dois membros do quaternio dobraram Seus joelhos e forçaram Seus calcanhares contra a estaca, até que eles ficassem firmementes apoiados à Cruz.

Um dos homens fincou um prego em cada pé, enquanto um outro homem mantinha-os seguros sobre a Cruz. A dor era excruciante ... Jesus ... em agonia! Ele estava completamente exausto, com falta de ar e sofrendo dores terríveis. Sua língua grudou-se ao céu da boca, que estava repleta de muco espesso. O suor porejava de todo o Seu corpo, deixando-O encharcado e Seu rosto assumiu uma coloração pálida e amarelada.

Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, e fortes cãibras dominaram Suas panturrilhas. Isto obrigou-Lhe a contorcer-Se, curvar e arquear Seu corpo para tentar estender as pernas e aliviar as cãibras.

As dores eram profundas e dilacerantes, como se uma corrente elétrica atravessasse seus braços e pernas, irradiando-se dos pregos nas mãos e nos pés; através de Seu rosto, pela irritação causada pelos espinhos da coroa; as dores excruciantes do açoitamento, o grande impacto recebido sobre os ombros, as cãibras intensas nas panturrilhas e a sede extrema uniram-se para causar uma sinfonia de dores implacável.

"Eloí, Eloí, lamá sabactâni?, que quer dizer Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?"
 (Marcos 15:34)

Depois de várias horas de agonia insuportável na Cruz, Jesus clamou em voz alta:

"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!".
E tendo dito isto, expirou.
(Lucas 23:46)

(Excertos do livro: Crucificação de Jesus - Frederick T. Zugite)