ESPECIAL DE QUARESMA II (2010)
Explicações sobre os sofrimentos físicos de Cristo
baseadas em estudos do Santo Sudário
Nota: As informações que seguem foram retiradas das obras de Dr.Frederick T. Zugibe (Crucificação de Jesus) e Dr.Pierre Barbet (A Paixão de Cristo segundo o cirurgião), ambos, estudiosos do Santo Sudário e que em alguns pontos entram em controvérsia.
O blogue não afirma tais informações, por falta de autoridade e competência no assunto; limita-se a transcrição, somente.
"Todo amor que não tira sua origem da Paixão do Salvador
é frívolo e perigoso.
Infeliz é a morte sem o amor do Salvador:
infeliz é o amor sem a morte do Salvador."
(São Francisco de Sales)
Ver:
Agonia de Cristo no Jardim do Getsêmani
Flagelação de Cristo
Sangrenta coroação de espinhos
Carregamento da Santa Cruz
Estigmas das mãos de Nosso Senhor
Agonia de Cristo no Jardim do Getsêmani
Flagelação de Cristo
Sangrenta coroação de espinhos
Carregamento da Santa Cruz
Estigmas das mãos de Nosso Senhor
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Meditações feitas por Dr.Frederick T. Zugibe
Cristãos devotos meditam sobre a Crucificação de Jesus de várias maneiras, ou refletindo sobre as estações da Cruz, recitando os mistérios do Rosário, lendo as Escrituras, ou então apenas recolhendo-se em silenciosa meditação. Todavia, embarquemos numa jornada forense, principiando no Jardim do Getsêmani e terminando com a morte de Jesus no Calvário, numa espécie de Via-Crúcis forense, para que possamos avaliar criticamente cada fase, de modo a obtermos uma compreensão mais precisa dos efeitos da crucificação - o que, sem dúvida, enriquecerá muito as nossas meditações.
Agonia no Jardim do Getsêmani
Nossa jornada começa no Jardim do Getsêmani, localizado no Monte das Oliveiras, de onde Jesus e Seus discípulos partiram depois que Ele anunciou que Sua hora havia chegado. Quando eles chegaram, Jesus afastou-se para orar:
"A minha alma está profundamente triste até a morte; ficai aqui e vigiai." (Marcos 14:34)
Jesus estava totalmente ciente dos sofrimentos que teria de suportar. De repente, Seu coração começou a bater forte em Seu peito, aceleradamente. Ele empalideceu, Suas pupilas dilataram-se por completo; Sua respiração tornou-se mais rápida; Seus joelhos vacilaram e Ele caiu ao chão, não podendo ficar de pé. A adrenalina era bombeada por todo o Seu corpo; uma reação "lutar ou fugir" havia sido desencadeada.
A profunda angústia mental de Seu sofrimento tinha começado, drenando as forças de Seu corpo. Ele começou a coxear, caiu ao chão e orou repetidamente. Ele repetiu as orações a noite toda. Então, olhou para o Céu e pediu: "Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não se faça a minha vontade, e sim, a tua". E então apareceu para Ele um anjo do Céu para confortá-Lo; e, estando em agonia, Ele orou mais intensamente.
Seu suor caiu ao chão como se fossem gotas de sangue (Lucas 22:42-44). Ele tinha aceitado Seu destino! Agora o ritmo de Seu coração começou a tornar-se mais lento. Seu rosto recobrou as cores, Seus músculos relaxaram e Seu corpo se encharcou de suor sanguinolento, enquanto coágulos de sangue caíam ao chão, porejando de pequenas hemorragias que surgiram de Suas glândulas sudoríparas. Jesus ficou debilitado devido à extrema exaustão mental.
Flagelação
Pouco depois, Ele foi preso e levado ao Sinédrio, onde foi molestado e acusado de blasfêmia e então levado diante de Pilatos, onde foi acusado de estar "pervertendo a nossa nação, vedando pagar tributo a César e afirmando ser ele mesmo Cristo, Rei" (Lucas 23:1-2).
Pilatos enviou Jesus a Herodes, que o devolveu a Pilatos. Nenhum dos dois pôde apontar as faltas deste homem. Mas a multidão frenética queria que Jesus fosse crucificado a qualquer custo, até ao ponto de libertar Barrabás, um assassino brutal, em vez de Jesus.
... Pilatos ordenou um açoitamento brutal, mais severo do que o normal: "Então, por isso, Pilatos tomou a Jesus, e mandou açoitá-Lo." (João 19:1). Ele então foi curvado e amarrado a um pilar baixo, onde foi flagelado nas costas, peito e pernas, com um flagrum multifacetado, que continha pedaços de metal em suas extremidades.
Os scorpiones penetraram profundamente em sua carne, dilcerando pequenos vasos, nervos, músculos e a pele. O peso dos scorpiones fazia com que as cintas de couro fossem projetadas para a parte da frente do Seu corpo, dilacerando a carne dali também. Seu corpo deformou-se em função da dor, fazendo com que Ele caísse ao chão...
Breves movimentos convulsivos ocorreram, seguidos por tremores, vômitos e suores frios... Sua boca ficou seca e a língua colou-se ao céu da boca. Ele foi reduzido a um estado lamentável... Jesus respirava com dificuldade. Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, uma vez que Ele não conseguia respirar por causa das fortes dores no peito, decorrentes dos ferimentos em Sua caixa toráxica, costelas e pulmões. Cada passo era doloroso, obrigando-O a segurar Seu peito.
Sangrenta coroação de espinhos
Os soldados então "vestiram-No de púrpura e, tecendo uma coroa de espinhos, lha puseram na cabeça; e O saudavam, dizendo: Salve, rei dos judeus!" (Marcos 15: 17-18). Eles apanharam o arbusto típico da Síria, a "espinho-de Cristo", com suas fileiras de espinhos afiados e recurvos, que crescia ao lado do Pretório, fabricaram uma coroa com os ramos entrelaçados e a fixaram em Sua cabeça. Esta era a coroa para o "Rei dos Judeus" e um graveto foi Seu cetro. Eles prestaram homenagem ao novo rei desfilando à Sua frente, ajoelhandose diante Dele e golpeando-Lhe as faces com o cetro e cuspindo em Jesus.
Suas bochechas e nariz ficaram vermelhos, feridos e inchados. Dores agudas e lancinantes, que pareciam choques elétricos ou pontadas com ferro em brasa revelavam-se em Seu rosto, imobilizado-o e fazendo com que Ele evitasse voltá-lo para qualquer direção, tornando a dor ainda mais intensa - uma condição médica conhecida como neuralgia do trigêmeo.
Suas feições distorceram-se e Seu corpo físico ficou tão tenso que não conseguia mais mover-Se, pois cada movimento provocava novos ataques agonizantes.
Carregamento da Santa Cruz e Morte de Jesus
Pilatos, então, ordenou que Jesus fosse crucificado e o centurião e o quaternio (quatro soldados, sob as ordens de seu comandante) colocaram a barra horizontal da Cruz, que pesava entre 23 e 34 quilos, sobre Seus ombros, que já se encontravam severamente lacerados pelo açoitamento. Ele sentiu dores ainda mais agudas, que O fizeram cair de joelhos.
Os soldados fizeram com que Ele se levantasse novamente. As pessoas se amontoavam nos dois lados da rua, com uma companhia de soldados mantendo a ordem....Jesus ofegava...Ele continuou em Seu caminho, colina acima, caindo mais vezes, com a barra sobre Suas costas. O sol do meio-dia estava quente; o suor pingava de Seu corpo, desidratando-O e fazendo piorar Sua sede.
Ele não conseguia mover a língua, que parecia ter aumentado muitas vezes seu tamanho (devido a sede). Seu corpo inteiro reagia ao sofrimento proveniente dos múltiplos ferimentos causados pelo açoitamento.... Simão de Cirene... foi forçado a ajudá-Lo a carregar a trave da Cruz.
Ele respirava cada vez com mais dificuldade, devido ao lento acúmulo de fluido ao redor de Seus pulmões - condição médica chamada efusão pleural, resultante do brutal açoitamento.
No Calvário, os soldados lançaram dados para disputar quem ficaria com Suas vestimentas, e o vencedor descobriu que elas estavam grudadas às inúmeras lacerações causadas pelo açoitamento. O soldado agarrou as vestes e arrancou-as violentamente. Jesus sentiu como se Seu corpo inteiro estivesse em chamas.
A barra horizontal da Cruz foi depositada no chão e Jesus foi colocado sobre ela, com três homens imobilizando-O; um deles, em cima do Seu peito. Isto trouxe uma dor terrível e mais dificuldade para respirar, pelos danos causados às paredes da caixa toráxica, devido ao açoitamento.
Jesus ... em agonia!
Enquanto os soldados o seguravam, um prego grande e quadrado foi fincado através da palma da Sua mão, na proeminência muscular localizada na base de Seu polegar... o prego penetrou no nervo mediano, causando uma das piores dores que um ser humano pode sofrer, chamada causalgia.
Durante a Primeira Guerra Mundial, soldados que sofriam ferimentos no nervo mediano, devido a estilhaços de granadas e bombas de fragmentação, entravam em choque profundo, se não fossem medicados imediatamente. Apesar da exaustão, Jesus se contorcia e lutava: a dor era insuportável e queimava como se um raio tivesse atravessado Seu braço.
A segunda mão foi pregada à trave da mesma maneira... Jesus então, foi forçado a ficar de pé, com Suas mãos pregadas à barra. Seus joelhos dobraram. Dois soldados levantaram cada extremidade da barra enquanto outros dois agarraram Jesus ao redor de Seu corpo. Então, eles colocaram a barra no encaixe que havia sido escavado no topo da estaca. Enquanto seguravam Jesus pela parte inferior de Seu corpo, dois membros do quaternio dobraram Seus joelhos e forçaram Seus calcanhares contra a estaca, até que eles ficassem firmementes apoiados à Cruz.
Um dos homens fincou um prego em cada pé, enquanto um outro homem mantinha-os seguros sobre a Cruz. A dor era excruciante ... Jesus ... em agonia! Ele estava completamente exausto, com falta de ar e sofrendo dores terríveis. Sua língua grudou-se ao céu da boca, que estava repleta de muco espesso. O suor porejava de todo o Seu corpo, deixando-O encharcado e Seu rosto assumiu uma coloração pálida e amarelada.
Sua respiração tornou-se menos profunda e mais rápida, e fortes cãibras dominaram Suas panturrilhas. Isto obrigou-Lhe a contorcer-Se, curvar e arquear Seu corpo para tentar estender as pernas e aliviar as cãibras.
As dores eram profundas e dilacerantes, como se uma corrente elétrica atravessasse seus braços e pernas, irradiando-se dos pregos nas mãos e nos pés; através de Seu rosto, pela irritação causada pelos espinhos da coroa; as dores excruciantes do açoitamento, o grande impacto recebido sobre os ombros, as cãibras intensas nas panturrilhas e a sede extrema uniram-se para causar uma sinfonia de dores implacável.
"Eloí, Eloí, lamá sabactâni?, que quer dizer Deus meu, Deus meu, porque me desamparaste?"
(Marcos 15:34)
Depois de várias horas de agonia insuportável na Cruz, Jesus clamou em voz alta:
"Pai, nas tuas mãos entrego o meu espírito!".
E tendo dito isto, expirou.
(Lucas 23:46)
(Excertos do livro: Crucificação de Jesus - Frederick T. Zugite)