segunda-feira, 22 de março de 2010

A educação da caridade

A educação da caridade


Não se trata de tornar nossos filhos "santinhos como imagens". Uma criança não foi feita para ser uma "imagem". Foi feita para ser agir, para arcar um dia com pesadas responsabilidade, e devemos prepará-la para isso.

A criança foi criada pelo amor. Foi pelo amor concebida. É para amar a Deus e aos homens que está na terra. É amando que preencherá mais perfeitamente sua missão. É a delicadeza de seu coração e a intensidade de sua caridade que determinarão o valor de sua alma e a fecundidade profunda de sua vida.

Os pais cristãos devem cuidar da educação da caridade dos filhos como um dos elementos essenciais de sua missão. Infelizmente há poucos pais que disso cogitam. O primeiro mandamento é ou não o do amor? A caridade é a virtude cristã por excelência, a que resume toda a lei e sem a qual as outras virtudes nada são...

É o amor ao próximo, com tudo quanto comporta de espírito de sacrifício, que constitui a melhor prova de amor a Deus. Por força da graça do batismo e da confirmação, nosso filhos são chamados a se tornar apóstolos no meio em que tiverem de viver. Mas não poderão agir se, na idade em que se formam os traços do pensamento, não se desenvolverem neles reflexos de caridade e, em particular, o cuidado pelos outros.

A educação da caridade é tanto mais necessária quanto a criança é em si mesma egocêntrica. Tende a ser o centro do mundo e gostaria de ver todos a seus pés. O "primeiro eu", quando não seja o "eu e mais ninguém", é o grito instintivo desse frágil ser que sempre receia fracassar.

Mas, ao mesmo tempo, há nele possibilidades surpreendentes de generosidade, quando sabemos despertar-lhe o "bom coração"...

Para desenvolver na criança a caridade e a bondade, nada melhor, ainda aí, do que o exemplo dos pais e mestres. Mostrai-vos bons, benevolentes, generosos para os pobres, todos os que sofrem e, de uma maneira geral, o que se convencionou chamar de "próximo". Sempre que possível, prestai serviço, mostrando-vos felizes em fazê-lo. Que nisso colaborem mesmo os vossos filhos na medida de suas forças.

Mostrai que considerais uma pena não poder ajudar tanto quanto queríeis os que sofrem. Que nunca na hora das refeições sejam criticados os ausentes. Que em vossa casa a principal preocupação seja a de semear a felicidade; esse clima autêntico de caridade realizará coisas maiores do que os mais belos sermões.

Na vida de todos os santos verifica-se que eles pertenceram a uma família que honrava a caridade: vide, por exemplo, a influência do Cura d'Arc ... de Santa Teresa do Menino Jesus.

Dar a conhecer, desde cedo, às crianças a realidade da miséria. Aproveitar-se disso para lhes ensinar a evitar todo o desperdício, porém, mais ainda a praticar a arte da partilha. Sempre que possível, fazei dos vosso filhos os intermediários da vossa caridade, e pouco a pouco encorajai-os a dar parte das suas próprias pequenas economias.

... Honrar no espírito das crianças os heróis da caridade cristã; mostrar-lhes, além disso, que a caridade não é uma virtude menor para pessoas fracas, mas que pelo contrário exige valor, pois com freqüência se trata de sacrificar-se quando alguém se dedica a outrem. A caridade é mais forte do que a violência porque obtêm êxito quando a força fracassa.

Habituar as crianças a descobrir o que há de bom nos que os cercam; a substituir imediatamente, por um ato positivo de caridade, qualquer sentimento de má vontade que pudesse nascer em seus corações. Habituá-las a dirigir mentalmente, todas as manhãs, no momento das orações, um pensamento de boa vontade a todas as pessoas que encontraram durante o dia.

(Excertos do livro: A arte de educar as crianças de hoje - Pe. G. Courtois)

PS: Grifos meus.