Vossa alma: Seu ideal
“Vibra, luta, sofre, ama, morre!”
O ideal é a flama do nosso pensamento, que brilha e ilumina toda a nossa vida; é farol que devemos sempre manter e tornar cada vez mais luminoso, a fim de que a sua simples presença baste para nos conduzir ou nos reconduzir pelo reto caminho.
O ideal é uma força, a grande força; é uma paixão, e por conseguinte uma potência. Já o teremos sentido muitas vezes em seguida a um contato mais intimo com Deus, num retiro, após uma grande emoção. Tem-se ele posto a brilhar vasto e profundo, no céu de nossa alma, condensando todas as idéias numa só, e encarnando-se numa resolução mais enérgica e mais firme.
O ideal é como um sol que ilumina e aquece toda uma vida, que faz ver claro e belo na existência, e que a transforma. Apagai esse sol, todo o vosso ser recairá na sombra, ficareis triste, sentireis frio. Pelo contrário, deixai-vos empolgar, deixai-vos hipnotizar por ele: sua influência ser-vos-á preciosa, pois ele vos fará andar na luz e num vida intensa.
O ideal é a isca de que Deus se serve para atrair a Si! É alguma coisa que os olhos não vêem, que os sentidos não tocam, mas que brilha, alumia e guia. É como que um reflexo escapado ao sol divino. Sem ele, a alma não vive, vegeta; não anda, arrasta-se; não sobe, hesita, escorrega e cai. Mas com ele, e sempre mais bem excitada pela sua claridade, eleva-se, arroja-se e atinge até à beleza suprema.
Precisais de um ideal
Nos nossos dias, muitas vezes falta à juventude o ideal. Muitas almas se obstinam em permanecer banais, e cingem seus esforços a seguir a rotina tranqüila por onde passa a multidão ...
O Pe. Vuillermet, dirigindo-se a moços, lhes diz:
“Precisamos de uma estrela polar, para a qual, mesmo nas horas mais sombrias, possamos dirigir os nossos olhares. Nossa vida necessita de um escopo preciso, de um centro único, que sirva de ponto de junção para todos os surtos generosos de nossa alma. Tende sempre diante dos olhos um ideal, contemplai-o, estudai-o, deixai-vos empolgar por ele! Amai-o apaixonadamente, loucamente. Então, estendidas todas as velas ao vento que sopra do largo, ganhai o alto mar! É o único meio de fazer alguma coisa e de ser alguém.
Onde irmos findar, com efeito, se não temos finalidade? Nada acharemos se nada procurarmos. Semelhantes ao navegador imprudente que toma o mar numa noite sombria, sem levar nem mapa, nem bússola, andaremos na vida sem sabermos aonde vamos, impelidos pelo capricho e arrastados pelas influências mais contraditórias. Ter um ideal é ter uma razão de viver, é também um meio de viver uma vida mais plena e mais alta.”
Onde irmos findar, com efeito, se não temos finalidade? Nada acharemos se nada procurarmos. Semelhantes ao navegador imprudente que toma o mar numa noite sombria, sem levar nem mapa, nem bússola, andaremos na vida sem sabermos aonde vamos, impelidos pelo capricho e arrastados pelas influências mais contraditórias. Ter um ideal é ter uma razão de viver, é também um meio de viver uma vida mais plena e mais alta.”
Qualidades desse ideal
a) Seja belo o vosso ideal, seja grande, seja sublime! Deixai o vosso coração apaixonar-se dele, isso vos permitirá ser menos tentada pelas miragens enganadoras das cobiças humanas. Deixai-o dilatar vossa alma e transportá-la para bem alto, lá onde aspirareis o ar puro dos píncaros. Então vereis a vossos pés as mil vaidades da terra; e se um dia vos der o desejo de tornar a descer a ela, dizei-vos que para isso será preciso abaixar-vos!
b) Seja verdadeiro o vosso ideal, segundo a vossa condição, as vossas forças e o vosso temperamento. Seja simples e bem determinado. Tanto quanto possível, fazei-o convergir para em torno da vossa virtude dominante; é a vossa principal força e o vosso poder mais precioso.
c) Enfim, seja claro, brilhante, luminoso o vosso ideal, nada de esbatido nem de vago; concretizai-o, se o puderdes, em algumas palavras, numa fórmula, num lema.
- “Deus o quer”, diziam os cruzados, e essas três palavras levantaram a Europa.
- “Ou sofrer ou morrer”, dizia Santa Teresa, e ela morreu de amor!
- “Meu Deus, meu dever, e avante!” diz o cristão.
- “Passar os mares, salvar uma alma, morrer mártir”, diz o missionário.
Eis aqui o lema que uma moça. Ardente e generosa, adotou ao sair de um retiro:
“Vibra, luta, sofre, ama, morre!”
Vibra, isto é, não sejas um ser sem vida, sem impulsos, sem ideal! Porém, qual harpa eólia, desfira tua alma, sob o arco divino ou mesmo, às vezes, sob a rude carícia do sofrimento, sons ao mesmo tempo possantíssimos e dulcíssimos.
Luta, isto é, não esqueças que, se “a vida do homem é um combate”, como diz a Escritura, a vida de um jovem cristã deve ser cheia de lutas também, e tanto mais numerosas quanto mais profundamente apegadas à sua fé e ao seu dever quiser ela ser. Lutas exteriores, lutas íntimas (as mais duras!). Seu coração será um verdadeiro campo de batalha, mas é isso que faz bem e que forja as almas!
“Vibra, luta, sofre, ama, morre!”
Vibra, isto é, não sejas um ser sem vida, sem impulsos, sem ideal! Porém, qual harpa eólia, desfira tua alma, sob o arco divino ou mesmo, às vezes, sob a rude carícia do sofrimento, sons ao mesmo tempo possantíssimos e dulcíssimos.
Luta, isto é, não esqueças que, se “a vida do homem é um combate”, como diz a Escritura, a vida de um jovem cristã deve ser cheia de lutas também, e tanto mais numerosas quanto mais profundamente apegadas à sua fé e ao seu dever quiser ela ser. Lutas exteriores, lutas íntimas (as mais duras!). Seu coração será um verdadeiro campo de batalha, mas é isso que faz bem e que forja as almas!
Sofre. A luta acarreta o sofrimento, pois há sempre dentro de nós algo que se recusa ao combate. Além das dores que a vida nos traz, e ante as quais importa saber pronunciar não somente o “Fiat” da resignação, mas o “Obrigado” do amor, há outras que a alma que vibra, que luta e que ama quererá se impor, porque não se pode amar sem sofrer, e o sacrifício é o perfume e a assinatura do amor.
Ama. Sim, ama a Deus, ama teu próximo, ama os pobres, ama os infelizes, ama as almas! Ama, isto é, sai de ti, deixa teu coração prodigalizar em torno de ti seus eflúvios, sê a alegria, o sorriso, o raio de sol daqueles com quem deves viver. Como aquele mártir cuja língua haviam cortado e que com seu sangue escrevia na areia “Credo”, escreve tu em tua vida, por teus atos: “Meu Deus, eu vou amo!”
Morre. Quando se passou a vida a sofrer, a luta, a amar, a morte já não deve mais meter medo. Ela é “o Eco da vida”, o trânsito para um existência melhor, onde Deus nos espera com a coroa reservada para quem combateu bem: a aproximação dela traz, antes, a alegria e como que um antegozo da felicidade celeste.
(Excertos do livro: A Formação da donzela - Pe. José Baeteman)