sexta-feira, 5 de março de 2010

Definição de educação

Definição de educação


Que quer dizer a palavra educação?

Etimologicamente, a palavra educação significa, mais ou menos, o mesmo que a palavra criação. Educar, do latim educere, “é quase criar, é como tirar do nada é, pelo menos, despertar do sono e da letargia as faculdades adormecidas, é dar a vida, o movimento e a ação a uma existência ainda imperfeita” (Mons. Dupanloup)

Educar é fazer que alguém se desentranhe de si mesmo; é fazer duma criança um homem um cristão, dum cristão um santo, eleito” (Mons. Pichenot).

Não haverá uma palavra ainda mais expressiva do que aquela?

Sim, e uma palavra bem portuguesa. Dizemos: enobrecer a juventude; enobrece a alma; enobrecer os sentimentos; enobrecer os pensamentos; enobrecer o caráter, etc.

Como se poderá definir a educação?

"A educação é a arte de cultivar, exercitar, desenvolver, fortificar e polir todas as faculdades físicas, intelectuais, morais e religiosas, que constituem na criança a natureza e a dignidade humana; dar a estas faculdades uma perfeita integridade; elevá-las à plenitude da sua força e da sua ação. E, deste modo, formar o homem, prepará-lo a bem servir a pátria nos diversos cargos sociais, que um dia seja chamado a desempenhar através da jornada da vida; e assim, num alto pensamento, conquistar a vida eterna, enobrecendo a vida presente. Eis a obra e o fim da educação." (Mons. Dupanloup)

Porque se define a educação: A arte de "cultivar"?

Porque, efetivamente, a educação procede como um jardineiro inteligente: coloca numa terra boa a planta que lhe confiam; rega-a com água pura e abundante; arranca as ervas daninhas, que estorvariam a sua vegetação; poda-a na devida altura; vigia o crescimento e como se desenvolve; favorece o desabrochar das flores e dos frutos. Portanto, a educação cultiva (São Paulo chama à alma “o campo de Deus; Dei agricultura estis” – I Cor. III –9)

Porque se define a educação: a arte de "exercitar"?

Porque a educação não é somente um meio de agir; é ainda o recurso e a obrigação de fazer agir; não é só obra da autoridade, é também obra do respeito; exige do educando a colaboração duma docilidade respeitosa: - exercita.

Propõe então ao educando certos estudos, determinados atos e certos esforços; anima-o com persuasão; dirigi-o com sabedoria; numa palavra, fá-lo concorrer eficazmente para a sua própria educação: - e assim é necessário, porque “jamais se educará uma criança sem o seu esforço ou contra a sua vontade”.(Mons. Dupanloup)

Porque se define a educação: a arte de "desenvolver"?

Porque a educação só cultiva, e exercita, age e faz agir, a fim de desenvolver.

E, na verdade, a educação é o desenvolvimento da natureza em tudo o que tem de bom. Por isso, sabiamente disse Fenelon: “Basta contentarmo-nos com seguir e ajudar a natureza”.

A educação deve seguir e ajudar a natureza em todos os terrenos; deve segui-la e ajudá-la sem nunca se deter nem afrouxar; apodera-se do homem e acompanha-o até ao limite da sua carreira.

Porque se define a educação: a arte de "fortificar"?

Porque desenvolver, sem fortificar, equivaleria praticamente a destruir. A educação que não fortificasse seria, pelo menos, vã e enganosa, sem consistência e sem virtude.

O Evangelho indica, aliás, a necessidade deste duplo progresso, falando de Jesus Menino: Puer crescebat et confortabatur (Lucas 1, 80; e 2, 40). O Menino crescia e fortificava-se.

Porque se define a educação: a arte de "polir"?

Porque a educação não é somente para o homem uma necessidade, uma condição de existência; é também uma prenda adorável. Deve suavizar, adornar, embelezar a natureza.

Realmente, a educação bem entendida faceta o espírito, pule o caráter e os costumes; até a virtude se torna mais bela. E a polidez foi sempre um dos mais belos caracteres da educação portuguesa. Não se considera, entre nós, bem educado quem não possui a arte de saber viver.

Porque se fez menção, na definição dada, das faculdades “físicas, intelectuais, morais e religiosas"?

Porque a educação, tomada na sua acepção completa, abrange o homem todo, o seu corpo e a sua alma; esforça-se pela realização do ideal traçado pelos antigos, quando falavam duma alma sã num corpo vigoroso: mens sana in corpone sano (Juvenal)

Esta alma sã é a inteligência bem formada; é a vida moral despojada dos seus defeitos e enriquecida de virtudes; é a vida sobrenatural assegurada, salvaguarda, aperfeiçoada, querida e defendida...

De maneira que a educação, vista em conjunto, compreende cuidados físicos, ensinamento intelectual, uma disciplina moral e uma formação sobrenatural.

De que se trata, afinal, quando se fala da educação?

- Trata-se de formar o homem; o homem com as suas faculdades gerais e as suas qualidades individuais, tal qual o exigem a sociedade e a religião; o homem da razão, de senso e de gosto; o homem de imaginação regrada; o homem de coração; o homem de vontade firme e reta; o homem como foi criado por Deus e regenerado por Jesus Cristo; o homem de fé e de consciência; o homem do seu século e de seus pais, no sentido perfeito destas duas palavras.

 - Trata-se de formar o eleito e o herdeiro do Céu. Joubert, num escrínio de pensamentos delicados e luminosos, escreveu: “Ao educardes uma criança, pensai na sua velhice”.

Mas não é tudo.
O pensamento de Joubert deve ser completado, tomando esta forma: “Ao educardes uma criança, pensai na sua eternidade”.

"Ó jovens mães, na hora bendita em que vós tendes no regaço o entezinho adorado, e em cuja fronte desenhais sonhos fagueiros, pensai bem que não é tão somente um precioso objeto que adornais com esmero; fitai os seus olhos; neles lereis deveres mais austeros. Está escrito que a maternidade é um sacerdócio, um apostolado divino de que Deus vos revestiu; que é preciso fazer da criança, primeiro, um homem e, depois, um eleito do Céu; que, se assim o não fizerdes, melhor seria nunca terdes um filho. Este dever é tão imperioso que São Paulo não hesita em afirmar que a mãe que o esquece é inferior a uma pagã." (Mons. Rosier)

(Excertos do livro: Catecismo da educação - Abade René Bethléem)