segunda-feira, 4 de novembro de 2013

CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS - Parte 3

Nota do blogue: Grifos e negritos meus. Acompanhe esse Especial AQUI.

CONFORMIDADE COM A VONTADE DE DEUS


Composto por
Santo Afonso de Maria Ligório 
e publicado na língua portuguesa pelo 
Revmo. Padre Thomaz Hurst
1913

III.

Porém o grande ponto é abraçar a von­tade divina em tudo quanto acontece, seja agradável ou desagradável às nossas incli­nações. Nas coisas agradáveis, os mesmos pecadores se conformam com a vontade de Deus, porém os Santos unem-se à vontade divina, mesmo quando são desagradáveis e contra o amor próprio. Nisto se prova o nosso amor para com Deus. O padre d’Ávila, dizia: «Uma ação de graças no tempo da tribulação vale mais que mil atos de agradecimento no tempo em que tudo nos prospera

Demais, nós não só devemos unir-nos à divina vontade nas adversidades que dire­tamente nos vem de Deus, como a doença, a desolação do espírito, a pobreza e a morte de nossos parentes, mas também nos casos promovidos pelas criaturas, assim como o desprezo, a perda da reputação, a injustiça os roubos e todas as mais perseguições. Devemos atender, quando sofrermos injú­rias na nossa reputação, honra ou bens, que nosso Senhor não deseja o pecado, que os outros cometem, mas sim a nossa hu­milhação, pobreza e mortificação É certo e de boa fé, que tudo quanto acontece no mundo é por permissão divina: «Eu sou o Senhor, fora de mim não há outro sou o Senhor que faço todas as coisas.» (Isaías XLI. 7.) 

Do Senhor nos vem os bens e os males, porque nos são contrários, mas que realmente são para nós bens, quando os aceitamos de Suas mãos: diz o profeta Amos: «Haverá mal em alguma cidade, que o Senhor não tenha feito?» ( III. 6.) e Salomão diz: «O bem e o mal, a vida, a morte, a pobreza e a riqueza de Deus nos provém.» (Ecl. XI. 14.) É certo, conforme o que eu tenho dito, que quando o homem vos ofende, não é esta ofensa dese­jada por Deus, nem Ele concorre na enaltecia de Sua vontade, mas concorre pelo concurso geral das ações materiais que vos afligem, envergonham ou injuriam, de maneira que a ofensa recebida, é sem dúvida permitida por Deus, e vem de Sua mão. Assim o Se­nhor o disse a David, que Ele seria o autor das injúrias que havia de receber de Absalão: «Levantarei males contra ti, que procederão de tua própria casa; tirar-te-ei tuas mulheres diante de teus olhos, e isto em castigo dos teus pecados.» (II Reis XII. 11) 

Também disse aos Hebreus que, em consequência de suas iniquidades, lhes man­daria os Assírios para os despojarem e arruinarem. «Ai do Assírio, ele é a vara e a espada da minha ira...Eu o mandarei para os despojar.» (Is. X. 5.) Santo Agostinho assim explica isto: a impiedade dos Assírios foi a espada de Deus, para cas­tigo dos Hebreus. E o mesmo Jesus Cristo disse a São Pedro, que a Sua morte e paixão não proveria tanto dos homens, como da vontade de Seu Eterno Pai: «Não beberei Eu o cálice que o Pai me deu?» (S. João.XVIII, 11)

Quando o mensageiro (o qual se julga ter sido o diabo) veio dizer a Job, que os Sabeanos, lhe tinham tirado os seus bens e morto os seus filhos, que respondeu o Santo homem? «O Senhor os deu, e o Senhor os levou.» (Jo 21.) Ele não disse: «o Senhor deu-me filhos e bens, e os Sabeanos tudo me tiraram, mas sim: o Senhor m’os deu e o Senhor m’os levou»; porque ele bem sabia que a sua perda fora permitida pelo Onipotente, e depois acrescentou: «Assim como foi do agrado do Senhor, assim se fez: bendito seja o nome do Senhor.» Não de­vemos portanto receber nossos infortúnios, como da mão do acaso ou da malícia dos ho­mens, mas devemos estar persuadidos que tudo quanto nos acontece, é pela vontade de Deus. «Conhecei, diz Santo Agostinho, que tudo quanto no mundo vos sucede é pela vontade de Deus, ainda que seja contrario à vossa.»