Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.
A Mãe segundo a vontade de Deus ou Deveres da Mãe Cristã para com os seus filhos,
do célebre Padre J. Berthier, M.S
Edição de 1927
III - Das recompensas
S.
Jerônimo escrevia a Laeta: «Animai vossa filha, dando-lhe pequenas lembranças,
das que são estimadas na sua idade.» As recompensas são efetivamente um meio
de excitar a emulação entre as crianças. É certo que se não deve, quando são
exortadas a aplicarem-se ao estudo e a praticar as virtudes cristãs,
propôr-lhes a recompensa, como o único meio de fazerem o que se lhes exige;
importa, pelo contrário, fazer-lhes bem sentir a obrigação que temos de
trabalhar por dever, para cumprir a vontade de Deus. Seria dalguma forma
tornar venal a alma de uma criança, habituá-la a não fazer nada, senão com a
promessa de receber alguma coisa; mas quando se sabe usar delas com comedimento
e prudência, as recompensas são úteis: fazem compreender às crianças que
encontramos interesse e estima nos nossos semelhantes, quando nos aplicamos ao
trabalho, e sabemos cumprir os nossos deveres.
Nunca
se deve propor, como recompensa, diz Rollin, nem adornos, nem gulodices, nem
coisas semelhantes. E a razão é óbvia: é que, prometendo-lhes essas coisas, em
forma de recompensa, faz-se que elas as julguem, como coisas boas e desejáveis,
e dessa forma, fazemos-lhes estimar o que devem desprezar. O mesmo direi do
dinheiro.» — «Nunca pude compreender, escreve Mgr. Dupanloup, a religião de
certos pais, que prometem a seus filhos, como recompensa, para o dia da sua
primeira comunhão, relógios e correntes de ouro. O resultado foi, como algumas
vezes vi, que o relógio era nesse dia mais adorado, que o próprio Deus».—
«Podem recompensar-se as crianças, diz Fénelon, com brinquedos, com passeios,
com pequenas lembranças, como quadros, estampas, medalhas, livros dourados», e
especialmente por algumas distrações agradáveis, que sirvam, para lhes alimentar
a piedade, como peregrinações, passeios a um oratório, ou assistência a alguma
solenidade religiosa, nalguma terra vizinha.
Com
as crianças, como nota um judicioso autor, deve haver o cuidado de não faltar
àquilo que se prometeu; doutra forma não tardariam a desprezar tanto as
promessas, como as recompensas, fartas de esperar pelo cumprimento do que lhes
prometeram.