Para aqueles que trabalham para Deus
Aqueles que trabalham para adquirir bens de fortuna, ou para gozar a vida, ou talvez apenas para viverem, têm sobre o trabalho pontos de vistas diferentes dos do homem que trabalha para Deus. A principal característica deste último é que, depois de ter dado o seu esforço, não se compraz, como se tivesse feito algo de extraordinário, ou merecido uma condecoração especial, porquanto tudo quanto fez pertence a Deus.
Não se queixa da parte que lhe coube, nem lastima a sua pouca sorte, como se estivesse a suportar uma espécie de martírio, nem tão pouco aguarda recompensa extraordinária, como se fosse esse o objetivo procurado, e não o serviço de Deus.
A diferença que existe entre aqueles que trabalham para si e aqueles que trabalham para Deus, é a mesma que existe entre o assalariado de uma casa e um filho ou uma filha que trabalham por amor aos seus pais. Quando a vida da mãe está em perigo, não há quem convença um filho ou uma filha a descansar. Todas as normas do dever, da capacidade e da legalidade são ultrapassadas pelo amor.
O amor transforma o trabalho a tal ponto, que pode dizer-se que onde há amor o trabalho deixa de existir. Enquanto um ser humano se limita ao cumprimento das ordens de terceiros, a tarefa torna-se mecânica e metódica; mas, desde que o homem se identifique com o espírito do seu trabalho, desde o momento em que este se transforma na expressão de uma grande idéia, de instrumento de simpatia e de afeto e, mais ainda, quando reveste o caráter de paixão ou de entusiasmo, excede todos os limites mecânicos.
Os doentes encaram o médico de uma maneira muito diferente se, em vez da visita em forma - a visita paga, digamos - ele aparece, dizendo estas palavras:
"Entrei, só para saber como está". Deus Nosso Senhor não tinha palavras de agradecimento para o escravo que, após um dia de lavoura, se sentava à mesa da ceia a resmungar. Aqueles que têm afeto pelo seu amo, não pensam em sacrifício.
Os doentes encaram o médico de uma maneira muito diferente se, em vez da visita em forma - a visita paga, digamos - ele aparece, dizendo estas palavras:
"Entrei, só para saber como está". Deus Nosso Senhor não tinha palavras de agradecimento para o escravo que, após um dia de lavoura, se sentava à mesa da ceia a resmungar. Aqueles que têm afeto pelo seu amo, não pensam em sacrifício.
Não pode chamar-se sacrifício àquilo que é apenas uma pequena retribuição da nossa dívida para com Deus, e que jamais será paga. No momento em que comprazemos com o nosso trabalho, este deturpa-se nas nossas mãos. Começamos então a pensar em nós, e não na nossa tarefa, nas maravilhas que realizamos, em vez das fadigas que se nos deparam e na melhor maneira de as aliviarmos.
Logo que principiamos a queixar-nos da nossa sorte da nossa tarefa, logo que começamos a protestar que o nosso fardo é demasiadamente pesado, tornamo-nos imediatamente incompetentes para o executar, tornamo-lo maior do que realmente é, ao passo que nos sentimos menos competentes para o realizar.
A honestidade de intenção, a pureza e sinceridade dos motivos, a alegria com que empreendemos o trabalho, conta mais para Deus do que o tamanho da tarefa realizada. Ele disse que deveríamos estar contentes, mesmo que tivéssemos de esperar à mesa do amo, depois de havermos lavrado a terra e alimentado o gado.
Chegada, embora mais tarde, a nossa hora de comer e beber, trabalharemos ainda para a Sua Glória, tomando o alimento com satisfação e simplicidade de coração, não apenas por prazer, mas também com o intuito de recuperar novas forças para O servir. A criação, só por si, para não falar na Redenção, coloca-nos numa situação de devedores de Deus que nem os nossos mais corretos credores conseguiriam jamais insentar-nos.
A honestidade de intenção, a pureza e sinceridade dos motivos, a alegria com que empreendemos o trabalho, conta mais para Deus do que o tamanho da tarefa realizada. Ele disse que deveríamos estar contentes, mesmo que tivéssemos de esperar à mesa do amo, depois de havermos lavrado a terra e alimentado o gado.
Chegada, embora mais tarde, a nossa hora de comer e beber, trabalharemos ainda para a Sua Glória, tomando o alimento com satisfação e simplicidade de coração, não apenas por prazer, mas também com o intuito de recuperar novas forças para O servir. A criação, só por si, para não falar na Redenção, coloca-nos numa situação de devedores de Deus que nem os nossos mais corretos credores conseguiriam jamais insentar-nos.
Se os nossos serviços, por grandes que sejam, não conseguem descontar as Suas graças passadas, muito menos poderemos contar com isso para o futuro. Seja qual for o encorajamento que Ele nos conceda, como aditamento à nossa obediência, devemos reconhecê-lo como uma pura dádiva de graça e de amor.
Conta-se uma formosa história sobre o grande Espartano Brasidos. Como ele se queixasse de que Esparta era um pequeno estado, sua mãe observou: "Meu filho, Esparta coube-te em sorte, é teu dever engrandecê-la".
Todos nós somos trabalhadores deste mundo e, sem olhar à sorte que nos cabe, o nosso dever é apenas um, e sempre o mesmo - engrandecê-lo.
(Paz de espírito - Arcebispo Fulton J.Sheen)
PS: Grifos meus.
Todos nós somos trabalhadores deste mundo e, sem olhar à sorte que nos cabe, o nosso dever é apenas um, e sempre o mesmo - engrandecê-lo.
(Paz de espírito - Arcebispo Fulton J.Sheen)
PS: Grifos meus.