O cumprimento do dever é a maior carência de nossos tempos. Desprezados os valores espirituais, impregnados os homens do utilitário, descaiu-se para o egoísmo e o conforto, para o interesse e o dinheiro fácil. Chegou a virtude a desprestígio tal que, se poucos lhe deitam ainda um olhar de admiração, desprezam-na muitos como inútil ou prejudical na vida prática. A fidelidade ao dever, que dava a medida dos homens, não serve mais de padrão. Na confusão dos novos tempos chegou-se a deplorável inversão de valores. A dissolução das inteligências alcançou as vontades. Das mentes sem princípios chegou-se às vontades sem firmeza.
... Já se pune quem o cumpre (o dever), quando contraria aos poderosos do dia. E se galardoam os que transigem, os que se acomodam, os que fecham os olhos, os que "são um jeito", os que traem a consciência, os que desrespeitam a lei, os que se acovardam, os que se vendem, os que rastejam.
Mas a educação há de preparar o homem do dever... É essencial.
Formar homens que ponham o dever acima das comodidades; que o cumpram sem temor nem acepção das pessoas, sem medo às conseqüências, sem fraquezas nem desfalecimentos, sem constrangimentos nem hesitações, mas com o desembaraço e a naturalidade de quem respira e anda. Homens que consultem a consciência e lhe ouçam a voz, seguros e tranqüilos; e que em face do dever, não vejam outra convêniencia senão cumpri-lo.
Forjar homens assim é renovar a face da terra. É o que falta: que cada um cumpra o seu dever. Alegra-se-nos o coração só de pensar como seria o mundo se cada um cumprisse o seu dever.
Mas a beleza da tarefa não logra esconder-lhe as dificuldades crescentes.
(O que fazer de seu filho - Pe. Álvaro Negromonte)
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