Celebrada já no século XVII com grande solenidade pelos servitas, a festa das Sete Dores de Maria só em 1817 foi estendida à Igreja universal, em memória dos sofrimentos que a Santa Igreja padecera na pessoa do Pontífice exilado e detido e depois restituído à liberdade por intercessão da Senhora.
São Pio X elevou-a em 1908 à categoria de 2ª classe e em 1912 fizou-a a 15 de setembro, oitava da Natividade. Assim como a festa das Sete Dores no Tempo da Paixão nos lembra a parte que Maria teve no sacrifício de Jesus, esta no Tempo depois de Pentecostes diz-nos da compaixão que a Mãe do Salvador sente para com a Igreja, esposa de Jesus e com Ele crucificada, e cuja devoção às dores de Maria aumenta nos tempos calaminosos que atravessa.
(Missal Quotidiano e Vesperal - Por Dom Gaspar Lefebvre - 1951 - pág.1605)
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As sete dores:
1ª - As profecias de Simeão sobre Jesus (Lc, 2, 34-35)
3ª - O desaparecimento do Menino Jesus durante três dias (Lc, 2, 41-51);
4ª - O encontro de Maria e Jesus a caminho do Calvário (Lc, 23, 27-31);
5ª - Nossa Senhora vive e presencia o sofrimento e morte de Jesus na Cruz (Jo, 19, 25-27);
6ª - Nossa Senhora recebe o corpo do Filho tirado da Cruz (Mt, 27, 55-61);
7ª - Nossa Senhora contempla o corpo do Filho a ser depositado no Santo Sepulcro (Lc, 23, 55-56).
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Nossa Senhora é Rainha dos Mártires (Por Santo Afonso Maria de Ligório)
Rainha dos mártires pelos seguintes motivos:
- Duração e intensidade de suas dores.
- Nossa Senhora padeceu sem consolo.
Jesus é chamado Rei das dores e Rei dos mártires, porque em sua vida mortal padeceu mais que todos os outros mártires. Assim também é Maria chamada com razão Rainha dos Mártires, visto ter suportado o maior martírio que se possa padecer depois das dores de seu Filho.
São João Evangelista é reverenciado como mártir, não tenha embora morrido na caldeira de azeite fervendo, senão haja saído dela mais robustecido, como diz o Breviário. Para a glória do martírio, segundo São Tomás, basta que uma pessoa leve a obediência ao ponto de oferecer-se à morte. Maria; no sentir do Abade Oger, foi mártir não pelas mãos dos algozes, mas sim pela acerba dor de sua alma.
Duração
Assim como a Paixão de Jesus começou com seu nascimento, diz São Bernardo, também assim sofreu Maria o Martírio durante toda a sua vida por ser em tudo semelhante ao Filho.
Mais iluminada pelo Espírito Santo que todos os profetas, compreendia melhor do que eles as predições a respeito do Messias, registradas na Escritura. Mas sem medida tornou-se essa dor, desde o dia em que a Virgem ficou sendo Mãe de Jesus. Sofreu daí em diante um perene martírio.
Intensidade
Pois entre todos os martírios foi o mais longo e também o mais doloroso. "Ó Virgem bendita, como a amargura do mar excede todas as amarguras, assim tua dor excede todas as outras dores", - desta forma explica Hugo de S. Vítor. E São Bernardino de Sena chega a dizer que a intensidade de seu sofrimento tão aniquiladora foi, que, dividida por todos os homens, bastaria para fazê-los morrer todos, repentinamente. Segundo São Boaventura, as mesmas chagas que estavam espalhadas pelo corpo de Jesus, se achavam todas reunidas no coração de Maria.
Nossa Senhora padeceu sem consolo
Não só ela sofreu dores indizíveis, como também as sofreu sem alívio algum, na Paixão de seu Filho. Padeciam os mártires os tormentos a que os condenavam maus tiranos, porém o amor de Jesus tornava as dores amáveis e suaves.
Quanto mais os santos mártires amavam, pois, a Jesus, menos sentiam os tormentos e a morte. Bastava-lhes a lembrança dos sofrimentos de um Deus crucificado para consolá-los. Podia, porém, nossa Mãe dolorosa achar consolo no amor a seu Filho e na lembrança de seu sofrimento?
Não; justamente esse padecimento era todo o motivo de sua dor. O Filho que vos podia dar consolo era a causa única de vosso penar, e o amor que lhe tínheis constituía todo o vosso martírio. Cada um com o instrumento de seu mártirio, representam-se os mártires: S.Paulo com a espada; S.André com a cruz; S.Lourenço com a grelha. No entanto Maria é representada com o Filho morto, nos braços. Só Jesus foi o instrumento de seu martírio, por causa do amor que lhe consagrava. Ricardo de S.Vítor reduz tudo isso à concisa sentença: Nos mártires o amor era um consolo nos sofrimentos, em Maria, pelo contrário, cresciam as penas e o martírio na proporção do amor.
(Glórias de Maria - Tratado II)