Embora a formação da consciência religiosa suponha o conhecimento do bem e a noção do arrependimento, ela só encontra seu pleno termo no sentimento habitual da presença de Deus. Será a criança muito nova capaz de viver, constantemente, nessa presença? Estamos convencidos de tal coisa. Acreditamos mesmo que, muitas vezes, ela o consegue com mais facilidade do que os adultos freqüentemente distraídos do pensamento de Deus por suas paixões e preocupações temporais.
A criança adquirirá, sem esforço, esse hábito se lhe tivermos ensinado a recolher-se em suas orações e a prever as ocupações do dia durante as quais ela deverá fazer esforços sobre si mesma para que nada, em sua conduta, possa desagradar a Deus. Será preciso ajudá-la a apreciar as obras de Deus, ensinar-lhe a agradecer-Lhe por suas alegrias e a confiar-Lhe suas penas. Em resumo, proceder de modo que ela se volva naturalmente para Deus e Dele faça seu confidente habitual no decurso dos mil incidentes que constituem a trama de sua vida infantil.
Tanto ou mais ainda que a dos adultos, sua vida religiosa deve ser mantida e apoiada sobre práticas. Não haverá recolhimento se não a acostumarmos a ajoelhar-se, a ficar de mãos postas e a baixar os olhos, quando chega a hora da oração. Não haverá respeito para com Deus e a religião, se não o houver para com as pessoas, as igrejas, as imagens e os objetos de culto. Mas para que as práticas exteriores e as atitudes da criança não se transforme em rotina, será preciso constantemente chamar-lhe a atenção e despertar-lhe os sentimentos que devem naturalmente provocar as práticas do culto exterior.
(Pequeno tratado de Pedagogia - Cônego Jean Viollet - págs. 167 e 168)
PS: grifos meus.