Divórcio X Indissolubilidade
Fraqueza X Coragem
Em síntese, para todas as dificuldades conjugais, internas ou externas, materiais ou psíquicas, o divórcio sugere a solução menos digna, menos nobre, menos humana. É o aliado natural de todas as paixões, o inimigo instintivo de todo o sacrifício, o conselheiro de todas as fraquezas e de todas as capitulações vergonhosas. A indissolubilidade trabalha num sentido ascensional, prega a vitória dos obstáculos pela virtude, educa as almas para a luta, desenvolve o domínio de si mesmo, a abnegação a serviço da consciência, exalta todos os valores espirituais.
O divórcio é a tangente do mínimo esforço. E o mínimo esforço, em moral, é a diminuição das forças inibitivas da vontade e o abandono à impulsividade, às tendências inferiores, aos instintos que tiranizam sem lei. A indissolubilidade é a vitória do dever; o divórcio, a soberania do prazer. Uma eleva-nos ao ideal do homem; o outro rebaixa-nos ao nível da animalidade.
"Os divorciados, escreve um professor da escola de Altos Estudos, um e outro não passam de tristes vencidos, escravos, prisioneiros e vítimas do seu comum egoísmo e dis seus mútuos instintos. Já não há lei moral nem convenções sociais, nem ordem ou disciplina que resistam; só o corpo manda, só ele é obedecido. A este Moloch exigente tudo se sacrifica: dignidade humana, governo de si mesmo, primado da razão e da inteligência, exigência da vida social, educação e cultura moral, paternidade e maternidade". (Claude Albert Rouville, em le Divorce, Paris, AMG. 1928)
Por isto, o divórcio entra na legislação e nos costumes de um povo como produto de uma moralidade decadente, e, uma vez introduzido, converte-se logo em fator ativo de mais profunda decomposição social. Não é este caminho que leva a felicidade ao seio das famílias. As desventuras conjugais nascem de paixões mal dominadas, e o divórcio não é escola de disciplina moral.
A mulher e o divórcio
Dos cônjuges que o divórcio infelicita, a mulher é mais sacrificada que o homem. Com a visível preocupação de angariar as simpatias da outra metade do gênero humano, os mensageiros da nova ordem deslocam-se em esforços literários pra preconizar o divórcio como o grande benfeitor da mulher. É a sua emancipação, a proclamação de igualdade dos sexos, a arma jurídica que as esposas poderão brandir contra a prepotência e brutalidade dos maridos. E há ingênuas que se deixam seduzir, e há mulheres, honestas ou não, que partem, lança em riste, a combater em prol da ilusão fatal.
Porque ilusão é, e evidente. Antes de tudo, no divórcio, a mulher é vítima de uma injustiça.
"O casamento é uma sociedade natural e não uma associação comercial. As cotas não são iguais; o homem entra com a proteção de sua força, a mulher com as exigências de sua fraqueza. Em caso de separação, não são iguais os resultados. O homem sai com toda a sua autoridade; a mulher não sai com toda a sua dignidade; e de tudo que levou para o casamento, pureza virginal, juventude, beleza, fecundidade, consideração, fortuna, em casos de dissolução, só poderá retomar o seu dinheiro".
(De Bonald, Du Divorce, p.297)
Muitos séculos antes, já S.Tomás havia denunciado esta lesão à eqüidade natural.
"Si quis mulierem assumens tempore juventutis, quo et decor et fecunditas ei adsunt, eam dimittere posset postquam aetate provecta fuerit damnum inferret mulieri contra naturalem aequitatem". (Summa contra Gentes, 1. III, c. 123)
(O divórcio - Pe. Leonel Franca - págs. 49 e 50)
PS: grifos meus.