sábado, 19 de setembro de 2009

A mulher moderna - Pio XII

O dever da mulher aparece nitidamente traçado pelos lineamentos, pelas atitudes, pelas faculdades peculiares ao seu sexo. Colabora com o homem, mas no modo que lhe é próprio, segundo sua natural tendência. Ora o ofício da mulher, sua maneira, sua inclinação inata, é a maternidade. Toda mulher é destinada para ser mãe; mãe no sentido físico da palavra, ou em um significado mais espiritual e elevado, mas não menos real.

A este fim o Criador ordenou todo o ser próprio da mulher, seu organismo, mas também seu espírito e sobretudo sua especial sensiblidade. De modo que a mulher, verdadeiramente tal, não pode de outro modo ver nem compreender a fundo todos os problemas da vida humana, senão com relação à família. Por isto o sentido agudo de sua dignidade a coloca em apreensão cada vez que a ordem social ou política ameaça prejudicar sua missão materna, em favor da família.

Tais são hoje, infelizmente, as condições sociais e políticas: elas poderiam se tornar ainda mais incertas para a santidade do lar doméstico e portanto para a dignidade da mulher. A vossa hora soou, mulheres e jovens católicas: a vida pública tem necessidade de vós: a cada uma de vós, pode-se dizer: "Tua res agitur".
Que desde muito tempo os acontecimentos públicos tenham-se desenvolvidos de modo não favorável ao bem real da família e da mulher, é um fato inegável. E para a mulher, voltam-se vários movimentos políticos, para ganhá-la à sua causa. Alguns sistemas totalitários colocam diante de seus olhos magníficas promessas; igualdade de direitos com os homens, proteção das gestantes e das pasturientes, cozinha e outros serviços comuns que a libertarão do peso das obrigações domésticas, jardins públicos para a infância e outros institutos, mantidos e adiministrados pelo Estado e pelos próprios filhos, escolas gratuítas, assistência em caso de doenças.

Não queremos negar as vantagens que podem ser tiradas de uma e de outra destas providências sociais, se aplicadas nos devidos modos. Permanece, porém o ponto essencial da questão, a que já acenamos: a condição da mulher, com isto se tornou melhor? A igualdade de direitos com o homem, trazendo o abandono da casa onde ela era Rainha, sujeita a mulher ao mesmo peso e tempo de trabalho. Desprestigiou-se a sua verdadeira dignidade e o sólido fundamento de todos seus direitos, quer dizer, o caráter próprio de seu ser feminil e a íntima coordenação dos dois sexos; perdeu-se a vista o fim desejado pelo Criador para o bem da sociedade humana e sobretudo pela família. Nas concessões feitas à mulher, é fácil de perceber, mais que o respeito de sua dignidade e de sua missão, a mira de promover a potência econômica e militar do Estado totalitário, do qual tudo deve inexoralmente ser subordinado.

De outra parte, pode talvez a mulher esperar o seu bem-estar verdadeiro de um regime de predominante capitalismo?


... Recolocar o mais possível em honra a missão da mulher e da mãe, no lar: tal é a palavra que de tantas partes de levanta, como um grito de alarma, como se o mundo se despertasse quase aterrado pelos frutos de um progresso material e técnico, do qual se mostrava antes tão orgulhoso.
Eis a mulher que, para aumentar o salário do marido, vai ela também trabalhar na fábrica, deixando durante sua ausência a casa no abandono, e esta, talvez já suja e pequena, torna-se também mais miserável pela falta de cuidado; os membros da família trabalham cada um separadamente, nos quatro ângulos da cidade e em horas diversas: quase nunca se encontram juntos, nem para o jantar, nem para o repouso depois das fadigas do dia, ainda menos para as orações em comum. Que permanece da vida da família? e quais os atrativos que podem ser oferecidos aos filhos?

A estas penosas conseqüências da falta da mulher e da mãe no lar, ajunta-se outra ainda mais deplorável: ela diz respeito à educação, sobretudo da jovem e sua preparação para a vida real. Habituada a ver a mãe sempre fora de casa e a própria casa tão triste no seu abandono, ela será incapaz de encontrar aí qualquer fascínio, não provará o mínimo gosto pelas austeras ocupações domésticas, não saberá compreender a nobreza e a beleza das mesmas, nem desejará um dia dedicar-se a isso, como esposa e mãe.

Isto é real em todos os graus sociais, em todas as condições de vida. A filha da mulher mundana, que vê todo o governo da casa deixado nas mãos de pessoas estranhas e a mãe ocupada em ocupações frívolas, em fúteis divertimentos, seguirá seu exemplo, quererá emancipar-se o quanto antes, e segundo uma bem triste expressão "viver a sua vida". Como poderia ela conceber o desejo de ser tornar um dia uma verdadeira "domina", isto é, uma senhora da casa em uma família feliz, próspera e digna?

(Pio XII e os problemas modernos - Parte do discurso de Pio XII à juventude Feminina de Ação católica, 24 de abril, 1943)

PS: grifos meus