- Escute, meu bem: eu obedecerei a você, unicamente, nas coisas que forem razoáveis e aprovadas por Deus. - assim me dizia minha ilustre esposa. Mas porque, ao mesmo tempo, se julgava árbitra do que era razoável e permitido por Deus, ficou minha autoridade reduzida a figura de retórica. De resto, porém, tenho uma mulherzinha adorável. Assim vem classificada por um marido a usurpadora da autoridade na família.
De fato, esta senhora achou uma boa saída para seguir a própria cabeça. Digamos, porém, que o fez para seu juízo e desdouro da sujeição cristã na família. Se os filhos a imitassem ,ela veria a autoridade materna reduzida a zero. Será, por ventura, o marido incapaz de saber o que é razoável e lícito aos olhos de Deus?
Outra sorte de esposas há que usurpam a autoridade à força de meiguices e carinhos e até de caretas. Desarmam proibições, arrancam licenças, impedem ordens, porque o esposo se vende por pouca coisa. Essa abdicação feita pelo marido deixa a família à mercê de muita coisa incoveniente. Não faltam as que, de armas na mão, conquistam a autoridade. Para cada exercício de autoridade travam uma escaramuça, discutem, tomam ares de vítima, alegam a independência de outras, têm crises de nervos. Desejoso de se ver livre desses conflitos permanentes, o marido renuncia ao mando, fonte de discórdia. Prefere fechar os olhos e deixar a revoltosa seguir seus caminhos e por eles levar os filhos.
Que erro, cheio de consequências perigosas!
Precisa a mulher ocupar-se com outros, mas também sente-se feliz ao ver que outros se ocupam com ela. E a autoridade, com a vigilância e direção que ostenta, é um pensamento contínuo do marido sobre sua esposa ... Não se sente feliz a mulher que encontra um esposo frouxo e fraco, que nada exige e em nada a dirige. O contrário se dá ao ver-se ao lado de um homem que sabe ser exigente e viril, cheio de iniciativas, com ares de senhor que lhe pede sacrifícios e conta com o seu devotamento.
Mas eu não terei autoridade alguma? pergunta a leitora intrigada. Sim, terás aquela que tua doçura, inteligência, paciência, superioridade moral te conceder...
(As três chamas do lar - Pe. Geraldo Pires de Souza)