OS DEVERES DO PAI
Os deveres do pai para com os filhos são grandes, e visam fazer desses bons cristãos, cidadãos úteis ao país, eleitos para o Céu.
Educação – O corpo é feito para a alma, e a alma para Deus, que deve esclarecer com as Verdades da Fé e orná-la com sua santidade. Á mãe cabe começar essa educação religiosa, ao pai completá-la e firmá-la.
Sua palavra contém a graça suplementar da autoridade e da força. O exemplo da mãe convence, o do pai arrasta. O pai deve, portanto procurar antes de tudo dar a seus filhos uma educação cristã, como base sólida e indispensável de todo estado honesto e dum futuro risonho. Deve velar com especial cuidado no que diz respeito as escolas e casas de educação, às quais quer confiar a inocência e a fraqueza dos filhos. A inocência de vida e a pureza da fé valem mais que todas as riquezas do século; são preferíveis a todas as dignidades, a todas as ciências isentas destes dois tesouros iniciais.
Correção – O dever da correção consiste em corrigir os defeitos da criança; em precavê-la contra o escândalo; em zelar suas amizades.
A criança tem inúmeros defeitos. Os vícios se vão desenvolvendo com a idade. O importante é surpreendê-los de início, e observá-los com constância. A correção duma criança deve ser:
- Calma, para ser justa. A correção infligida no impulso da indignação ou cólera é antes prejudicial que útil.
- Razoável, isto é, proporcionada à culpa. É melhor moderá-la a torná-la severa demais. Assim procede a Misericórdia de Deus para conosco. O essencial na correção é fazer ver ao menino a razão, o pesar e o mal de sua culpa, a fim de formar o seu espírito ao ódio do mal, e à estima e ao amor do bem.
- Cordial. O coração do pai se fará sempre sentir, até nos castigos mais severos, para facilitar a volta humilde e contrita da criança, e para que o culpado perceba o amor do pai, obrigado, por dever, a repreendê-lo e puni-lo, para o seu próprio bem.
- Digna. O pai é chefe e deve honrar e fazer honrar em si a autoridade divina. Se, por um lado, convém evitar a excessiva severidade, que abate e desanima, por outro lado há de precaver-se ainda contra a fraqueza, que gera o desprezo. Seja o pai digno em suas palavras, nobre na espera paciente da conversão, bom na graça do perdão.
O pai deve defender seus filhos contra o escândalo, que desperta na criança a idéia adormecida do mal. É-lhe, pois, dever imperioso preservar o menino das feridas mortais, pois a ignorância curiosa, a fraqueza, o amor-próprio de imitação, tornam-no rapidamente culpado.
O pai será rigoroso na proibição de livros perigosos, pois deixam uma impressão indelével. Será categórico em se tratando de más companhias, pois a mais sólida virtude não resiste por largo tempo a tão funesto escolho.
Feliz da criança a quem uma mão firme e boa guia durante o despertar das paixões, sustentando-a nos primeiros combates. Há de bendizer para sempre o coração que a salvou, preservando sua virtude dum naufrágio triste e infeliz. Tal bem é mais precioso que a própria vida.
(São Pedro Julião Eymard - A Divina Eucaristia - Vol V - págs. 126 a 128)