quarta-feira, 3 de outubro de 2012

O Sol d’Aquino

Nota do blogue: Agradeço uma alma generosa pelo envio da poesia. Deus lhe pague!


Não quero ao astro que esplendente envia
Aos espaços a bela luz do dia,
Sonoro hino cantar;
Meu canto há-de elevar-se melodioso,
Em loa dum sol ainda mais formoso,
Da Igreja inextinguível luminar.
São meus cantares para o sol d’Aquino,
Cujos reflexos de fulgor divino
São puro rosicler;
Para o sol que se ostenta rabicundo
E está glorioso a iluminar o mundo
Com a plácida luz do seu saber.
Astro deslumbrador! Eu bem quisera
Voar contigo pela azul esfera
E teus passos seguir,
Eu bem quisera ver o teu oriente
E banhado em caudais de luz fulgente
A extensão da tua órbita medir.
Lindo sol! ao surgir na Média Idade
Toda a Europa a boiar em claridade
Divino te chamou;
E ao contemplar teu disco fulgurante
A luzir qual riquíssimo diamante
O mundo sem ocaso te aclamou.
Há gelo, que resista a teus ardores,
E sombra que amorteça teus alvores
Seu véu ao projectar?
Ai do gênio malvado que presuma
Teu brilho diamantino, com a bruma
Do seu bafo mortífero, embaciar!
Do cristianismo em terras florentíssimas,
Espalhou umas trevas espessíssimas
A heresia d’Albi;
Mas foram bem depressa dissipadas
Pelas agudas setas inflamadas
Vistas desprenderem-se de ti.
Qual erupção de fogo e a lava ardente
Que brota das entranhas do rugiente
Vulcão assolador,
As hostes encerradas no antro fero,
Surgiram ao conjuro de Lutero
Para abrasar o templo do Senhor.
Então divino sol, com luz radiante,
Contra o teu monstro, vibraste rutilante
Teu dardo celestial;
A verdade que brilha em teus escritos,
Confundiu os prosélitos malditos
Do cisma, que abortou gênio do mal
Proteu mil várias formas imitando,
Um novo monstro horrível e nefando
A heresia gerou;
O averno, removendo o fundo abismo,
E batalhão audaz do modernismo
Contra a Igreja de Cristo arremessou.
Mas, tu fúlgido sol forte investindo
E com teu vivo dardejar ferindo
Este monstro sem dó,
Circundante de luz da Igreja a fronte,
O modernismo ímpio, falaz, bifronte,
Tornando vil e desprezível pó.
Glória, pois, a ti, belo sol d’Aquino
Astro admirável de esplendor divino
Amplíssimo clarão!
Tu brilharás sempre na sacra história
Envolvendo na tua trajectória
Todos os mundos do saber cristão.
Foco imortal das santas assembléias
E fonte inexaurível das idéias
Por séculos serás;
A par dos Evangelhos como em Trento,
E da Igreja sobre o alto monumento,
Como rosa de luz fulgurarás.
Salve, radiante sol! Eu reverente
No pó soterro minha débil mente
A teu claro luzir;
Do mortal as fraquíssimas pupilas
Não podem desse nimbo em que tu oscilas
À forte claridade resistir.
Oh Esposa do Senhor! Igreja Santa
Um hino a teu Doutor sublime canta.
Coroa ao vencedor!
É teu astro mais belo, é teu luzeiro
Que será sempre para o mundo inteiro
Fonte de luz e manancial de amor.