A
santificação do domingo comporta duas coisas: a cessação do trabalho e a
oração.
Aos
domingos não se pode trabalhar sem necessidade ou por motivo justo: “Trabalhareis
durante seis dias, disse outrora Deus aos israelitas, mas ao sétimo dia não
fareis nenhum trabalho, nem vós nem vossos servos”. Trabalhar aos domingos
é, pois, uma desobediência formal a Deus.
O
trabalho do domingo é um desastre para o corpo, para a alma e mesmo para
a fortuna.
As
máquinas de bronze e de aço não podem trabalhar semanas e meses seguidos.
Forçosamente, de quando em vez, é preciso pararem, repousarem, senão
arrebentam. Não somos de bronze nem de aço, somos de carne. Sem o repouso de
oito em oito dias, dizem os sábios, os homens abreviam consideravelmente sua
vida.
Quereis
ver um povo sadio, forte, alegre? Vede as nações que respeitam o domingo.
Quereis ver um povo doentio, fraco? Considerai os países em que o dia do Senhor
é profanado.
Quanto
à alma, o trabalho ao domingo faz que o homem nem se lembre dela.
Quem trabalha sem cessar torna-se material como a terra que cultiva, como
as máquinas que maneja, torna-se um animal, um bruto.
Notou-se
que os revolucionários, os criminosos têm-se recrutado principalmente entre os
profanadores do domingo.
Afinal
nossos interesses temporais pedem que santifiquemos o domingo.
Se
Deus não constrói a casa, diz o profeta, em vão trabalham os que a edificam.
O
trabalho ao domingo é como o bem mal adquirido, atrasa. Deus não engana. Ora,
disse aos judeus: “Guardareis o dia do Senhor e respeitareis meu santuário:
se fizerdes estas coisas, eu vos darei as vossas chuvas a seu tempo e a terra e
as árvores darão o seu fruto; comereis o vosso pão a fartar e habitareis
seguros em vossa terra. Se, pelo contrário, rejeitardes meus mandamentos,
visitar-vos-ei em minha cólera, vossas árvores, vossos campos, não darão seu
fruto, farei que o céu seja como ferro e a terra como bronze, plantareis
debalde a vossa semente e vossos inimigos a comerão, as feras devorarão vosso
gado, mandarei a peste, a guerra, a fome”. Repousemos, pois, ao domingo e
santifiquemos este dia pela oração.
A
oração obrigatória é a Santa Missa, para quem não tem um motivo justo de
dispensa. Estes motivos são os seguintes: doenças, cuidados de crianças ou de
doentes, grande distância da igreja (mais de uma hora de caminho, a pé), falta
de companhia para senhoras, pobreza tal que a gente não possa se apresentar na
igreja sem se envergonhar.
As
mães que têm crianças pequenas, procurem alguém que possa substituí-las,
para que, pelo menos de vez em quando, possam ouvir a Santa Missa.
Não
esqueçamos que faltar à Missa por descuido, por preguiça, é pecado grave.
Mau sinal, péssimo sinal, perder a Missa aos domingos. Enquanto o homem
aos domingos veste a roupa limpa, toma o caminho da igreja, assiste ao
santo sacrifício, ouve a palavra de Deus, há esperança. Embora este homem
se tenha desviado de Deus, um dia voltará para ele.
Mas,
quando o homem chegou a este ponto de embrutecimento que não faz mais distinção
entre dia de serviço e dia de domingo, não há mais esperança. Não é mais
cristão, não é mais homem, é animal. É a perda da alma, é o inferno.
Que
dizer agora dos que não só profanam o dia do Senhor pelo trabalho e a perda de
Missa, senão pelo pecado propriamente dito. Infelizmente, para muitos, o
domingo é o dia do pecado, da embriaguez, do jogo, do escândalo.
Que
crime! Roubar a Deus o dia que ele reservou para sua glória e para nossa
salvação, e consagrá-lo a Satanás pelo pecado!
O que digo do
domingo, digo-o das festas que, muitas vezes, em lugar de serem festas dos
santos, são festas do demônio, pela devassidão. Assim é que outrora os judeus
celebravam os domingos e as festas e por isso Deus lhes disse: “Eu tenho
horror de vossas festas, lançar-vos-ei em rosto as imundícies de vossas
solenidades”. O que Nossa Senhora e os santos esperam de nós nos seus dias
de festas não são músicas, foguetes, danças, jogos, orgias, mas orações
fervorosas, confissão, comunhão. Só assim nos tornamos merecedores de seus
favores.
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Continua com a quarta porta: A Embriaguez
As 7 Portas do Inferno: Introdução
Primeira porta: A Impureza
Segunda Porta: O Furto
Trecho
do Livro: O Pequeno Missionário - Manual de Instruções,
Orações e Cânticos coordenado pelo Pe. Guilherme Vaessen, Missionário da
Congregação da Missão - 6a. Edição, Editora Vozes, 1953.