Não erreis, disse São Paulo, os
impuros não herdarão o céu. A impureza é o amor desregrado dos prazeres da
carne. Pensar voluntariamente em coisas desonestas; desejar praticar, ver,
ouvir coisas escandalosas; dizer palavras, ter conversas imorais, ler
livros obscenos, olhar gravuras, espetáculos, pessoas indecentes; permitir-se
consigo ou com outras pessoas liberdades criminosas; praticar no sacramento do
matrimônio o que a moral cristã proíbe... são pecados contra a pureza.
Dirão
alguns: isso é pecado pequenino. Pequenino? Mas é pecado mortal. Diz
Santo Antonino que é tal a corrupção que faz lavrar este pecado, que nem
os próprios demônios podem sofrê-lo, e acrescenta o mesmo santo que, quando se
cometem semelhantes torpezas, até o demônio foge de vê-las.
Considerai agora o
horror que causará a Deus aquela pessoa que, como diz São Pedro, semelhante ao
suíno, se revolve no lodaçal deste pecado. Dirão ainda os escravos da impureza:
Deus é misericordioso, conhece a fraqueza da carne. Pois ficai sabendo que,
conforme o relata a Escritura, os mais terríveis castigos que Deus descarregou
sobre o mundo foram as punições deste pecado.
Abramos, com efeito, a
Escritura. O mundo está ainda no começo e já os homens estão corrompidos,
carnais impudicos. Deus se arrepende de ter criado o homem e por isso toma a
resolução de o exterminar. Abre as cataratas do céu, a chuva cai durante
quarenta dias e quarenta noites, as águas sobem até cobrirem as montanhas mais
altas, e a humanidade morre afogada, abismada nas águas do dilúvio. Só escapam
oito pessoas, a família de Noé que, sozinho, guardara a castidade.
Será pecado leve? Que
lemos ainda na Bíblia? Havia na Palestina cinco cidades célebres pelo seu
comércio, suas riquezas, mais célebres, ainda, pela sua corrupção espantosa.
Naquelas cidades cometiam-se pecados de que nem se pode dizer o nome, pecados
sensuais contra a natureza, pecados horrorosos que infelizmente se cometem
hoje, depois de dois mil anos de cristianismo. Que fez Deus? Mandou chover
sobre aquelas cidades uma chuva, não mais de água, mas de fogo e de enxofre,
que reduziu a cinzas as cidades e os habitantes.
Não satisfeito, Deus
mandou à terra que se abrisse e ao inferno que engolisse os restos infames de
Sodoma e Gomorra.
Que nos diz ainda a
Sagrada Escritura? Que outrora Deus mandava queimar vivo a quem cometia
semelhantes pecados e até aos casados que profanavam o matrimônio pelo crime
horrendo do adultério. Este pecado de adultério, depois do assassínio, o mais
grave de todos os pecados contra o próximo, foi sempre considerado até pelos
pagãos como um crime digno de todos os castigos. Os antigos egípcios condenavam
a ser queimada viva a mulher casada que tinha cometido este pecado; os saxões
igualmente condenavam à fogueira a mulher casada infiel, e à forca o cúmplice
de seus crimes. E há cristãos que trazem na lama do pecado o sacramento que São
Paulo chama grande.
Estes são apenas os
castigos para este mundo. Que será no outro mundo!
Está escrito, e a
palavra de Deus não volta atrás, que os desonestos não entrarão no reino do
céu. E este o pecado que arrasta para o inferno o maior número das almas. Diz
São Remígio que a maior parte dos condenados estão no inferno por causa deste
pecado. O mesmo diz São Bernardo: este pecado precipita no inferno
quase todo o mundo. Do mesmo modo fala Santo Isidoro: é a luxúria muito
mais que qualquer outro vício que sujeita o gênero humano ao demônio. Em
uma palavra, e é a doutrina de todos os santos, de cem condenados no inferno,
haverá um ladrão, um assassino, um ímpio, mas noventa e nove desonestos.
Pobres pecadores.
Longe de mim o infundir-vos o desespero; o que quero dizer é que, se vos achais
atolados neste vicio, procurai sair quanto antes deste lodaçal imundo, senão o
inferno será vossa sorte eterna.
O que deveis fazer é o
seguinte:
1º. Rezar. A oração é uma chuva celestial que
apaga o pecado da concupiscência. Rezai antes de dormir, de joelhos, ao pé do leito, três Ave-Marias à pureza de
Nossa Senhora.
2º. Repelir sem demora todo mau pensamento e
desejo, chamando pelos nomes de Jesus e Maria.
3º. Fugir, mas fugir absolutamente, custe o que
custar, da ocasião do pecado, da frequentação de tal pessoa, de tal casa, de
tal divertimento, de um modo especial destas danças modernas tão imorais e
escandalosas.
4º. Enfim o meio mais eficaz é a recepção
frequente e piedosa dos sacramentos da confissão e comunhão.
Desenganai-vos, se agora não vos
emendardes, mais tarde será tarde demais.
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Continua com a segunda porta: O Furto
As 7 portas: Introdução
Trecho do Livro: O
Pequeno Missionário - Manual de Instruções, Orações e Cânticos coordenado pelo
Pe. Guilherme Vaessen, Missionário da Congregação da Missão - 6a. Edição,
Editora Vozes, 1953.