Por Mons. Henri Delassus
Traduzido por Andrea Patrícia
Um pai exorta seu filho à virtude
Esse contrarrevolucionário autor do século XIX denunciou repetidamente as premissas da globalização e o início de um governo mundial. Ele insistiu que era o espírito da família no lar, na sociedade e no Estado, que poderia fornecer a maior resistência à conspiração anticristã.
Neste trecho de seu trabalho sobre a família, Mons. Delassus explica a importância das tradições da família em preservar os bons costumes da Civilização Católica. (TIA)
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A solução para evitar a introdução de leis contrárias à instituição da família, juntamente com uma ação pública vital, é imbuir as próprias crianças com tradições familiares. Então, desde que estas boas tradições perdurem, estes atos legislativos sempre encontrarão uma resistência saudável.
A tarefa de reviver as tradições nas famílias pode e deve ser o trabalho de cada família em seu próprio meio social. Pode-se esperar pela abolição de leis revolucionárias através de um grande movimento de opinião pública. Mas o que cada um pode fazer é reviver o espírito de família ao seu redor. Fazendo isso, ele vai fazer o maior bem possível para a sua própria família e, ao mesmo tempo, preparar-se para a renovação da sociedade.
É necessário que haja tradições que sustentem as leis, de modo que esta última tem a força que o assentimento do coração lhes provê. Da mesma forma, a formação da família é necessária para sustentar e manter as tradições, bem como fazer as leis voltarem aos princípios que geraram os costumes. Pois, sem os costumes as boas leis não são nada, e contra os costumes as leis não podem fazer nada.
Transmitindo tradições familiares
Hoje nós estamos testemunhando de maneira indiferente eventos que ultrajaram os povos mais bárbaros da antiguidade pagã. Nas escolas, onde as crianças costumavam ser ensinadas a conhecer, amar e glorificar a Deus, agora são formadas - por ação ou omissão - pessoas sem religião e sem moral.
Por que essa indiferença? Ela vem do fato de que as ideias claras e princípios bem estabelecidos já não existem nas mentes das pessoas. Eles foram substituídos por ideias vagas e flutuantes, incapazes de inflamar corações.
O avô deve incutir respeito pelos bons costumes e pela virtude em seus filhos e netos.
E por que as ideias em nossos dias oscilam? Porque ideias e princípios matriciais não foram impressos nas almas das crianças por seus pais, que receberam essas ideias de seus avós, que por sua vez foram imbuídos com estas verdades por seus antepassados. Em resumo, porque as famílias de hoje não têm mais tradição.
Já houve uma vez uma ideia generalizada, uma ideia quase religiosa, associada com a expressão tradições familiares, entendida no seu melhor sentido, que designou um patrimônio de verdades e virtudes, em cujo seio se formaram caracteres que forjaram a longa vida e a grandeza de uma casa.
Hoje, essa expressão não significa nada para as gerações mais jovens. Elas surgem num dia para desaparecer no outro, sem ter recebido ou deixado para trás aquele conjunto de memórias e afetos, princípios e costumes, que em tempos idos foram passados de pais para filhos e que deram às famílias que eram fiéis a eles a possibilidade de ascensão na sociedade. Cada família que tem tradições geralmente lhes deve a um de seus antepassados, no qual o sentimento do bem era mais forte do que no homem comum e teve a sabedoria e a vontade de incutir isso na sua família.
Progresso Moral
"A verdade é um bem", diz Aristóteles. Uma família onde os homens virtuosos se sucedem é uma família de homens bons. Esta sucessão de virtudes ocorre quando a família volta a uma fonte boa e honesta, porque um bom princípio produz coisas semelhantes a si mesmo. Portanto, quando há um homem em uma família tão identificado com o bem que sua bondade se comunica a sua descendência por muitas gerações, a partir deste homem necessariamente deriva uma família virtuosa.
Qualquer homem que quer formar uma família virtuosa deve ser persuadido de que seu dever não se limita - como Rousseau pretende falsamente - a prover as necessidades físicas de seus filhos quando eles são jovens demais para proverem a si mesmos. Ele também deve dar-lhes uma formação intelectual, moral e religiosa.
Os animais têm forças e recursos para satisfazer as necessidades corporais de seus filhos, e isso é suficiente para eles. Mas a criança, um ser moral, tem muitas outras necessidades, e é por isso que Deus deu aos pais não apenas força, mas também a autoridade para educar a vontade de seus filhos e fazê-los entrar, permanecer e progredir no caminho do bem. Deus queria que a autoridade fosse permanente porque o progresso moral é o trabalho de uma vida inteira.
De acordo com os desígnios da Divina Providência, o progresso deve desenvolver e crescer com a idade, e, portanto, é necessário que a família humana não seja aniquilada em cada geração. Os laços familiares devem existir entre aqueles que já faleceram e aqueles que estão vivendo, tecendo juntos todos os descendentes de uma dinastia vigorosa.
(Henri Delassus, O espírito de família no lar, na sociedade e no Estado, Editora Civilização, Porto, 2000, p. 125-128.)
Original aqui.