A mais ingênua, e, contudo, a melhor definição da história, é esta aqui: "A história é a narrativa do passado".
Porém, no passado, há certos fatos que tiveram influência sobre o mundo, e não unicamente sobre o mundo dos corpos, mas sobre o das almas. Há outros, ao contrário, que não tiveram nada desta influência. Reserva-se o nome de história à narrativa dos acontecimentos realmente influentes. Daí vem que não se prodigaliza a palavra histórico, e que se honra com ela somente alguns homens e algumas coisas que a merecem.
E assim como, nestes acontecimentos importantes, o dedo de Deus está, aos olhos do cristão, constantemente e evidentemente assinalado, pode-se dizer cristãmente: "A história é a narrativa das relações mútuas de Deus e do homem no passado".
Dizemos no passado: pois há uma narrativa das relações de Deus e do homem no futuro. Essa narrativa, tão frequentemente clara quanto a primeira, e que a completa, é completamente divina. Encontramo-la somente na Igreja católica: trata-se da profecia.
Se a história é a narrativa do passado, a profecia é a história do futuro.
Somente a Igreja católica aparece no mundo com esta dupla escolta de um passado glorioso e de um futuro mais glorioso ainda. Ela é a única que olha adiante bem como para trás, e que sabe nitidamente o que ela será e o que ela foi. Como o presente assustaria aquela a quem Deus comunica assim sua ciência e sua presciência, sua clarividência do passado, sua previsão do futuro?
Mas, para nos limitarmos à história, se ela é, aos olhos do cristão, "a narrativa das relações de Deus com o homem e do homem com Deus", resulta desta definição que antes de começar o estudo desta ciência, é preciso, pois, conhecer estes dois termos necessários de toda a história: Deus e o homem.
Na falta de conhecê-los bem, teremos apenas uma história tenebrosa e falsa. Sem a ciência destas relações sobrenaturais, os fatos se sucederão estupidamente diante de nós, sem se conectar a nada, sem se conectar entre eles. Tudo nos surpreenderá, e quase sempre dolorosamente. As guerras, as revoluções, os crimes, os horrores históricos nos escandalizarão; e teremos razão em jogar para longe de nós, com indignação, estas narrativas cheias de um sangue do qual não entendemos a efusão e de um contrassenso do qual não conhecemos a causa.
A teologia e a filosofia católicas são os prolegômenos necessários de todo livro de história. No topo de cada um destes livros, seria preciso escrever ao menos os princípios divinos: com eles teremos a luz, e sem eles o caos.
Vejamos então o que é Deus segundo a Igreja, o que é o homem; e caminharemos assim na conquista de uma melhor e mais completa definição da história.