segunda-feira, 5 de setembro de 2011

À Virgem Nossa Senhora (Poema)

À Virgem Nossa Senhora
(Poema de A. P. Souza Caldas [1762-1814])


Esposa de Deus vivo, Templo augusto,
Do Senhor que governa os céus e a terra;
Escuta os meus gemidos, e do abismo
Do pecado a minha alma desenterra.

Ó das filhas dos homens a mais bela,
Em cujo seio, amigas se abraçaram
A justiça e a clemência, e pelos homens
Com vínculo divino se ligaram.

Mãe de meu Deus, refúgio esperançoso
Do pecador aflito, vem depressa
Em meu socorro, contra vil inimigo
Que de bramir em roda nunca cessa.

Lembra-Te que na Cruz o Sangue
Se verteu do Teu Filho angustiado
Para as chagas lavar torpes e impuras
Do pecador, que a culpa tem manchado.

Ó doce pensamento, que derramas,
Lisonjeira esperança no meu peito;
E a proteção benigna me asseguras
D’Aquela a quem o céu vive sujeito!

(Da obra “As Obras-Primas da Poesia Religiosa Brasileira”, 
Seleção de Jamil Almansur Haddad, Livraria Martins Editora, 
São Paulo: 1954, página 43)