Os contra-educadores
A quem daremos o nome de contra-educadores?
A todos aqueles que, ocupando-se das crianças ou aproximando-se delas sob qualquer pretexto, destroem, paralisam, ou dificultam a ação dos obreiros naturais e responsáveis da educação.
Quais são, os contra-educadores?
Aqueles que nós classificamos sob este título deveriam ser os auxiliares do educador. São-no algumas vezes. Desejamos, pois, afirmar que reconhecemos essas honrosas exceções. Somos, porém, obrigados a dizer que muitas vezes:
1º Alguns avós;
2º Alguns tios e tias;
3º Alguns amigos da casa;
4º Alguns mestres e professores; são, em diversos graus, e em certas circunstâncias, os inimigos do educador.
1º- Alguns avós
Como prejudicam os avós a educação dos netos?
Por um excesso de bondade. As crianças chamam-lhes "avôzinhos", "avózinhas". Não criticamos estas designações, aliás justas. São de tal maneira bons, o avôzinho e a avózinha, que acabam por ser demasiadamente bons e estragam as crianças.
Francisco, de cinco anos, para a cozinheira:
"Hoje vou-me zangar; o avôzinho já veio!" (autêntico)
Mas, enfim, não é muito natural que os avós sejam, no lar, os representantes da doçura, da indulgência e da bondade?
Muito natural, na verdade. Há uma aproximação instintiva entre os dois extremos da vida. E, quanto mais a idade avança, tanto mais a ternura aumenta. E, como não se é constrangido pelo sentimento direto de responsabilidade em matéria de educação, é fácil escorregar-se pelo declive agradável das carícias, dos afagos e dos mimos. O perigo está precisamente aí: na fraqueza que resulta da irresponsabilidade.
2º- Alguns tios e tias
Por que merecem alguns tios e tias serem classificados entre os contra-educadores?
Porque os tios e tias solteiros, especialmente as tias nestas condições, têm afetos concentrados, que derivam naturalmente para os sobrinhos e sobrinhas, com a esperança e desejo de reciprocidade; e, para obter esta correspondência de afeto de que sentem necessidade, acariciam, lisonjeiam e estragam as crianças.
Uma cena em família:
Visita do avô, da avó, tios e tias.
Bebê (de três anos), não se tendo portado bem pela manhã, foi castigado: - privado da sobremesa, ao meio-dia. Chega o momento: desolação universal.
A mãe, enérgica, reage.
- Vá perdir perdão à mamãe.
- Diga: todo o pecado deve ser perdoado! (autêntico)
Onde estará o remédio?
Em que todos se compenetrem da importância da educação, e da necessidade de ajudar sempre, em tudo, os pais, verdadeiros responsáveis...
3º - Alguns amigos da casa
Que quer dizer: amigos da casa?
Não se trata aqui de certos amigos de ocasião, que se podem chamar estranhos. Se estes tomassem a liberdade de proferir alguma palavra desagradável ou dar algum mau conselho, o pai não hesitaria em os meter na ordem, mesmo com o risco de os desgostar a ponto de não voltarem.
Mas trata-se de velhos amigos da casa, íntimos da família, que entram e saem livremente, que falam à vontade, que brincam com as crianças, lhes oferecem presentes, e assim conquistam o seu coração e a sua confiança.
Como podem estes amigos tornar-se um obstáculo à educação?
De muitas maneiras, cada qual segundo o seu caráter e os seus métodos:
- O amigos frívolo, que censura os pais e os contradiz;
- O amigo lisonjeiro, que estraga as crianças, sem que o pai e a mãe o suspeitem;
- O amigo ocioso, que rouba o tempo;
- O amigo estrina e corrupto, que escandaliza;
- O amigo sem escrúpulos, que abusa da confiança.
Amigo frívolo - É certo que ama as crianças, mas ama-as a seu modo; procura a sua afeição e esforça-se por alcançá-la empregando todos os meios. Sem reflexão, toma sempre a defesa das crianças.
Amigo lisonjeiro - Dá, as ocultas dos pais, as gulodices proibidas; o brinquedo guardado: autoriza os jogos proíbidos; faz, secretamente, confidências inoportunas...e eis os pais desacreditados, vencidos no campo da autoridade e da afeição.
Amigo ocioso - Para se distrair e passar um bocado alegre, explora os defeitos das crianças... faz a criança dizer algumas parvoíces ou incoveniências. Obtido o resultado, finge repreendê-la, mas, no fundo, acha graça, e a criança sabe-o perfeitamente. Aplaude a criança, quando mostra algum jeito, e anima-a com reflexões de incitamento: "Meu Deus! que engraçado!"
Amigo estroina e corrupto - Tem conversas absolutamente detestáveis; as palavras de duplo sentido, a alusões maliciosas, os velhos contos imorais, os escândalos da sociedade, são o tema ordinário das suas conversações. O pai não diz nada, a mãe, para se dar ares de vigilância e de solicitude, lembra que há ali crianças. E o seu zelo intempestivo atrai a atenção daqueles que queria preservar, faz-lhes reter as expressões atrevidas, que buscam depois decifrar , com a certeza de que encerram segredos interessantes.
Amigo frívolo - É certo que ama as crianças, mas ama-as a seu modo; procura a sua afeição e esforça-se por alcançá-la empregando todos os meios. Sem reflexão, toma sempre a defesa das crianças.
Amigo lisonjeiro - Dá, as ocultas dos pais, as gulodices proibidas; o brinquedo guardado: autoriza os jogos proíbidos; faz, secretamente, confidências inoportunas...e eis os pais desacreditados, vencidos no campo da autoridade e da afeição.
Amigo ocioso - Para se distrair e passar um bocado alegre, explora os defeitos das crianças... faz a criança dizer algumas parvoíces ou incoveniências. Obtido o resultado, finge repreendê-la, mas, no fundo, acha graça, e a criança sabe-o perfeitamente. Aplaude a criança, quando mostra algum jeito, e anima-a com reflexões de incitamento: "Meu Deus! que engraçado!"
Amigo estroina e corrupto - Tem conversas absolutamente detestáveis; as palavras de duplo sentido, a alusões maliciosas, os velhos contos imorais, os escândalos da sociedade, são o tema ordinário das suas conversações. O pai não diz nada, a mãe, para se dar ares de vigilância e de solicitude, lembra que há ali crianças. E o seu zelo intempestivo atrai a atenção daqueles que queria preservar, faz-lhes reter as expressões atrevidas, que buscam depois decifrar , com a certeza de que encerram segredos interessantes.
Amigos sem escrúpulos - São terríveis e muitas vezes irreparáveis! este amigo é um cliente, este outro é um íntimo do pai, mas eis que este cliente, este amigo do pai, se tornam de repente mais assíduos.Estas repetidas visitas nada têm com os negócios. A ausência do pai não diminue as confianças e amabilidades. Na casa há uma rapariga já crescida... é já um princípio de afastamento do caminho da prudência... os pais não compreendem nada; não desconfiam de ninguém; não vigiam os filhos nem os amigos da casa.
Que conclusão devemos tirar destas considerações relativas aos amigos?
1º - São prudentes os pais que, tendo filhos (posto que sejam crianças), saem raramente, recebem pouco (visitas), e vivem o mais possível em família, o recolhimento que produzem o sentimento da responsabilidade e o temor de Deus.
1º - São prudentes os pais que, tendo filhos (posto que sejam crianças), saem raramente, recebem pouco (visitas), e vivem o mais possível em família, o recolhimento que produzem o sentimento da responsabilidade e o temor de Deus.
Durante a primeira educação dos seus filhinhos, os pelicanos, segundo se diz, não deixam aproximar nenhuma ave suspeita; atacam-na com desespero, para a impedirem de pertubar a sua obra. É uma lição que devemos seguir.
2º - Quão pouco há a esperar duma educação ministrada entre o tumulto, na dissipação e indiscrição duma casa aberta aos quatro ventos do céu, na qual circula uma multidão de amigos, mais ou menos íntimos, mais ou menos familiares com as crianças!
4º - Alguns mestres e professores
Quais são os professores e professoras que fazem a contra-educação?
São aqueles que se rebaixam a mendigar alunos. Para os ter e conservar, toleram os caprichos dos país e das crianças, fecham os olhos aos defeitos e injustiças de uns e doutros; não os contrariam em nada; abandonam os princípios; fazem uma educação às avessas.
Qual é a conclusão que se impõe, após este ligeiro estudo sobre os contra-educadores?
Uma só. Resume-se em três palavras. É toda para as mães. Deixai-vos estar em casa. Sim, mães, ficai em casa junto dos vossos filhos, e velai por eles, tanto quanto possível. Quando o dever vo-lo não pemitir, tendes o direito de esperar que os anjos da guarda de vossos filhos vos substituiam junto deles.
Mas não tereis esse direito, quando pretenderdes esquivar-vos ao cumprimento do vosso dever, quando abandonais o vosso lar unicamente por gozo...
(Excertos do livro: Catecismo da educação - Abade René Bethléem)
PS: Grifos meus