terça-feira, 1 de dezembro de 2009

O Beijo de Deus


"No limiar da casa está sentada uma mulher
e a casa é pequena e humilde.
Tem uma criança nos braços e fita-a com amor.
Nunca na sua vida teve pérolas ou tesouros,
mas eis o que diz ao apertar o filho
contra o seu coração:
Eu sou feliz, eu sou feliz ..."

Para realizar esta tarefa, para se entregar a esta magnifíca vocação, o Criador deu-lhe tudo quanto era preciso. A sua vocação exige um amor vigilante, fiel e pronto para, dia e noite, fazer os maiores sacrifícios, amor que só pode viver no coração da mãe; exige uma imaginação viva, uma sensibilidade instantânea, um espírito interior, delicado e simples, capaz de se introduzir e identificar amorosamente com o pequeno mundo interior do filho.

A vocação de Deus exige um coração luminoso que saiba partilhar das brincadeiras e das mil necessidades da criança, sentido da pureza e da ordem, bom gosto para o vestuário e para o cuidado do lar. A mãe deve ser alegre para com os filhos, compreender os seus jogos e divertimentos, feliz com as ruidosas algazarras dos pequenos ...

A mãe que tiver estes dons é uma benção do amor de Deus e a maior consolação que nos foi dada neste vale de lágrimas.

Mostra-nos o caminho quando nos desviamos,
levanta-nos quando caímos,
encoraja-nos quando desanimamos,
suaviza as durezas da vida e transforma em rosas os espinhos.

Ainda que o nosso destino seja surdo e nos pareça que a natureza é cruel e insensível até o extremo de não podermos compreender que Deus criasse o mundo do amor, não devemos ficar cheios de azedume e pensar na infelicidade da vida. No meio deste mundo, Deus pôs o amor no coração da mãe e o pão do desterro torna-se suave quando é uma mão carinhosa que o dá.

Avaliamos o valor de uma jóia quando a olhamos à luz, e ajuizamos da atividade de umas mãos que vivem para a alma quando meditamos em silêncio.

Por isso, queremos nos dias que passaram. Queremos embeber a nossa alma nessas belas recordações e saborear a vida da mãe, num trabalho que é fonte de alegria. Admira-nos ver a força de uma débil mulher e essa admiração nasce ao consideramos as possibilidades escondidas na alma materna: aproxima-te dum berço e contempla essa coisa pequena que chora, abeira-te dum leito de morte e observa o escondido enigma do coração humano, investiga o mistério da vida: encontrarás sempre as mesmas pegadas, o coração da mãe!

(A Mãe - Cardeal Minsdzenty)