Lembremos que a criança, desde o berço, precisa de movimento; as suas caminhadas, correrias, saltos, etc., cansam mais aos adultos do que a ela; as dificuldades lhe aprazem: esforços no transporte de objetos, em armar os brinquedos, em vencer os obstáculos; os exercícios são repetidos por prazer que corresponde a necessidades (subir e descer um degrau, bater bola, etc.); o jogo é uma atividade funcional da criança, e por isto é realizado por ela com uma seriedade vital (e os adultos não o devem interromper sem motivo sério, menos ainda ridicularizá-lo)...
Nossa intervenção demasiada nos jogos, ou nossa solicitude em desfazer dificuldades é prejudicial, porque ou cerceia a iniciativa, inibe, ou amolece corpo e espírito, com complexos de inferioridade e dependência; a criança para jogar bem precisa de:
1) Local: ar e sol, espaço suficiente e condições de segurança;
2) Brinquedos: poucos (muitos até enervam), simples (os complicados ou desgostam ou exigem total dependência do adulto ou logo quebram), construtivos (úteis a educação), sobretudo proporcionados à idade;
3) Companheiros: em geral da mesma idade, principalmente se pequeninos, inclusive para não se cansarem acompanhando os maiores;
4) Dirigentes: que cooperam e orientam.
O papel do educador
O grande papel do educador é observar as atitudes das crianças no jogo, pois aí as tendências e aptidões se revelam com a força da espontaneidade que não encontraremos em qualquer outra oportunidade, e que permitem orientações seguras a observador atento e atilado.
O jogo como corretivo de defeitos físicos requer cuidados especializados. Como corretivo moral bastam-lhe as atenções inteligentes do educador convencido de que não perde tempo quando brinca com as crianças ou lhes assiste aos folguedos.
... Os cinemas são muito pobres como recreio, sem contarmos aqui os freqüentes incovenientes morais.
Os passeios de automóvel podem divertir as crianças, mas são poupérrimos, por nada trazerem diretamente à robustez física e até prejudicarem à moral alimentando mentalidades burguesas, excessivamente comodistas e fracas, quando a verdadeira educação física visa a formar um corpo sadio e resistente para servir a um espírito ainda mais resistente e sadio.
(Excertos do livro: O que fazer do seu filho - Pe. Álvaro Negromonte)
PS: Grifos meus