segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Saúde da futura mãe

O campo das vidas

O Deus que semeou as estrelas no céu, espalha, ainda hoje, as vidas em campos abençoados. Pois é campo o corpo da jovem cristã. Dele nascerá a seara das vidas com seus altos destinos e suas riquíssimas reservas. Segue-se disso que o seu bem-estar, a sua força vital há de merecer cuidados especiais por parte da futura esposa... Em uma moça que ao casamento se destina tudo tem de contribuir para a grandeza do título de esposa e de mãe. Para a grandeza e para a plenitude indispensável. É o casamento a oficina da vida e supõe na esposa robustez de saúde, reservas físicas, por cuja conservação e aumento ela fica responsável. As leis da vida têm suas austeridades; a lei do amor, de par com as alegrias, enumera rigores. Mais de uma vez a obediência a elas leva ao heroísmo...

Há severas realidades incluídas no plano divino do casamento. Não há fugir delas. Oram isto exige a centralização das forças para a entrega de si mesmo com as lágrimas e suores, com o sangue e as agonias. Leve, portanto, a moça uma boa saúde para o lar.
Infelizmente é grande a legião de moças doentes por causa de abusos e desleixos. Não nos referimos às pobrezinhas que nasceram fracas e na vida se arrastam padecendo.

Pensamos naquelas que enfileiram noites a noites de bailes, que se vestem e se mexem procurando constipação e gripes, que passam fome porque desejam emagrecer por elegância. Os nervos vão-se abalando, a neurastemia acentua-se, a cabeça anda tonta e por um nada estão essas senhoritas desmaiando. Não toleram sem crispações nervosas nem um dia de chuva ou um transtorno que demanche qualquer festa esperada com ansiedade.

Hoje em dia fala-se muito em cultura física para melhorar a raça. O exercício de ginástica é realmente necessário para as futuras dispensadoras da vida. Nós o aconselhamos, contanto que seja  feito com método e, sobretudo, não procure exibições públicas de plásticas gregas, desenvolturas que espantam o recato, e graça de gestos que tiram a graça de gestos morais.

Intensa é hoje a propaganda em favor da cultura física, do atletismo feminino. O esporte procura arregimentar em equipes nossas alunas de Estados Normais, a alta sociedade local, etc. Em parte é isso uma reação contra certa negligência na formação física da mulher, contra a falta de higiene na longa vida sedentária a que ficou condenada a aluna. Por isso é muito razoável que em casa cultive toda moça o exercício corporal, seguindo um método adequado... Mas não se iluda. O que se requer na futura mãe é a saúde e não a força muscular, o extraordinário desenvolvimento da musculatura, coisa que fica bem no homem e por ele pode ser adquirida sem risco de lesões perigosas. O esporte pode facilmente acrretar lesões nas esposas de amanhã.

E nunca podemos nos esquecer que a graça, o encanto, a harmonia doce e calma, ao lado do recato virtuoso, são indispensáveis até nos exercícios corporais da ginástica feminina. Reunir moças num clube de ginástica é espô-las a um meio algo duvidoso, quando não declaradamente pernicioso. O dano moral é bem maior que o aproveitamento físico. Com a tal desculpa de ginástica, de cultura física, vai a menina pegando a doença moderna do "garçonismo". O galicismo significa: modos de rapaz. Raspam o cabelo à "I'homme", assobiam, fumam, refesteladas num sofá, falam como estudantes ou soldados...

A moça que adota os modos de rapazes quebra a lei da harmonia entre os gestos e as formas e, fatalmente, torna-se incorreta. Se não fora a cegueira da época, veria o irritante efeito que produz, sob o simples prisma da estética moral, física e natural.

Compara-as a notas desafinadas numa harmonia, a linhas rompidas num quadro, a proporções falhas numa estátua. Como tudo isso, elas repugnam, incomodam, irritam a quantos têm ainda o senso real das leis misteriosas da harmonia. Rotas essas leis do seu ser harmonioso, é fácil ser a moça afastada de sua missão e da sua finalidade. O coração perde a fragrância toda feminina para entregar-se a camaradagens cujos limites dificilmente combinam com as normas da moral.
(Na escolha do futuro - Pe. Geraldo Pires de Sousa - 1946)

PS: grifos meus