quarta-feira, 5 de agosto de 2009
Duas espécies de inocência
...A par dos imaculados, estão os arrependidos e as arrependidas. Admiramos São João Evangelista e, não menos Santo Agostinho; encanta-nos Santa Ângela, mas igual estima temos por Santa Maria Madalena - a pecadora de Magdala de quem Cristo expulsou sete demônios (Mat. 16-9) e se tornou a filha predileta do divino Mestre, a grande Santa do Novo Testamento. Há pois duas sortes de inocentes:
- as que nunca murcharam, e são as mais belas!
- e as que se reconquistaram.
Estas duas espécies diversas de inocência achavam-se presentes ao pé da Cruz de Jesus: São João representando a virgindade e Santa Maria Madalena representando o arrependimento. Esta última é ainda talvez mais tocantes, porque mais humildes. Ao lado de um jovem que repete, com santa alegria: " Não cai", encontra-se, muitas vezes, outro que primeiro atira-se consternado, roído pelos remorsos, ao genuflexório para se confessar, e depois, lança-se aos braços do confessor clamando: " Salva-me! Venho de longe! Se soubesses!.. .Meu Deus! Como são humilhantes essas quedas! Como isto é vil e baixo! mas agora já sei! Nunca mais! Repare bem: nunca mais!"
Caro e pobre amigo! O Salvador misericordioso de nossas almas, Aquele que conhece a miserável argila de que se acha constituída a nossa pobre natureza, nunca recusa, há já vinte séculos, o perdão aos filhos pródigos, que voltam das terras da escravidão, onde se morre à fome, e tornam para a morada onde encontram o festim de alegria, a túnica branca, o anél de reconciliação onde lhes é dado abraçarem, estreitarem contra o seu coração magnânimo de um pai, que tudo esquece! Maior é a sua indulgência do que toda a vossa fraqueza! Desgarrado e perdido, sentias fatalmente a tristeza! Volta.Generoso, has de forçosamente viver feliz. Persevera.
Triunfa de teus baixos apetites. Serás recompensado pela altivez de sentir seu coração bater livremente e altaneiro em teu peito.
Irás monologando: É terrível esta luta travada consigo mesmo, sem testemunhas do que se passa no recôndito do coração! Nem mesmo uma voz de alento, nem um prémio qualquer.
Puro engano!
Tens uma piedade de invisíveis testemunhas: teu Deus; teu Anjo da Guarda, teus caros finados e os eleitos te fazem linda coroa.
Sustenta esse grande duelo contra o vício que tenta roubar-te o coração...
(Le combat de la puretê - Padre Hoornaert, pág 124 à 126)