domingo, 23 de agosto de 2009

"Salvação dos filhos, proveito dos pais" (São Jerônimo)


"A maior desgraça dum povo é não receber a educação que merece." (René Bazin)

Pode separar-se impunemente a ação do pai com a da mãe?
- Não; mil vezes não; a mãe representa o amor; o pai, a autoridade; e os dois participam dessa clarividência que é "a companheira da força e do amor, e que eternamente os ilumina." (Mons Dupanloup - Da educação t.II, p. 134)
Eis a razão por que se não podem separar e devem presidir conjuntamente à educação de seus filhos.

"Como é falha de coração e de vida a educação em que a mãe não toma parte! E quanta hesitação e fraqueza na educação de que o pai anda arredio!" (Mons Dupanloup - Da educação t.II, p. 134)

O pai e a mãe desempenham missões diferentes?
- Certamente; e as missões de um e de outro estão em relação com o caráter e com a função particular de cada um. Mas todos os esforços tentados para o bem a desempenharem devem harmonizar-se, concertar-se, conjugar-se, e tender ao mesmo fim: - a formação do homem e do eleito.

Mas, se é verdade que, para ministrar a educação, o pai e a mãe devem ter um só espírito, um só coração e um só vontade, não poderemos dizer que é a mãe que, na prática, incumbe a maior parte da tarefa?
- Sim; e pode-se afirmar, sem medo de errar, que a mãe ocupa o primeiro lugar na hierarquia dos educadores.

Porque pertence a mãe o primeiro lugar na hierarquia dos educadores?
Por três razões:
Porque vive mais com os filhos;
Porque é mais clarividente;
Porque ama com mais dedicação.

Mas é sempre verdade que a mãe vive, "mais" que ninguém "com seus filhos"?
- Infelizmente, não; e isto por diversas razões, em regra, é esta a lei da natureza, e as circunstâncias favorecem, de ordinário, a sua realização.

É junto da mãe que o filho passa a maior parte do tempo, nos primeiros anos.

É também verdade que a mãe é, geralmente, mais "clarividente" nas questões da educação?
- É; e da mãe se pode dizer que tem o instinto da educação; esta vantagem deve-a à própria missão que Deus lhe confiou. Foi a ela, como outrora a filha de Faraó à mãe de Moisés, que Deus disse: "Tomai este menino e cria-o para mim".

E, como Deus não emprega as suas criaturas nem opera por seu intermédio sem lhes comunicar uma centelha dos seus atributos divinos, teve de dar aos pais, especialmente à mãe, um raio de sabedoria, de inteligência e de clarividência.

E não será "o amor da mãe" um título ainda mais precioso do importante papel que lhe é distribuído na educação?
- Incontestavelmente, e por duas razões principais:

Porque amar a criança e fazer-se amar por ela será sempre o grande segredo da educação.(F.Kieffer, A autoridade, p.126)
A educação é o amor. (Lachelier)
A educação deve ser uma benevolência e uma bondade permanentes. (Pestalozzi)

Porque a educação, que exige muitos e penosos sacrifícios, supõe, no educador, um amor profundo, devotado e desinteressado.
Ora não há ninguém como a mãe que possua as ternuras e os heroísmos deste amor.
E, por conseqüência, não se lhe pode contestar o lugar que ocupa na hierarquia dos educadores.

Que se infere do que acabamos de dizer acerca do papel da mãe na educação?
- Resulta que a criança será, geralmente, aquilo que a mãe tiver feito dela.
Do cuidado das mães depende a primeira educação dos homens.

"Nada nos aproxima mais de Deus do que a memória duma santa mãe."(Ozanam, cartas, I, p.225)

"O mérito da mulher, escrevia J. de Maistre a sua filha, está em governar a sua casa, tornar o marido feliz, consolá-lo dar-lhe coragem e educar os filhos, isto é, fazer homens; é este o parto feliz, que não foi amaldiçoado como o outro."(Cartas e opúsculos, t.I, p.190)

Quais são os deveres particulares dum pai?
- Os deveres particulares do pai estão em harmonia com a natureza da sua inteligência, com a sua autoridade de chefe, com o espírito de decisão e energia que, em geral, o caracteriza.

1º - A inteligência do pai, é ordinariamente, a mais firme, mais equilibrada, mais segura: pertence-lhe, por conseguinte, formar o pensamento dos filhos e até das filhas.
2º - A sua autoridade de chefe de família exige, para o bom desempenho, um caráter digo e sério, cheio de força e também de suavidade: pertence-lhe, conseqüentemente, formar a virilidade dos filhos, com palavras autorizadas e com o exemplo duma vida de dever e de honra.
3º - O pai, em virtude da sua posição na família, é o juiz, em última instância, das decisões a tomar, e o agente inicial e principal da sua execução. Compete-lhe, portanto, formar a vontade dos filhos, dando-lhes a luz, o arrojo, a energia e a constância que lhes são necessárias.

(Catecismo da educação - Abade René Bethéem)