sábado, 29 de agosto de 2009

Estima pela pureza

Forçosa é a guerra à tirania das nossas paixões, em nossa peregrinação pela terra. É lei tanto de ordem e de subordinação laboriosa, como também de harmonia e de unidade, de liberdade e de paz.
As aparências austeras de obrigação ocultam, porém, sua encantadora e sublime beleza à uma mocidade que, loucamente prodiga de si, sacrifica ao prazer sua integridade moral, e que hesita arruínar em outros o que ela não soube respeitar em si mesma.
Uma depravação mais consciente e mais requintada na malícia, acrescenta a calúnia à tentação: a lei da castidade é impossível. É , se quizerem, o patrimônio de seres fracos.
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Fraco o homem que nutre ambições celestiais; forte o incapaz de uma coragem que o levanta acima do sensualismo animal?
Fraco o que disputa às inteligencias puras o prêmio da nobreza; forte, o que se avilta?
Fraco o magnanismo que por amor de Deus e dos seus semelhantes se esquece de si; forte, o egoísta que só se preocupa de vis prazeres?
Fraco o cavaleiro do direito; forte, o escravo de desejos desordenados?
Fraco aqueles cujas energias vitais enriquecerão a sociedade dos homens; forte, o esgotado, o gasto pelo vício?
Fraco, o homem, que sabe guardar os seus sagrados juramentos; forte, o cínico ou hipócrita que viola seus compromissos?
Fraco o vitorioso; forte, o vencido?
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E contudo, por toda a parte, encontra aplausos a absurda calúnia. Os preconceitos do mundo a embalam; médicos, em nome de uma suposta ciência corroboram-na com seus maus conselhos; uma vasta e poderosa imprensa a difunde e patrocina; e um código de uma certa moral, em voga, formula para o homem, para a mulher, para o celibatário, para o esposo, para o nacional e para o estrangeiro, regras que são outros tantos desafios à honestidade. Diante dessa insolência, a virtude, tímida e retraída, resígna-se por vezes a envergonhar- se e até mesmo a capitular!

É mister, pois despertar a estima pela pureza.
É necessário excitar e estimular o brio em quem a possue.


Convêm igualmente, já que a conservamos em fragilíssimo vaso, ensinar a arte de a defender e de preservá-la de choques fatais.
E como o homem é curável, e como um triunfo pode vingar cabalmente uma derrota, é necessário reanimar a coragem dos abatidos e hesitantes e incitar à desforra, os irresolutos e humilhados.

A Castidade é um heroísmo.

O benefício que se realiza pela conservação da pureza, entre os jovens, é de ordem eminentemente social. Tanto e mais que a saúde física importa à sociedade a saúde moral dos seus membros.
Convém-lhe para o presente, e convém-lhe para o futuro. Assegura-lhe uma prosperidade superior à abundancia material.

Há ainda mais.

Quando o Cristianismo penetrou na Cidade Eterna - Roma, outrora tão corrompida, a austeridade da cruz, a severidade dos princípios religiosos, a grandeza moral dos fíéis convertiam à fé as multidões. Do mesmo modo, para os nossos contemporâneos, que vivem afastados da Igreja pelo nascimento ou pela educação, mas cujas nobres aspirações se afastam com desgosto de um néopaganismo cupido e luxurioso não será certamente menos salutar o admirar este espetáculo reconfortante de uma juventude trazendo na fronte o candor de uma pureza triunfante, e, no coração, a chama de um amor pronto a qualquer sacrifício.

(Prefácio do livro - A Grande Guerra - do Padre J.Hoornaert - edição 1928, escrito pelo Padre A. Vermeersch.)
PS: grifos meus