Ato de aceitação da morte
Meu Senhor e meu Deus, Vós bateis à minha porta: aqui tendes o meu coração aberto para Vos receber; aceito passar à outra vida logo que assim o queirais.
Sois justo, Senhor, e reto é o Vosso juízo; louvo a Vossa eterna Justiça, e confesso diante do Céu e da terra: mereço a morte por minha culpa, por minha culpa, por minha máxima culpa!
Ah, meu Pai! Devo algum dia morrer e descer ao sepulcro. Castigo doloroso! Mas se é grande a Vossa Justiça, menor não é Vossa Misericórdia. Vosso Divino Filho, Jesus Cristo, meu Salvador, morreu por mim, a fim de livrar-me da condenação eterna e, ao mesmo tempo, suavizar os horrores de minha morte temporal. Pela união a Seus méritos, a morte resignada por Vosso amor, torna-se um sacrifício agradável a Vossos olhos. Assim morreram os Santos, e sua morte foi preciosíssima.
Portanto, Senhor meu Deus, desde já aceito de Vossa Mão, com resignação e de boa vontade, qualquer gênero de morte, conforme Vos aprouver, com todas as suas angústias, penas e dores.
Aceito a morte, ó meu Deus, para Vos reconhecer por Supremo Senhor da vida e da morte, e para adorar assim, com a mais profunda humildade, a Vossa divina Majestade, confessando o Vosso poder divino e o direito absoluto que tendes sobre mim. Quero morrer, ó meu Senhor e meu Deus, para Vos adorar.
Aceito a morte, meu Deus, como Jesus, em espírito de gratidão e amor. Oh! Quanto me amastes desde toda a eternidade! Como poderei retribuir-Vos os inumeráveis benefícios que me fizestes?
Nada tenho na ordem natural que me seja mais caro que a vida. Vo-la dou, pois, de boa vontade, em testemunho do meu amor e de minha gratidão. Quero morrer para Vos mostrar o meu amor.
Aceito a morte, ó meu Deus, pelo zelo de Vossa honra, como uma confissão pública que faço de meus pecados, diante de Vossa divina Majestade e diante de todas as criaturas; como um suplício que quero sofrer em reparação por dos meus pecados e dos pecados do mundo inteiro, para restituir-Vos, do modo que me for possível, a glória (extrínseca) que Vos tirei durante minha vida. Consinto, pois, que minha alma seja separada de meu corpo, em castigo de tantas vezes se haver separado de Vós pelo pecado. Aceito a perda de todos os meus sentidos, em castigo dos pecados que com eles cometi. Meu corpo seja enterrado, comido pelos vermes e reduzido ao pó, em castigo e penitência pelos crimes que cometeu.
Enfim, aceito e ofereço-Vos a minha agonia e morte, por meio da Santíssima Virgem Maria, e nas intenções que Ela o quiser, unindo meus pobres méritos aos Seus, aos méritos infinitos de Seu Divino Filho e do Tesouro Espiritual da Santa Igreja.
Assisti-me, Senhor meu Deus, para que assim a minha morte, ainda que dolorosa, seja ao mesmo tempo preciosa, pelos merecimentos de Jesus e pela intercessão da Virgem Maria. Amém.
(Indulgência plenária nas condições de costume, reservada para a hora da morte e inaplicável às almas do Purgatório- Oração retirado do livro "Adoremus: Manual de Orações e Exercícios Piedosos", de Dom Eduardo Herberhold, OFM, 1926, 15ª edição)