terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

São Bento e sua medalha - Algumas anotações


Algumas anotações feitas pelo blogue do livro:
Vida e milagres de São Bento 
escrito por
São Gregório Magno, Papa
e do livro
A medalha de São Bento
escrito por Dom Próspero Guéranger O.S.B

Autor do primeiro livro – São Gregório Magno escreveu esse livro no ano de 593, ele é redigido em forma de diálogo com o Diácono Pedro, amigo e secretário do Pontífice.

Para escrever esse livro baseou-se em dados que ouviu de quatro dos discípulos de São Bento: Constantino, Valentiniano, Simplício e Honorato.

São Gregório jamais abandonou seus estudos teológicos e místicos, e escreveu diversas obras de espiritualidade que tiveram grande influência não só em seu tempo, mas em toda a Idade Média.

Divisão das anotações:

1 – Vida de São Bento e seus milagres
2 – Regra de São Bento
3 – Medalha de São Bento

I -Vida de São Bento e seus milagres

Família e solidão

Nascido na região de Núrsia (Itália), de uma nobre família, segundo antiga tradição nasceu no ano de 480, quase nada se encontra sobre a família do santo, apenas se tem registro de sua irmã gêmea Santa Escolástica, mulher de grande virtude, amante da solidão.

São Bento foi enviado pelos pais a Roma para estudar as Letras, mas vendo que muitos se deixavam arrastar no estudo para o caminho da perdição, desprezou os estudos literários, abandonou a casa e os haveres paternos, e procurou o hábito da vida monástica. Buscou a solidão em um lugar chamado Subiaco, cerca de 40 milhas de Roma. Enquanto caminhava para esse destino, encontrou com um monge chamado Romano (São Romano); este sabendo pela boca do santo de suas intenções o ajudou, impondo-lhe o hábito da vida monástica.

São Bento isolou-se em uma gruta muito pequena, e ali permaneceu por três anos, isolado de todos os homens, nessa época foi muito tentado pelo demônio, principalmente com tentações de impureza. Um dia para se livrar de uma tentação violenta, o santo se jogou nu entre os espinhos, deixando seu corpo todo chagado, de tal modo ficou nele domada a tentação da volúpia que nunca mais sentiu nada semelhante.

Nesses três anos sua alimentação era baseada nos poucos pedaços de pães que São Romano levava para ele; como a gruta era de difícil acesso, o alimento era amarrado em uma corda, e descido até a gruta.

Mas Deus queria que a vida de São Bento fosse dada a conhecer como exemplo para os homens, ordenou a certo sacerdote que vivia longe dali, que levasse comida ao servo São Bento: “Tu preparas delícias para ti mesmo, enquanto meu servo passa fome em tal lugar”.

E o sacerdote levantou-se e foi em busca do servo de Deus, e por essa forma seu nome foi conhecido a todos os que habitavam nas circunvizinhanças, e começou a ser visitado com freqüência.

Ações

- Abade de um mosteiro corrompido

Não longe, dali havia um mosteiro cujo abade havia falecido, e os membros dirigiram-se a São Bento rogando-lhe que os dirigisse. Durante muito tempo o santo negou dizendo que seu modo de proceder não se ajustava aos daqueles irmãos, mas acabou por consentir.

Impôs para aquele mosteiro regras, não permitindo a ninguém desviar-se como antes, nem para o lado direito e nem para o lado esquerdo, mas os monges deveriam andar no reto caminho da perfeição.

Irritados com tanta severidade, os irmãos colocaram veneno em seu vinho.

Como de costume, o abade abençoava os alimentos e bebidas. Quando levantou a mão e fez o sinal da cruz, um vaso que estava a certa distância se quebrou o santo homem levantou-se e disse: “Que Deus onipotente tenha piedade de vós irmãos; por que quisestes fazer isso comigo? Por acaso não vos disse antecipadamente que eram incompatíveis meus modos de proceder com os vossos? Ide e buscai um pai de acordo com vossos caprichos, porque a partir de agora de modo algum podereis contar comigo”.

Retornou então a sua amada solidão, e como o santo crescia em virtude, muitos foram os que quiseram segui-lo, foram então construídos ali doze monastérios. São Bento nomeou um abade para cada um dos monastérios e permaneceram com ele alguns outros discípulos os quais ainda receberiam formação do santo homem.

- Educador

Também nessa época começaram a visitá-lo nobres e pessoas religiosas da cidade de Roma e ofereciam-lhe seus filhos para que fossem educados no temor de Deus.

Dois deles foram São Mauro e São Plácido.

São Mauro foi um dos primeiros discípulos de São Bento, muito enviado em missões para espalhar a regra beneditina, faleceu em 584.

São Plácido, é considerado discípulo amado de São Bento, pois ainda era muito pequeno quando foi entregue para ser educado, a tradição conta que foi mártir.

Muitos milagres realizaram pela invocação da santa cruz.

- Fundador do Mosteiro de Monte Cassino

Havia um sacerdote que tinha muita inveja de São Bento, e tomado por esse mau sentimento mandou um pão envenenado a São Bento como presente.

O homem de Deus por sua parte aceitou-o com agradecimentos, mas não lhe era desconhecido o mal que o pão ocultava.

Na hora da refeição, como de costume um corvo da floresta vizinha, vinha receber alimento do santo, e São Bento ordenou: “Em nome de Jesus Cristo Nosso Senhor, toma esse pão e lança - o em algum lugar onde não possa ser achado por homem algum”. O corvo, abrindo e estendendo as asas começou a grasnar, e o homem de Deus ordenou novamente: “Toma-o, toma-o sem medo, e lança-o num lugar onde não possa ser encontrado”. O corvo obedeceu.

Não conseguindo matar o corpo de São Bento, o sacerdote, resolveu perder as almas dos discípulos do santo, introduziu no jardim do mosteiro, sete mulheres desnudas.

São Bento vendo da cela, e temendo pela perda dos seus, distribuiu os seus discípulos pelos monastérios e levando consigo poucos monges, afastou-se para outra morada.

Florêncio -- esse era o nome do sacerdote-- , enquanto comemorava no terraço a saída de São Bento, sem que se abalasse em nada o resto da construção, desabou, entretanto o terraço em que ele estava esmagando-o e matou-o.

São Bento partiu em direção a fortaleza chamada Cassino, situada entre Nápoles e Roma. Houve nessa fortaleza um templo pagão, onde se rendia cultos ao deus Apolo, em volta havia bosques, onde tinha sido realizado culto aos demônios.

Segundo a tradição a fundação do Mosteiro de Monte Cassino ocorreu no ano de 528 ou 529. Ao chegar àquele local o homem de Deus destruiu o ídolo e colocou por terra o seu altar, construindo no lugar do ídolo um oratório em honra de São Martinho e no lugar do altar um oratório a São João.

O antigo inimigo furioso aparecia claramente aos olhos do Pai Bento, e muitas foram às vezes em que tentou acabar com o Mosteiro.

Gritava dizendo: “Bento, Bento”, e recebia o silêncio como resposta, logo acrescentava: “Maldito és tu, e não bendito. Que tens comigo? Por que me persegues?”


  
(Mosteiro Monte Cassino destruído
na Segunda guerra mundial e posteriormente restaurado)

Milagres e profecias

- Ressurreição de um jovem monge

Enquanto os irmãos levantavam uma parede que se fazia necessária no Mosteiro, São Bento estava a rezar, quando o inimigo apareceu a ele, ameaçando-o.

Logo em seguida o espírito do mal derrubou a parede, esmagando um jovem monge, destroçando-o completamente.

O Pai Bento então ordenou que levassem até ele o menino destroçado, os irmãos juntaram os pedaços dos membros e ossos em um lençol, e assim o fizeram.

Pôs-se a rezar com mais fervor. E -- coisa admirável -- logo em seguida estava enviando de novo o menino, são e salvo, para que terminasse também ele a parede com os irmãos.

- Morte de São Bento

No mesmo ano em que morreria, anunciou a sua morte aos irmãos; seis dias antes da morte, mandou abrir sua sepultura. Logo depois, atacado por febres, começou a ressentir-se de seu ardor violento.

No dia de sua morte, fez-se conduzir ao oratório para receber a Santa Eucaristia; e apoiando seus enfraquecidos membros nos braços dos discípulos, permaneceu de pé com as mãos erguidas para o céu, e exalou o último suspiro entre palavras de oração.

II- Regra de São Bento


Não quero que ignores que o homem de Deus, entre tantos milagres com que resplandeceu no mundo, brilhou também de modo não menos admirável por sua doutrina; porque escreveu para os monges uma regra notável pela sabedoria e muito clara em sua linguagem. Se alguém quer conhecer mais profundamente a vida e os costumes de Bento, poderá encontrar no próprio ensinamento da regra que escreveu todas as ações de seu magistério, por que o santo varão não poderia ensinar outra coisa senão o que ele mesmo praticou.”

(São Gregório Magno)

A regra é dividida em 73 capítulos, segue alguns pontos dela:

Prólogo – “Devemos, pois constituir uma escola de serviço ao Senhor. Nesta instituição esperamos nada estabelecer de áspero ou de pesado. Mas se aparecer alguma coisa um pouco mais rigorosa, ditada por motivos de eqüidade, para emenda os vícios ou conservação de caridade não fujas logo, tomado de pavor, do caminho da salvação, que nunca se abre senão por estreito caminho”.

Gênero dos monges - Há quatro gêneros de monges: 1- Cenobitas (monasterial), que militam sob uma regra e um Abade; 2- Anacoretas (eremitas), que militam no deserto; 3- Sarabaítas, detestável gênero, são conhecidos por mentir a Deus pela tonsura, não seguem nenhuma regra, e vivem a sua satisfação como lei e os Giróvagos se hospedam em diferentes províncias, sempre vagando e nunca estáveis, escravos das próprias paixões.

Abade – Ele faz às vezes de Cristo... Por isso não deve ensinar, determinar ou ordenar, nada que seja contrário ao preceito do Senhor, mas que a sua ordem e ensinamento, como fermento da divina justiça se espalhe na mente dos discípulos; lembre-se sempre o abade de que da sua doutrina e da obediência dos discípulos, de ambas essas coisas, será feita apreciação no tremendo juízo de Deus... Antes de tudo não se trate com mais solicitude das coisas transitórias, terrenas e caducas, negligenciando ou tendo em pouco a salvação das almas que lhe foram confiadas.

Oração – Se queremos sugerir alguma coisa aos homens poderosos, não ousamos fazê-lo a não ser com humildade e reverência; quando mais não se deverá empregar toda a humildade e pureza de devoção para suplicar ao Senhor Deus de todas as coisas? E saibamos que seremos ouvidos, não com o muito falar, mas com a pureza do coração e a compunção das lágrimas. Por isso, a oração deve ser breve e pura, a não ser que, por ventura, venha a prolongar-se por um afeto de inspiração da graça divina.

Doentes – Antes de tudo e acima de tudo devem tratar-se dos enfermos de modo que se lhes sirva como verdadeiramente ao Cristo, pois Ele disse: “Fui enfermo e visitaste-Me” e “Aquilo que fizestes a um destes pequeninos, a Mim fizestes”.

Da recepção dos hóspedes -Todos os hóspedes que chegarem ao mosteiro sejam recebidos como Cristo... Logo que um hóspede for anunciado, corra-lhe ao encontro o superior e os irmãos, com toda a solicitude da caridade... Em todos os hóspedes que chegam e que saem, adore-se, com a cabeça inclinada ou com todo o corpo prostrado por terra, o Cristo que é recebido na pessoa deles.

Candidatos - Apresentando-se alguém a vida monástica, não se lhe conceda fácil ingresso, mas como diz o Apóstolo: “Provai os espíritos, se são de Deus”. Portanto, se aquele que vem perseverar batendo á porta e se depois de quatro ou cinco dias, sendo-lhe feitas injúrias e dificuldades de entrar, parecer suportar pacientemente e persistir no seu pedido conceda-se-lhe o ingresso... Que haja solicitude em ver se procura verdadeiramente a Deus, se é solícito com o Ofício Divino, a obediência e os opróbrios. Sejam-lhe dadas a conhecer, previamente, todas as coisas duras e ásperas pelas quais se vai a Deus.

III- Medalha milagrosa de São Bento

A medalha de São Bento tornou-se célebre por sua eficácia extraordinária no combate ao demônio e a suas manifestações; na defesa contra malefícios de todas as espécies, contra doenças, principalmente hemorragias, picadas de animais peçonhentos; na proteção de animais domésticos, veículos, e na conversão dos mais incrédulos.

Descrição da medalha

Imagem da Santa Cruz - Instrumento da redenção do mundo. A Cruz, que a Igreja saúda como a nossa única esperança.

A representação da Cruz desperta, em nós, todos os sentimentos de gratidão para com Deus, pelo benefício de nossa salvação. Depois do Santíssimo Sacramento, nada há sobre a terra que mais digno seja de nosso respeito do que a Cruz; é por isso que lhe tributamos um culto de adoração, o qual se refere á Nosso Senhor, que a regou com Seu sangue divino.

Imagem de São Bento – A honra de figurar na mesma medalha com a imagem da Santa Cruz foi concedida a São Bento, com a finalidade de bem indicar a eficácia que teve em suas mãos aquele sagrado sinal, muitos foram os milagres que São Bento realizou e também seus discípulos através da invocação da Santa Cruz.

O próprio Salvador do mundo parece ter querido por um especial favor, confiar aos filhos de São Bento considerável parte da Cruz na qual resgatou os homens.

Existem fragmentos do sagrado madeiro nos mosteiros na França, em Paris, Veneza, Espanha, Suíça, Alemanha, Áustria, etc.

Os caracteres – além das imagens a medalha traz ainda certo número de letras, e cada letra representa uma palavra. As diversas palavras reunidas formam frases que manifestam a intenção da medalha.

Às quatros letras que vêem colocadas entre as hastes da referida Cruz:

C S
P B

Significam: Crux Sancti Patris Benedicti (Cruz do Santo Padre Bento)

Na linha vertical da Cruz lê-se:

C
S
S
M
L

Significam: Crux sacra sit mihi lux (A Cruz sagrada seja a minha luz)

Na linha horizontal da mesma Cruz, lê-se:

N.D.S.M.D.

Significam: Non draco sit mihi dux (Não seja o dragão o meu chefe)

Em redor da medalha existe uma inscrição mais extensa, a qual em primeiro lugar apresenta o santíssimo nome de Jesus, expresso pelo monograma: I.H.S.

Vêm depois, da direita para a esquerda, as seguintes letras:

V.R.S.N.S.M.V.S.M.Q.L.I.V.B

Significam: Vade reto satana; nunquan suade mihi vana: Sunt mala quae libas; ipse venena bibas. (Afasta-se, satanás; nunca me aconselhe tuas vaidades, a bebida que ofereces é o mal: bebe tu mesmo teus venenos).

Tais palavras supõem-se terem sido ditas por São Bento: as do primeiro verso, por ocasião da tentação contra a pureza; e a segunda no momento em que os seus inimigos lhe apresentaram uma bebida envenenada.

Existe na medalha uma junção de tudo o que satanás mais teme: a Cruz, o santo Nome de Jesus, as próprias palavras do Salvador quando tentado, e por fim, a recordação das vitórias que o grande Patriarca São Bento alcançou sobre o dragão infernal.

Origem – É impossível fixar com precisão a época em que se começou a usar a medalha.

Em 1647 na Baviera, umas feiticeiras, acusadas de terem feito malefícios contra os habitantes da região, foram encarceradas e no processo, elas declaram que suas supersticiosas maquinações sempre ficavam sem resultado nos lugares em que a imagem da Santa Cruz estivesse e elas acrescentaram que nunca tinham podido exercer poder algum sobre a abadia de Metten.

Os investigadores ao visitarem o mosteiro notaram nas paredes muitas representações da Santa Cruz, acompanhadas de alguns caracteres.

Depois de muitas investigações, afinal encontrou-se na biblioteca da abadia, um manuscrito, notável pela encadernação enriquecida com relíquias e pedras preciosas, e trazia na primeira página, treze versos que indicavam terem sido escrito por ordem do Abade Pedro, no ano de 1415.

Havia vários desenhos a bico de pena e um dos escritos representa São Bento, tendo na mão direita, um bastão terminado por uma cruz, sobre o bastão lia-se este verso:

Crux sacra sit m lux n draco sit michi dux.

Da mão direita do santo Patriarca saia uma flâmula com mais estes dois versos:

Vade retro sathana nuq suade m vana.
Sunt mala que libas ipse venena bibas.

Assim, no começo do século XV, São Bento já era representado com uma cruz; e já existiam os versos cujas iniciais se lêem hoje na medalha.

Essas descobertas despertaram à devoção do povo para com São Bento, representado com a Santa Cruz.

Juntaram-se os caracteres cuja explicação tinha sido fornecida pelo manuscrito de Metten, e as imagens da santa Cruz e a de São Bento.

A Alemanha foi o primeiro lugar onde foi cunhada a medalha, e ela se espalhou com rapidez por toda a Europa católica.

Aprovação da Medalha pela Sé Apostólica - A medalha havia sido denunciada como supersticiosa pelo J.B.Thiers, em seu Tratado das Superstições, obra condenada pela Igreja.

Esse crítico pretendia fundamentar suas invectivas com o pretexto de que, não sendo fácil adivinhar o sentido das letras capitais que se lêem na medalha, elas se tornavam por isso mesmo suspeitas de alguma intenção mágica.

Dom Guéranger argumenta:

“J.B.Thiers, a quem faltavam, com a tantos outros hipercríticos de seu tempo, estudos arqueológicos; a não ser assim, ele por certo não acharia mais estranho exprimir as palavras Vade retro, Satana, etc. Pelas letras V.R. S, etc., do que usar, como faziam os primitivos cristãos, a palavra I CH TH Y S (peixe, em grego) para significar IESUS CHRISTOS THEU YIOS SOTER (Jesus Cristo Filho de Deus salvador). Em Roma sempre se conheceu o sentido daquelas coisas; não poderia encontrar obstáculos com receio de parecer sancionar alguma fórmula cabalística.”

Para tranqüilizar a fé dos fiéis o Papa Bento XIV, aprovou a medalha por um Breve de 12 de março de 1742, sancionou ademais a fórmula da benção que lhe deve ser aplicada, que, aliás, é de rigor (em um livro pequeno conta-se duas páginas de benção-frente e verso) e concedeu inúmeras indulgências aos que a levassem consigo, uma delas que é bem interessante é a seguinte:

Aquele que orar todos os dias pela extirpação das heresias ganhará, uma vez por semana, uma indulgência de vinte anos” (e levar a medalha consigo)

Segue algumas observações sobre a validade das indulgências:

Não obstante qualquer prescrição em contrário, Sua Santidade declarou que as Medalhas de que se trata se não tiverem sido bentas pelos monges designados, ou por aqueles a quem a Santa Sé por privilégio especial conceder essa faculdade, não gozarão absolutamente de indulgência alguma, igualmente proibiu que as referidas Medalhas fossem de papel, ou de outra matéria semelhante, exigindo que sejam somente de ouro, prata, bronze, cobre ou outro metal sólido; sem o que não gozarão de indulgência alguma.”

Interessante notar que na mesma breve o papa Bento XVI manda observar o Decreto de Alexandre VII, publicado a 6 de fevereiro de 1657, onde diz que as medalhas bentas não podem ser emprestadas ou vendidas (por isso no livro de Dom Próspero Guéranger ele salienta que a medalha que acompanha o livro é um presente), pois senão perderão as indulgências que lhe foram aplicadas. E proíbe expressamente que algum Sacerdote, ou secular, ou qualquer Ordem, à exceção dos ditos Monges designados, ou daqueles a quem a Santa Sé houver concedido um indulto por especial privilégio que se atreva ou presuma benzer as ditas Medalhas, ou distribuí-las aos fiéis.

O privilégio de benzer as medalhas era reservado aos Beneditinos da Boêmia, Moravia e Silésia, posteriormente estendida a todos os Sacerdotes da Ordem de São Bento.

Na medalha não se deve acrescentar nenhum pormenor, pois um estudo feito em 1906 catalogou 241 variantes.

Nos últimos anos cunhou-se na França um grande número de medalhas sem a efígie de São Bento; outras medalhas que representam São Bento com uma corda na cintura, como os franciscanos, e não revestidos da cogula, indispensável sinal dos beneditinos.

Medalha do Jubileu


Em 1877 na preparação do 14º Centenário de nascimento de São Bento, a Abadia de Monte Cassino mandou cunhar um modelo de medalha que ficou conhecida como Medalha do Jubileu. Essa medalha é redonda; São Bento é nela representado segurando na mão direita a Cruz e na esquerda a Regra; à direita do Santo vê-se uma taça partida e uma serpente e à esquerda do Santo vê-se um corvo com um pão. Aos pés de são Bento, figuram as seguintes palavras: Ex S. M. Cassino MDCCCLXXX (Do Santo Monte Cassino, 1880).

Ao redor da imagem, lê-se um trecho da tradicional oração dirigida a São Bento para suplicar a graça da boa morte: Eivs. In. Obitv. Nro. Praesentia. Mvniamvr. (À hora de nossa morte sejamos defendidos pela sua presença); e na outra face da medalha, no alto da Cruz de formato grego lê-se a palavra Pax (paz).

Essas são as três diferenças da medalha original da abadia de Metten e dessa medalha do Jubileu: 1 – o escrito aos pés de São Bento; 2 – A oração pedindo a boa morte; 3 – Pax ao invés de I.H.S, e salientando que essa é mais arredondada.

O Papa Pio IX concedeu um grande número de indulgências específicas em um breve de 31 de agosto de 1877, as quais só eram válidas para os exemplares cunhados e distribuídos pela própria Abadia de Monte Cassino.

Devoção a São Bento

Um dia, ele apareceu à Santa Gertrudes, e a mesma pediu assistência na hora da morte para cada uma das religiosas que então compunha o mosteiro, respondeu-lhe com doce autoridade São Bento: “Todo aquele que meu Mestre dignou-se honrar meus últimos momentos, obrigo-me a assisti-lo eu mesmo na hora da morte. Serei para ele um baluarte, que o defenderá com segurança contra as investidas dos demônios. Fortificado por minha presença, escapará ás ciladas dos inimigos de sua alma, e o céu se abrirá diante dele”.