quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

O Padre santificado - A Fé

O Padre santificado
(resumo)
por
Pe. Antônio d' Almeida Moraes Júnior
ano de 1943, editora vozes
Resumo do livro escrito por Pe. Dubois


Primeiro meio de santificação para o Padre
As virtudes

Fé - Vida e espírito de Fé - Prática da Vida da Fé

A fé, diz Santo Ambrósio, é o fundamento sólido de todas as virtudes. Se me tirais a fé, que virtudes me deixais? Como esperarei em Deus, como O amarei, se, primeiro que tudo, não creio nEle? Como praticarei a humildade, a mortificação, a paciência, a castidade, se não creio firmemente que Deus me recomenda formalmente estas virtudes, e me reserva castigos terríveis, se as transgrido?

Mas, se, roubando-me a fé, me roubais as outras virtudes, que zelo posso eu ter para cultivar em outros o que desprezo em mim mesmo?

É por estas considerações que São Vicente de Paulo escreveu: "É absolutamente necessário, quer para nosso adiantamento, quer para a salvação dos outros, seguir sempre em tudo a luz da fé".

Falemos da vida da fé. Encontramos em quatro lugares da Santa Escritura esta sentença: O justo vive da fé. Trata-se aqui da vida da alma. Deve haver, portanto, para ela, um alimento espiritual, próprio para entreter seu princípio espiritual, próprio para entreter seu princípio vital. Deus diz-nos que este alimento é a fé. Convençamo-nos disto, examinando o que se passa na alma de um infiel, de um selvagem, que não tem o menor conhecimento das verdades reveladas. Deus vem em seu auxílio, ensinando-lhe as verdades eternas. O infiel bebe em Deus e na fé, com que Ele o esclarece, uma vida, e torna-se uma nova criatura, segundo estas belas palavras do grande apóstolo: Se alguém é renegerado em Jesus Cristo, ei-lo tornado uma nova criatura; tudo o que era do velho homem desaparece para ele; passa para uma nova vida.

É certo  que, se esta alma se deixa docemente guiar pelo princípio da fé que possui, tudo muda para ela, tudo, até seus atos, os mais indiferentes, até seus sentimentos, os mais íntimos.

Possuir a fé - e viver da fé, são duas coisas que não podemos confundir. Quantos santos e quantos criminosos possuem a mesma fé! Mas só os primeiros vivem da fé!

As verdades da fé são e serão indubitavelmente sempre misteriosas e ocultas neste mundo, mas é tão denso para nós o véu que as encobre, e tão transparente para os justos de Deus, que vivem da fé, que isto bem dá a conhecer o fervor de sua alma e a frieza da nossa, - a generosidade de seus sacrifícios e a  frouxidão que experimentamos da nossa parte, quando é necessário combater.

Devemos, a todo custo, viver constantemente da vida da fé, porque, fora desta vida, não poderemos nunca desempenhar com pleno merecimento para nós mesmos, nem com abundância de frutos para os outros, as santas funções do nosso ministério.

Que é viver da vida de fé? Viver da vida da fé é desprezar o que o mundo estima, e estimar o que ele despreza quando se tem de escolher entre ele e o Evangelho: é, por exemplo, separar-se dos filhos do século que gritam, como insensatos: felizes dos ricos! felizes os que se divertem! e opor a esta linguagem mundana as bem-aventuranças que Jesus Cristo proclama: felizes os pobres! felizes os que choram! felizes os que sofrem perseguição por amor da justiça!

Viver da vida da fé é entreter esta vida divina, fortificá-la, desenvolvê-la mais e mais, nutrir sua alma das verdades cristãs, trazê-las a miúdo ao seu pensamento, escolhê-las para assunto de suas meditações as mais comuns, e procurar nelas só as luzes, a força e as consolações de que se precisa nas dúvidas, nos combates e nas tribulações.

Eia qual deveria ser a vida de todos os cristãos, porque todos são regenerados em Jesus Cristo, porque o Evangelho é a sua regra e a fé sua bandeira. Mas quanto esta vida da fé não é mais obrigatória para o Padre que a prega no púlpito, que insinua no tribunal da penitência, que faz dela a cada momento profissão pública nas diviníssimas funções que desempenha!

Onde iremos procurar a vida da fé, se o próprio Padre não a conhece?

O Padre só é grande pela fé; dela é que tira o esplendor de sua glória: na esfera da fé é que se exercem todos os atos do seu sacerdócio; ele não é nada senão pela fé. Logo, sejamos homens de fé; sejamos os primeiros a praticar o que pregamos aos outros. Fiéis imitadores de Jesus Cristo, nosso chefe, comecemos por praticar antes de ensinar.

Envergonhemo-nos de ensinar aos simples fiéis a santificar suas obras comuns, e não sabermos nós mesmos desempenhar dignamente as funções divinas do nosso sacerdócio. Vivamos da vida da fé, porque é da fé que resulta nossa glória, e entremos nos sentimentos desse homem venerável, Mr. de Renty, piedoso leigo, cuja vida escreveu o sábio P. Santa-Jura, o qual dizia na expansão da sua fervorosa piedade: "Ah! quanto é bom viver da vida da fé! De dia para dia conheço a sua graça. Os que vivem esta vida dos justos, tocam afinal o cúmulo da sua perfeição, e recebem as primícias da glória". Não consintamos que os leigos sejam nossos mestres, nós que somos seus pastores, e todos os dias temos a eles por nossos ouvintes e discípulos.