A vós correndo vou, braços sagrados,
Nessa Cruz sacrossanta descobertos:
Que, para receber-me, estais abertos,
E, por não castigar-me, estais cravados.
A vós, olhos divinos eclipsados,
De tanto sangue e lágrimas cobertos,
Que, para perdoar-me, estais despertos
E, por não devassar-me, estais fechados.
A vós, pregados pés, por não fugir-me;
A vós, cabeça baixa, por chamar-me;
A vós, sangue vertido, para ungir-me;
A vós, lado patente, quero unir-me;
A vós, cravos preciosos, quero atar-me;
Para ficar unido, atado e firme.
(Do doutor, Manuel da Nóbrega, extraído do livro: Nova Floresta, Terceiro Tomo, pelo Pe. Manuel Bernardes, Livraria Lello & Irmão, ano de 1949)