Testamento do chefe de família
(Tobias e Tobit)
O célebre industrial do Val-des-Bois, Léon Harmel, cristão excelente a quem os operários chamavam: "O bom pai", e que sempre procurava uma perfeita união com os seus operários quis, antes de morrer, deixar aos filhos o testamento seguinte:
"Meus bons filhos, quando lerdes estas linhas já eu não serei vivo. Já a morte terá comparecido diante do supremo juiz. Que Ele se digne continuar a prodigalizar-me nesse momento terrível a misericordiosa bondade que me dispensou em todos os instantes da minha vida.
Não vos deixo órfãos; encarrego-vos à melhor e à mais poderosa das mães. Todos sois filhos de Maria, lembrai-vos disso. Foi o primeiro nome que recebestes todos no batismo. Quisemos assim consagrar-vos a essa Mãe por excelência. Não vos abandonará se A invocardes sempre. Amai-A; por meio dEla amareis a Jesus. Toda a lei se resume numa só palavra: amor! Amai-vos uns aos outros; seja a caridade a vossa regra absoluta! Dai, e Deus vos restituirá, mesmo neste mundo. A caridade não arruína ninguém, e não vos contenteis com dar dinheiro, dai-vos a vós mesmos.
Evitai o luxo. Além de arruinar as famílias, o luxo seca a alma. Suportai pacientemente os contratempos, as injúrias; são outras tantas pérolas que o bom Mestre vos envia.
Procurem os meus filhos religiosos ser melhores, porque, no caminho de Deus, ou avançamos ou recuamos. Não podemos estacionar. Mas os que vivem no mundo, não se julguem dispensados de coisa alguma. Também para eles há um céu a ganhar e um inferno a evitar. O caminho do céu é estreito e áspero. É mais difícil para eles do que para os religiosos.
Organizai para vós alguns regulamentos de vida simples, não muito carregado, mas procurando a sério ser-lhe fiéis. Meditai todos os dias, nem que seja pelo espaço de um quarto de hora apenas. Será o tempo mais bem empregado do dia. Santa Teresa diz que se responsabiliza pela salvação de quem medita todos os dias. Finalmente, mortificai-vos, imponde-vos alguns sacrifícios de vez em quando. Tendes tanto que pagar e a vida é tão curta!
Não me esqueçais depois da morte; não esqueçais a vossa mãe quando ela vier juntar-se a mim. Diante de Deus lembrai-vos algumas vezes daqueles que tanto vos amaram na terra e continuarão a amar-vos no céu..."
(Cristo no lar, meditações para pessoas casadas, por Raúl Plus, S.J, tradução de Pe. José Oliveira Dias, S.J. ; 2ª Edição, Livraria Apostolado da Imprensa, 1947, com imprimatur)