O esforço pessoal de redenção
Para este mundo dilacerado por tantas calamidades e cenário comum de paixões contrárias, o cristão traz seu ideal e luta por realizá-lo. Traz seu ideal, mas o mundo não parece disposto a acolhê-lo. Como Maria e José ao chegarem em Belém o cristão tem a impressão de que tampouco há lugar para ele. E às vezes é assaltado pela tentação de evadir-se e deixar os outros homens nas suas lutas inglórias, para retirar-se e viver na contemplação das verdades eternas.
E apesar disso, Deus o colocou neste mundo para que ele "o cultive e o conserve".
Esse trabalho se oferece ao cristão durante toda a vida: na vida privada, familiar, profissional, cívica, enfim, em todos os instantes de sua existência. A cada passo deve agir, ou reagir como cristão num mundo que não o é.
Deve redimir-se e redimir-se o mundo. Depois do pecado original somente o esforço doloroso sobre si mesmo permite ao homem livrar-se do mal e marchar para Cristo. Em todas as épocas da história da Igreja, ou da humanidade, foi, como é, necessário o mesmo esforço de cada um dos homens. E o esforço redentor; sem a redenção não há cristianismo. Se Cristo redimiu a humanidade com o Seu sangue, resta a cada homem aceitar que lhe seja aplicado o resgate do Calvário; e seu assentimento torna-se efetivo pelo sacrifício pessoal que é uma extensão do sacrifício de Cristo.
Fala-se muito em nossos dias de estabelecer uma ordem social cristã, para que os homens se rejam por instituições inspiradas nos preceitos do evangelho. Realmente, isto é o que todos nós desejamos.
E apesar disso, Deus o colocou neste mundo para que ele "o cultive e o conserve".
Esse trabalho se oferece ao cristão durante toda a vida: na vida privada, familiar, profissional, cívica, enfim, em todos os instantes de sua existência. A cada passo deve agir, ou reagir como cristão num mundo que não o é.
Deve redimir-se e redimir-se o mundo. Depois do pecado original somente o esforço doloroso sobre si mesmo permite ao homem livrar-se do mal e marchar para Cristo. Em todas as épocas da história da Igreja, ou da humanidade, foi, como é, necessário o mesmo esforço de cada um dos homens. E o esforço redentor; sem a redenção não há cristianismo. Se Cristo redimiu a humanidade com o Seu sangue, resta a cada homem aceitar que lhe seja aplicado o resgate do Calvário; e seu assentimento torna-se efetivo pelo sacrifício pessoal que é uma extensão do sacrifício de Cristo.
Fala-se muito em nossos dias de estabelecer uma ordem social cristã, para que os homens se rejam por instituições inspiradas nos preceitos do evangelho. Realmente, isto é o que todos nós desejamos.
Nada mais justo que considerar esta ordem social cristã como a meta para a qual tendemos. Porém seria uma ilusão pensar que virá o dia em que a vida cristã decorrerá inevitavelmente das instituições estabelecidas.
Jamais se viu uma sociedade tal que nela florescesse naturalmente a vida cristã pelo simples jogo das leis e dos costumes, ou pelo respeito que lhes é tributado. E aquele que confiou demasiadamente em uma religião tradicional (de práticas convencionais e quiçá rotineiras) jamais pode resistir a abalos muito rudes. Nunca foi bastante aplicar a um dado dado uma fórmula prevista, para que o resultado obtido fosse perfeito.
"Meu reino não é deste mundo". Não devemos esperar que o reino terreno chegue um dia a ser a réplica do Reino dos céus, que a fraqueza atraia as honras ou que a humanidade ganhe riquezas.
Nos primeiros séculos, alguns cristãos imaginaram um reino temporal em que Jesus Cristo, durante um milênio, governaria o universo habitado. Desde muito, porém, ninguém pensa já em ver realizado semelhante sonho. Mas quiçá acariciemos a esperança e ver um dia surgir uma era de cristandade, em que os valores religiosos serão reconhecidos autênticamente e praticados com facilidade.
Querer que se estabeleça uma ordem mais cristã é, sem dúvida alguma, uma excelente empresa, mas com a condição de que não pensemos que chegará um dia em que o cristão - decidido a realizar o evangelho - não terá mais que observar sem grande trabalho as normas estabelecidas.
Quero dizer com isto que o cristão sempre deve estar em guarda contra a tendência que aflige a todo o homem e à sociedade, de cair pelo próprio peso na mediocridade. Enquanto que, para fazer o mal, basta que nos deixemos levar, o bem exige sempre um esforço. Não podemos dormir sobre nossos triunfos, declarando como os judeus: "nosso pai é Abraão". (João 8, 39)
Além disso, as condições de vida são sempre novas para cada homem e para cada geração. Elas nos obrigam a aplicar os princípios eternos do cristianismo em terrenos ainda não explorados. Os cristãos do século XVII não conheceram nem as sociedades anônimas, nem o sistema atual de empréstimos bancários, nem a democracia, nem o facísmo, nem o comunismo. Portanto não podemos contentar-nos em imitar suas atitudes; não podemos fugir ao esforço pessoal.
Ainda imaginando uma ordem mais favorável ao florescimento das virtudes cristãs, o reino de Jesus Cristo, mesmo assim, nunca será deste mundo, "e aqueles que o queiram conquistar deverão no futuro como no passado, fazer violência".
Nos primeiros séculos, alguns cristãos imaginaram um reino temporal em que Jesus Cristo, durante um milênio, governaria o universo habitado. Desde muito, porém, ninguém pensa já em ver realizado semelhante sonho. Mas quiçá acariciemos a esperança e ver um dia surgir uma era de cristandade, em que os valores religiosos serão reconhecidos autênticamente e praticados com facilidade.
Querer que se estabeleça uma ordem mais cristã é, sem dúvida alguma, uma excelente empresa, mas com a condição de que não pensemos que chegará um dia em que o cristão - decidido a realizar o evangelho - não terá mais que observar sem grande trabalho as normas estabelecidas.
Quero dizer com isto que o cristão sempre deve estar em guarda contra a tendência que aflige a todo o homem e à sociedade, de cair pelo próprio peso na mediocridade. Enquanto que, para fazer o mal, basta que nos deixemos levar, o bem exige sempre um esforço. Não podemos dormir sobre nossos triunfos, declarando como os judeus: "nosso pai é Abraão". (João 8, 39)
Além disso, as condições de vida são sempre novas para cada homem e para cada geração. Elas nos obrigam a aplicar os princípios eternos do cristianismo em terrenos ainda não explorados. Os cristãos do século XVII não conheceram nem as sociedades anônimas, nem o sistema atual de empréstimos bancários, nem a democracia, nem o facísmo, nem o comunismo. Portanto não podemos contentar-nos em imitar suas atitudes; não podemos fugir ao esforço pessoal.
Ainda imaginando uma ordem mais favorável ao florescimento das virtudes cristãs, o reino de Jesus Cristo, mesmo assim, nunca será deste mundo, "e aqueles que o queiram conquistar deverão no futuro como no passado, fazer violência".
Ao tempo de São João Batista, os judeus, possuidores do reino, eram "o povo escolhido". João Batista, e mais tarde Jesus, desenganaram-nos. Cristo não reconhece como Seus discípulos aos que se contentam em pertencer oficialmente a uma sociedade escolhida, e em repetir: "Senhor, Senhor". Pelo contrário, "os que fazem a vontade do Pai", "os que fazem violência", os que colaboram na redenção, só esses alcançarão o Reino eterno.
O ensinamento de Cristo é sempre atual e sempre verdadeiro: "Quem quer ser Meu discípulo, renuncie-se a si mesmo". Não serão excluídos, na lista das bem-aventuranças, aqueles que forem perseguidos por amor à justiça, e sempre se verificará a palavra de São Paulo: "Quem quer viver santamente em Cristo sofrerá perseguições".
(Cristãos no mundo, pelo padre E.Roche S.J, tradução de Jovany de Sampaio, editora mensageiro da fé, ano de 1948)
(Cristãos no mundo, pelo padre E.Roche S.J, tradução de Jovany de Sampaio, editora mensageiro da fé, ano de 1948)
PS: Grifos meus.