O culto ao sagrado Coração de Jesus
A devoção ao divino Coração, porém, tomou extraordinário incremento, depois que Jesus, chamando todos os homens a aprender dEle, que é "manso e humilde de coração", extraiu do tesouro do Seu Coração o dom excelente da Sagrada Eucaristia e quis, finalmente, que esse Coração, aberto na Cruz, a todos ficasse patente como asilo. Esta devoção especial, já os apóstolos a espalharam no universo, os Padres da Igreja com ternura a cultivaram e zelosamente lhe teceram encômios. Enfim, os santos de todos os séculos foram discípulos fervorosos do Coração de Jesus.
Quando chegou, porém, a plenitude dos tempos em que o Salvador determinava prodigalizar todas as riquezas do Seu Coração, "apareceu a Sua benignidade" e Ele próprio revelou ser vontade Sua estabelecer o culto especial para com o Seu sagrado Coração, atestando e prometendo derramar abundantíssimas graças sobre quantos se consagrassem de modo particular a tal culto.
O objeto desta devoção é o próprio Coração de Jesus. Como há em Jesus Cristo duas naturezas, a divina e a humana, porém uma só pessoa divina, o Coração de Jesus Cristo é o Coração da pessoa divina, o Coração do Verbo encarnado. E, como a pessoa divina tem direito a ser honrada com supremo culto, também ao sagrado Coração de Jesus devemos prestar o mesmo culto, por ser inseparável e indivisível da pessoa divina. Tal é a verdade católica que refutou todos os erros contrários.
Resume-se em três pontos o fim desta devoção:
1º- Correspondermos de todos os modos ao imenso amor de Jesus, simbolizado no Seu Coração que tanto fez e sofreu por nós, e nos concedeu o precioso e suavíssimo Sacramento da Eucaristia.
2º- Repararmos, quanto nos for possível, pelo fervor da nossa piedade, todas as injúrias que feriram e ainda hoje ferem o sagrado Coração, apresentado por Jesus como sede de todos os Seus afetos.
3º- Imitarmos o objeto do nosso culto, revestindo-nos dos mesmos afetos e sentimentos que animaram o Seu Coração durante a Sua vida e Paixão e ainda hoje perduram na Sua vida Sacramental e bem-aventurada.
Por sua antiguidade, objeto e múltiplo fim, é evidente ser esta devoção a mais excelente, frutuosa, sólida e consoladora. Resumindo-se a devoção em imitar o que veneramos, pois todos os demais fins se encerram e se praticam na verdadeira imitação...
(Prefácio [excertos] do livro: A Jesus os corações ou imitação do Sagrado Coração de Jesus pelo Pe. Pedro Arnoudt S.J, editora Vozes LTDA Petrópolis, ano de edição 1941)
(Prefácio [excertos] do livro: A Jesus os corações ou imitação do Sagrado Coração de Jesus pelo Pe. Pedro Arnoudt S.J, editora Vozes LTDA Petrópolis, ano de edição 1941)