sábado, 10 de outubro de 2009

A educação da ordem


Ter ordem não é coisa insignificante. É uma das virtudes mais preciosas para o perfeito equilíbrio da vida individual e para a boa harmonia na vida em comum.

Nossas filhas sentirão, durante toda a vida, grande necessidade de ter ordem, sobretudo quando forem donas de casa, esposas ou mamães. Mas é na idade em que se formam os hábitos que cumpre desenvolver essa disciplina. A ordem é igualmente necessária aos meninos, porque não há profissão na qual quem tiver ordem não ultrapasse a quem não a tiver. Existem mesmo algumas em que a desordem incorrigível constitue autêntica contra-indicação.

A ordem é um meio de desenvolver nas crianças o auto-domínio, e num certo sentido o espírito de sacrifício, obrigando-as a lutar contra a negligência. Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar; um tempo para cada coisa e coisa a seu tempo. Duas fórmulas que é preciso repetir sem cessar, e sobretudo viver.

É uma realidade da experiência que a ordem exterior torna a vida mais agradável: alivia a memória, permitindo encontrar sem esforço as coisas em seus lugares.
- Facilita a calma, suprimindo as causas de fadiga suplementares, provocadas pela desordem.
- Faz ganhar tempo, permitindo agir com segurança no sentido de encontrar o que se precisa.
- Facilita o respeito ao bem comum e o senso social, porque nada prejudica mais o bom entendimento e a ajuda mútua do que não colocar nos lugares objetos e utensílios pertencentes à comunidade familiar.
- A ordem também assegura a exatidão, que é uma das formas mais preciosas da polidez.

Para estimular nas crianças o amor à ordem é preciso acentuar, sempre que se apresentar oportunidade, quão agradável e prático é encontrar as coisas com os olhos fechados; (Pode-se mesmo fazer disso um jogo improvisado) por exemplo, mostrar-lhes todas as pequenas vantagens de ter em ordem os objetos de uso pessoal, no armário, na carteira, na pasta ou nos bolsos. Alertar as crianças contra uma ordem que seria apenas hipócrita: por exemplo a mesa bem arrumada e as gavetas em polvorosa.

Mme. Montessori notou que mais ou menos aos três anos de idade há um "período sensível", isto é, uma época particularmente favorável à aquisição da ordem. O fato é verdadeiro, e numerosos são os pais que o verificaram. Esperar muito tempo para estimular na criança o hábito da ordem é arriscar-se a esperar sempre.

Aos nove ou dez anos, o hábito da ordem deve confirmar-se pelo hábito da exatidão. É a idade em que é preciso ensinar à criança a organizar o seu trabalho e o seu tempo, prever mesmo a sucessão de suas ocupações por um par de horas, e em seguida por seis horas.

Ao voltar das aulas, cada criança deveria estabelecer um horário: deveres a fazer, lições a aprender, livros a ler, etc ..., indicar para cada operação lapso de tempo favorável e especificar a ordem da execução. De certo, não se trata de mecanizar a criança, mas de ajudá-la a obter a produtividade máxima das horas que dispõe.

(A arte de educar as crianças de hoje - Padre G. Courtois)

PS: Grifos meus