"Como vos pagarei, ó Cristo, esse vosso amor?
É justo que sangue se pague com sangue.
Seja eu banhado com esse sangue e cravado nessa cruz.
Recebe-me também em teus braços, ó Santa Cruz.
Alarta-te, coroa de espinhos,
para que eu coloque em ti a minha cabeça.
Cravos, deixai as mãos inocentes de meu Senhor
e transpassai meu coração de compaixão e amor.
Roubador dos corações,
a força de vosso amor estraçalhou nossos corações tão duros.
Inflamastes todo o mundo no vosso amor.
Senhor da sabedoria,
inebriai nossos corações com esse vinho,
abrasai-os com essa flecha de vosso amor.
A vossa cruz é arco e flecha que fere os corações.
Saiba todo o mundo que tenho o coração ferido.
Ó grande Amor, o que fizestes?
Viestes para curar e me feristes?
Viestes para me ensinar a viver e me tornastes semelhante a um louco?
Ó sábia loucura, não viva mais eu sem vós!
Senhor, quando vos vejo na cruz,
tudo me convida a amar:
o madeiro, a vossa pessoa, as feridas de vosso corpo e principalmente o vosso amor.
Tudo me convida a vos amar e a não me esquecer mais de Vós"
(São João de Ávila, Trattati dei SS.Sacramento dell' Eucaristia, t.I, nº 14-18)