Cumpre exijais sempre de vossos educandos perfeita lealdade em palavras e atitudes. Não temais abater a hipocrisia e tornar coisa de repudio tudo quanto cheira a deslealdade. Podem servir de exemplo as desculpas mentirosas, a trapaça no jogo, etc. Mas importa muito que vós mesmo deis o exemplo de uma escrupulosa lealdade.
A menor deslealdade de vossa parte, não somente seria a ruína de vossa autoridade moral, senão a porta aberta a todas as deformações de consciência. Fazei que compreendam os educandos que, se se pode enganar aos homens, a Deus não se engana, à vista do qual ninguém escapa. O episódio de Ananias e Safira os impressiona sempre.
... Percebendo que um menino faltou à verdade, não o chameis logo de mentiroso. Evitai essa generalização. Importa com efeito distinguir entre mentira objetiva e mentira subjetiva. Há, não raro, meninos tímidos que mal sabem exprimir-se. Não deixa de haver ainda crianças mitomaníacas, vítimas de sua imaginação. A princípio é do vosso interesse considerar a mentira como um erro e dizer à criança:
"Eu sabia que não tinhas a intenção de enganar, porque sempre fostes um rapaz sincero. mas houve engano de tua parte. Na próxima vez acautela-te e procura assegurar-te bem do que dizes."
Se percebeis que um menino abusa de vossa confiança, então, e só então, fazei-lhe ver que a retirais e que estais obrigado a verificar cada uma de suas palavras. Trabalhai porque a mentira e a cavilação sejam desprezadas. Evitai as apreciações em que se dobra o número para fazer efeito. Ensinai-lhes com o exemplo a procurar o verdadeiro através de todos os atos e palavras.
(Educar com êxito - Pe. G. Courtois)
PS: grifos meus