quarta-feira, 7 de julho de 2010

Mês do preciosíssimo Sangue


A tradição da Igreja consagra o mês de julho ao culto do Preciosíssimo Sangue de Jesus, cuja festa se comemora no dia 1º de julho. Aqui vão algumas orações aprovadas pela Igreja para tal prática espiritual.

Oferecimento do Preciosíssimo Sangue

I. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, pela propagação e exaltação da Santa Igreja, minha terna Mãe, pela conservação e prosperidade de Seu Chefe visível, nosso Santo Padre, o Pontífice Romano, pelos Cardeais, Bispos, Pastores das almas e por todos os Ministros do Santuário.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

II. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, pela paz e concórdia entre os governantes católicos, pela confusão dos inimigos da santa Fé e pela felicidade do povo cristão.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

III. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, pela iluminação dos incrédulos, pela extirpação de todas as heresias e pela conversão dos pecadores.
Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

IV. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, por todos os meus parentes, amigos e inimigos, pelos pobres, enfermos, aflitos e por todos aqueles por quem sabeis que devo pedir e quereis que peça.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

V. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, por todos os que passarem hoje à outra vida, a fim de que os livreis das penas do inferno, e os leveis, quanto antes, à Vossa eterna glória.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

VI. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, por todos os que sentem o valor de tão grande e belo tesouro, pelos que estão unidos comigo para O adorar e honrar e, finalmente, pelos que trabalham em propagar esta devoção.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

VII. Pai Eterno, eu Vos ofereço os merecimentos do preciosíssimo Sangue de Jesus Cristo, Vosso amado Filho e meu divino Redentor, por todas as minhas necessidades espirituais e corporais, pelo livramento das benditas almas do Purgatório e, em particular, daquelas que foram mais devotas da nossa preciosa Redenção e das dores e angústias de nossa santíssima e muito amada Mãe, a Virgem Maria.

Glória ao Pai...

V: Bendito e louvado seja para sempre o nosso divino Jesus,
R: Que nos remiu e salvou com o Seu Sangue.

(Indulgência parcial)

Ladainha do Preciosíssimo Sangue

Senhor, tende piedade de nós.
Cristo, tende piedade de nós.
Senhor, tende piedade de nós.

Jesus Cristo, ouvi-nos.
Jesus Cristo, atendei-nos.

Deus Pai dos Céus, tende piedade de nós.
Deus Filho, Redentor do mundo, ...
Deus Espírito Santo, ...
Santíssima Trindade, que sois um só Deus, ...
Sangue de Cristo, Sangue do Filho Unigênito do Pai, salvai-nos.
Sangue de Cristo, Sangue do Verbo de Deus encarnado, ...
Sangue de Cristo, Sangue do novo e eterno Testamento, ...
Sangue de Cristo, correndo pela terra na agonia, ...
Sangue de Cristo, manando na flagelação, ...
Sangue de Cristo, gotejando na coroação de espinhos, ...
Sangue de Cristo, derramado na Cruz, ...
Sangue de Cristo, preço da nossa Salvação, ...

Sangue de Cristo, sem o qual não pode haver Redenção, ...
Sangue de Cristo, que apagais a sede das almas e as purificais na Eucaristia, ...
Sangue de Cristo, torrente de misericórdia, ...
Sangue de Cristo, vencedor dos demônios, ...
Sangue de Cristo, fortaleza dos Mártires, ...
Sangue de Cristo, virtude dos Confessores, ...
Sangue de Cristo, que suscitais almas virgens, ...
Sangue de Cristo, força dos tentados, ...

Sangue de Cristo, alívio dos que sofrem, ...
Sangue de Cristo, consolação dos que choram, ...
Sangue de Cristo, esperança dos penitentes, ...
Sangue de Cristo, conforto dos moribundos, ...
Sangue de Cristo, paz e doçura dos corações, ...
Sangue de Cristo, penhor de eterna vida, ...
Sangue de Cristo, que libertais as almas do Purgatório, ...
Sangue de Cristo, digno de toda honra e glória, ...

Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, perdoai-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, ouvi-nos, Senhor.
Cordeiro de Deus, que tirais os pecados do mundo, tende piedade de nós.

V: Remistes-nos, Senhor, com o Vosso Sangue.
R: E fizestes de nós um reino para o nosso Deus.

Oração:

Onipotente e sempiterno Deus, que constituístes a Vosso Filho Unigênito Redentor do mundo, e quisestes ser aplacado pelo Seu Sangue, concedei, nós Vos pedimos, que de tal modo veneremos o preço de nossa Redenção, e por Sua virtude sejamos defendidos na terra contra os males da vida presente, que nos seja dado usufruir perpetuamente das alegrias celestiais. Pelo mesmo Cristo, Nosso Senhor. Amém.

(Indulgência parcial)

Pai Eterno, eu Vos ofereço o Sangue Preciosíssimo de Jesus Cristo, em desconto de meus pecados, em sufrágio das santas Almas do Purgatório e pelas necessidades da Santa Igreja. Amém.

(Indulgência parcial)

PS: Recebido por e-mail.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Falsidade e danos do naturalismo pedagógico

Trecho da Carta encíclica DIVINI ILLIUS MAGISTRI
Papa Pio XI


(Acerca da educação cristã da juventude)

Falsidade e danos do naturalismo pedagógico

É falso, portando, todo o naturalismo pedagógico que, na educação da juventude, exclui ou menospreza por todos os meios a formação sobrenatural cristã; é também errado todo o método de educação que, no todo ou em parte, se funda sobre a negação ou esquecimento do pecado original e da graça, e, por conseguinte, unicamente sobre as forças da natureza humana. Tais são, na sua generalidade, aqueles sistemas modernos, de vários nomes, que apelam para uma pretendida autonomia e ilimitada liberdade da criança, e que diminuem ou suprimem, até, a autoridade e a ação do educador, atribuindo ao educando um primado exclusivo de iniciativa e uma atividade independente de toda a lei superior natural e divina, na obra da sua educação.

Diriam, sim, a verdade, se com algumas daquelas expressões quisessem indicar, ainda que impropriamente, a necessidade cada vez mais consciente, da cooperação ativa do aluno na sua educação, e se entendessem afastar desta o despotismo e a violência (a qual, de resto, não é a justa correção), mas não diriam absolutamente nada de novo e que a Igreja não tenha já ensinado e atuado na prática de educação cristã tradicional, à semelhança do que faz o próprio Deus com as criaturas que chama a uma ativa cooperação, segundo a natureza própria de cada uma, visto que a sua sabedoria «se estende com firmeza de um a outro extremo, e tudo governa com bondade» (40).

Infelizmente, com o significado óbvio das expressões, e com o mesmo fato, pretendem muitos subtrair a educação a toda a dependência da lei divina. Por isso em nossos dias se dá o caso, realmente bastante estranho, de educadores e filósofos que se afadigam à procura de um código moral e universal de educação, como se não existisse nem o Decálogo, nem a lei evangélica, nem tão pouco a lei natural, esculpida por Deus no coração do homem, promulgada pela reta razão, codificada com revelação positiva pelo mesmo Deus no Decálogo. E da mesma forma, costuma tais inovadores, como por desprezo, denominar «heterônoma», «passiva», «atrasada», a educação cristã, porque esta se funda na autoridade divina e na sua santa lei.

Estes se iludem miseravelmente com a pretensão de libertar, como dizem, a criança, enquanto que antes a tornam escrava do seu orgulho cego e das suas paixões desordenadas, visto que estas, por uma conseqüência lógica daqueles falsos sistemas, vêm a ser justificadas com legítimas exigências da natureza pseudo-autônoma.

Mas há pior ainda, na pretensão falsa, irreverente e perigosa, além de vã, de querer submeter a indagações, a experiências e juízos de ordem natural e profana, os fatos de ordem sobrenatural concernentes à educação, como, por exemplo, a vocação sacerdotal ou religiosa, e em geral as ocultas operações da graça, que, não obstantes elevar as forças naturais, excede-as, todavia infinitamente, e não pode de maneira nenhuma estar sujeita às leis físicas, porque «o espírito sopra onde lhe apraz» (41).

(40) Sabedoria, VIII, 1.
(41) João, III, 8.

(Retirado do site do Vaticano)

O Rosário e os males dos nossos tempos - Papa Leão XIII

Trecho da Carta encíclica Laetitiae Sanctae
Papa Leão XIII


(O Rosário e os males dos nossos tempos)
A aversão ao viver moderno

5. Lamentamos - e conosco devem reconhecê-lo e deplorá-lo mesmo aqueles que não admitem outra regra senão a luz da razão, nem outra medida afora a utilidade, - lamentamos que uma chaga verdadeiramente profunda tenha ferido o corpo social desde quando se começou a descurar os deveres e as virtudes que formam o ornamento da vida simples e comum. De fato, daí se segue que, nas relações domésticas, os filhos, intolerantes de toda educação que não seja a da moleza e da volúpia, recusam arrogantemente a obediência que a própria natureza lhes impõe. Por esse mesmo motivo os operários se afastam do seu próprio mister, fogem do labor, e, descontentes com a sua sorte, levantam o olhar a metas demasiado altas, e aspiram a uma inconsiderada repartição dos bens.

Ao mesmo tempo dai se segue o afanar-se de muitos que, depois de abandonarem o torrão natal, buscam o bulício e as numerosas seduções da cidade. Por este motivo ainda, veio a faltar o necessário equilíbrio entre as classes sociais; tudo é flutuante; os ânimos são agitados por invejas e rivalidades; a justiça é abertamente violada; e aqueles que foram iludidos nas suas esperanças procuram perturbar a tranqüilidade pública com sedições, com desordens e com a resistência aos defensores da ordem pública.

As lições do mistérios gozosos

6. Pois bem: contra estes males pensamos que se deve buscar remédio no Rosário de Maria, composto de uma bem ordenada série de orações e da piedosa contemplação de mistérios relativos a Cristo Redentor e a sua Mãe. Expliquem-se de forma exata e popular os mistérios gozosos, apresentando-os aos olhos dos fiéis como outros tantos quadros e vivas figurações das virtudes. E assim cada um verá que fácil e rica mina eles oferecem de ensinamentos aptos para arrastar com maravilhosa suavidade as almas à honestidade da vida.

7. Eis diante do nosso olhar a Casa de Nazaré, onde toda santidade, a humana e a divina, colocou a sua morada. Que exemplo de vida comum! Que perfeito modelo de sociedade! Ali há simplicidade e candura de costumes; perpétua harmonia de almas; nenhuma desordem; respeito mútuo; e, enfim, o amor: mas não o amor falso e mendaz, e sim aquele amor integral, que se alimenta na prática dos próprios deveres, e tal que atrai a admiração de todos.

Ali não falta a solicitude de se proporcionar a si mesmos tudo quanto é necessário à vida, mas com o "suor da fronte", e como convém àqueles que, contentando-se com pouco, se esforçam antes por diminuir a sua pobreza do que por multiplicar os seus haveres. E, sobre tudo isto, reina ali a maior serenidade de ânimo e alegria de espírito: duas coisas que sempre acompanham a consciência do dever cumprido.

8. Ora, estes exemplos de modéstia e de humildade, de tolerância da fadiga, de bondade para com o próximo e de fiel observância dos pequenos deveres da vida quotidiana, e, numa palavra, os exemplos de todas estas virtudes, assim que entram nos corações e nele se imprimem profundamente, certamente produzem nele pouco a pouco a desejada transformação dos pensamentos e dos costumes.

Então os deveres do próprio estado não mais serão nem descurados nem considerados enfadonhos, mas serão, antes, agradáveis e deleitáveis; e a consciência do dever, imbuída de senso de alegria, será sempre mais decidida no obrar o bem.

Por conseqüência, os costumes tornar-se-ão mais brandos sob todos os aspectos; a convivência familiar transcorrerá no amor e na alegria; as relações com os outros serão pautadas por um maior respeito e caridade. E, se estas transformações se estenderem dos indivíduos às famílias, às cidades, aos povos e às suas instituições, é fácil ver que imensas vantagens devam daí derivar para a sociedade inteira

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A aversão ao sacrifício

9. O segundo mal funestíssimo, que Nós nunca deploraremos bastante, porque ele sempre mais difusa e ruinosamente envenena as almas, é a tendência a fugir da dor e a afastar por todos os meios as adversidades.

De feito, a maioria dos homens não consideram mais, como deveriam, a serena liberdade de espírito como um prêmio para quem exercita a virtude e suporta vitoriosamente perigos e trabalhos; mas excogitam uma quimérica perfeição da sociedade, em que, removido todo sacrifício, se deparem todas as comodidades terrenas.

Ora, este agudo e desenfreado desejo de uma vida cômoda debilita fatalmente as almas, que, mesmo quando não se arruínam totalmente, ficam, sem embargo, tão enervados, que primeiro cedem vergonhosamente em face dos males da vida, e depois sucumbem miseravelmente.

As lições dos mistérios dolorosos

10. Pois bem: ainda contra este mal é bem justificado esperar-se do Rosário de Maria um remédio que, pela força do exemplo, pode grandemente contribuir para fortalecer os ânimos. E isto se obterá se os homens, desde a sua primeira infância, e depois constantemente em toda a sua vida, se aplicarem, no recolhimento, à meditação dos mistérios dolorosos.

Através destes mistérios vemos que Jesus, "guia e aperfeiçoados da fé", começou a fazer e a ensinar, a fim de que víssemos n'Ele próprio o exemplo prático dos ensinamentos que Ele daria à nossa humanidade, acerca da tolerância da dor e dos trabalhos; e o exemplo de Jesus chegou a tal ponto, que, voluntariamente e de grande coração, Ele mesmo abraçou tudo o que há de mais duro de suportar.

Com efeito, vemo-lO como um ladrão, julgado por homens iníquos, e feito alvo de ultrajes e de calúnias. Vemo-lO flagelado, coroado de espinhos, crucificado considerado indigno de continuar a viver, e merecedor de morrer entre os clamores de todo um povo.

Consideremos a aflição de sua santíssima Mãe, cuja alma não foi somente roçada, mas verdadeiramente "transpassada" pela "espadácia dor"- de modo que ela mereceu ser chamada, e realmente se tornou, a Mãe das dores.

11. Todo aquele que se não contentar com olhar, porém meditar amiúde exemplos de tão excelsa virtude, oh! como se sentirá impelido a imitá-los! Para esse, ainda que seja "maldita a terra, e faça germinar espinhos e abrolhos", ainda que o espírito seja oprimido pelos sofrimentos, ou o corpo pelas doenças, nunca haverá nenhum mal causado pela perfídia dos homens ou pelo furor dos demônios, nunca haverá calamidade, pública ou privada, que ele não consiga superar com paciência.

É, pois, realmente verdadeiro o dito: "É de cristão fazer e suportar coisas árduas"; porque todo aquele que não quiser ser indigno desse nome não pode deixar de imitar Cristo que sofre. E repare-se em que como resignação não entendemos a vã ostentação de um ânimo endurecido à dor, como o tiveram alguns filósofos antigos; mas sim essa resignação que se funda no exemplo d'Aquele que "em lugar do gozo que tinha diante de si, suportou o suplício da Cruz, desprezando a ignomínia" (Heb 12, 2); essa resignação que, depois de pedir a Ele o necessário auxilio da graça, de modo algum recusa afrontar as adversidades; antes, alegra-se com elas, e considera um lucro qualquer sofrimento, por mais acerbo que seja.

A Igreja Católica sempre teve, e tem ainda agora, insignes campeões de tal doutrina: homens e mulheres, em grande número, em todas as partes do mundo, de todas as condições. Estes, seguindo as pegadas de Cristo, em nome da fé e da virtude suportam contumélias e amarguras de todo gênero, e têm como seu programa, mais com os fatos do que com as palavras, a exortação de S. Tomé: "Vamos também nós, e morramos com Ele" (Jo. 11, 16).

12. Oh! praza ao Céu que exemplos de tão admirável fortaleza se multipliquem sempre mais, a fim de que deles brote segurança para a sociedade, e virtude e glória para a Igreja

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O descaso dos bens eternos



13. O terceiro mal para o qual é preciso achar um remédio é particularmente próprio dos homens dos nossos dias. Com efeito, os homens dos tempos passados, mesmo quando com excessiva paixão procuravam as coisas terrenas, contudo não desprezavam totalmente as celestes; antes, os mais sábios entre os próprios pagãos ensinaram que esta nossa vida é um lugar de hospedagem e uma estação de passagem, antes que uma morada fixa e definitiva.

Ao contrário, muitos dos modernos, embora educados na fé cristã, procuram de tal modo os bens transitórios desta terra, que não somente esquecem uma pátria melhor na eternidade bem-aventurada, mas, por excesso de vergonha, chegam a cancelá-la completamente de sua memória, contra a advertência de S. Paulo: "Não temos aqui uma cidade permanente, porém demandamos a futura" (Heb. 13, 14).

Quem quiser examinar as causas desta aberração logo notará que a primeira delas é a convicção de muitos de que o pensamento das coisas eternas extingue o amor da pátria terrena e impede a prosperidade do Estado. Calúnia odiosa e insensata.


E, de fato, os bens que esperamos não são de natureza tal que absorvam os pensamentos do homem até o ponto de o distrair inteiramente do cuidado dos interesses terrenos. O próprio Cristo embora recomendando-nos procurarmos antes de tudo o reino de Deus, com isto nos insinua que não devemos descurar tudo o mais.


E, de fato, se o uso dos bens terrenos e dos gozos honestos que deles derivam servem de estímulo à virtude; se o esplendor e o bem-estar da, cidade terrena - que depois redundam em glória da sociedade humana - são considerados como uma imagem do esplendor e da magnificência da cidade eterna, eles não são nem indignos de homens racionais, nem contrários aos desígnios de Deus.


Porque Deus é ao mesmo tempo autor da natureza e da graça; e por isto não pode ter disposto que uma obste à outra e estejam entre si em luta; mas, ao contrário, que, amigavelmente unidas, nos guiem, por uma trilha mais fácil, àquela eterna felicidade a que, embora mortais, somos destinados.


14. Mas os homens dados ao prazer e egoístas, que de tal modo mergulham e aviltam os seus pensamentos nas coisas caducas a ponto de não saberem elevar-se a mais alto, estes, antes que procurarem os bens eternos através dos bens sensíveis de que gozam, perdem completamente de vista a eternidade, caindo assim numa condição verdadeiramente abjeta. Na verdade, Deus não poderia infligir ao homem punição mais terrível do que abandonando-o por toda a vida às seduções dos vícios, sem ter jamais um olhar para o Céu.

As lições dos mistérios gloriosos


15. A este perigo não estará exposto aquele que, rezando o santo Rosário, meditar com atenção e com freqüência as verdades contidas nos mistérios gloriosos. Desses mistérios, com efeito, brilha na mente dos cristãos uma luz tão viva, que nos faz descobrir aqueles bens que o nosso olho humano nunca poderia perceber, mas que Deus - assim o cremos com fé inabalável - preparou "para aqueles que o amam".


Deles aprendemos, além disto, que a morte não é um esfacelamento que tudo perde e destrói, mas sim uma simples passagem e uma mudança de vida. Aprendemos que o caminho do céu está aberto a todos; e, quando observamos Cristo que volta ao Céu, recordamos a sua bela promessa: "Vou preparar-vos o lugar".


Aprendemos que haverá um tempo em que "Deus enxugará toda lágrima dos nossos olhos; em que não haverá mais nem lutos, nem pranto, nem dor, mas estaremos sempre com o Senhor, semelhantes a Deus, porque o veremos como Ele é, bebendo na torrente das suas delícias, concidadãos dos santos", em feliz união com a grande Mãe e Rainha.


16. Uma alma que se nutra destas verdades deverá necessariamente inflamar-se delas e repetir a frase de um grande. Santo: "Oh! como me parece sórdida a terra quando olho o Céu"; deverá necessariamente alegrar-se ao pensamento de que "um instante de um leve sofrimento nosso produz em nós uma medida eterna de glória".

E, verdadeiramente, só aqui está o segredo de harmonizar o tempo com a eternidade, a cidade terrena com a celeste, e de formar caracteres fortes e generosos. E se estes se tornarem muito numerosos, sem dúvida estará com isso consolidada a dignidade e a grandeza do Estado; e florescerá tudo o que é verdadeiro, tudo o que é bom, tudo o que é belo; florescerá em harmonia com aquela norma que é o sumo princípio e a fonte inexaurível de toda verdade, de toda bondade e de toda beleza.

17. Ora, quem não vê a verdade disso que havemos observado desde o princípio, isto é, de que preciosos bens é fecundo o santo Rosário? O quanto ele é maravilhosamente eficaz em curar os males dos nossos tempos, e em opor um dique aos gravíssimos males da sociedade?


PS: Grifos meus.

domingo, 4 de julho de 2010

Virtudes dos pais educadores

Virtudes dos pais educadores


 
Qualquer missão exige de quem a desempenha conjunto de aptidões e de qualidades. Educar as crianças, formar-lhes o caráter, corrigir-lhes os defeitos e conduzi-las ao fim supremo da existência não é tarefa como as mais. É a obra por excelência, a obra das obras, "a obra mais divina", dizia Platão, é verdadeira missão de ordem sobrenatural que a Providência confia àqueles que à mesma são chamados.

Pode-se afirmar dos pais cristãos que também a eles o Cristo endereça o convite sublime que dirigiu aos Apóstolos à hora de deixá-los: "Ide, ensinai todas as nações para que observem tudo quanto vos tenha mandado".

Educar é serviço essencialmente pessoal e que importa relações íntimas entre duas criaturas. É contato entre dois espíritos, união de dois corações, sendo que um deles dá e o outro recebe. Ora, somente se dá o que se tem, um deles apenas recebe o excesso que transborda do outro... O essencial, em toda educação, o eixo ao redor do qual tudo se move, o centro donde emana tudo é, continua ficando, e há de sempre permanecer o próprio educador.

"A vida é necessária para engendrar a vida", reza o prolóquio. E é esta vida, é a alma e o coração dos pais que constitui o fator eminente de toda a educação familiar.

Seus pensares, seus sentimentos, suas palavras, seus atos, o que são, o que fazem, o que estremecem ou aborrecem; em resumo, sua personalidade toda reveste significação capital, na influência por eles exercida em redor de si.

Logo, fica sendo de primeiríssima importância que pai e mãe sejam modelos para imitar, protótipos tão acabados quanto possível das virtudes que devem implantar em seu lar...

(Pais e mestres, pelo Irmão Leão)

PS: Grifos meus.

Crianças aduladas

Crianças aduladas


Os pais terão, às vezes, bastante responsabilidade nos sustos enfermiços entre suas crianças. Acontece que eles as acarinham e amimam demais, as cercam de afagos exagerados e as cumulam de tudo quanto lisonjeia a natureza, sem jamais as enrijar, sem lhes ensinar a suportar os contratempos dos dias...

Ou ainda, quando já não as podem senhorear, eles as sobreexcitam e as amedrontam, impingindo-lhes narrações fantásticas de lobisomens, de sacis-pererês, de assombrações, etc... outras tantas coisas que devem ser absolutamente evitadas.

Desde a idade mais terna, é necessário acostumar as crianças a subir desacompanhadas para o quarto, a dormir no escuro, a chegar sós, de noite, ao portão, ao jardim... É preciso aguerri-las contra perigos imaginários, incômodos da vida, intempéries... colocá-las o mais possível em contato com as realidades.

Tudo quanto superaquece e fustiga a imaginação torna-se extremamente nefasto: certos filmes, romances policiais, contos de aventuras, de banditismo, de morticínios... A criança revê isso em pesadelo, suas noites ficam agitadas, seus nervos se desequilibram e temores estultos se concretizam. A criança deve recear só o que lhe é realmente nocivo, ainda assim, este receio há de ficar dentro de limites razoáveis.

(Pais e mestres, pelo Irmão Leão)

sábado, 3 de julho de 2010

Da prática da caridade nas palavras

Nota: Este texto foi escrito para religiosas, o que não nos impede de aproveitá-lo em parte em nosso dia-a-dia. 

Da prática da caridade nas palavras
(Santo Afonso Maria de Ligório)


1. Quanto à caridade de que devemos usar para com o próximo nas palavras, é preciso antes de tudo nos abster de toda a maledicência. O maldizente mancha a sua alma, diz o Espírito Santo, e incorre no ódio de todos, de Deus e dos homens (19). Se há, às vezes, quem o aplauda e excite a falar do próximo, para se divertir, esse mesmo logo o foge e evita com diligência, pensando com razão que também não se-rá poupado, quando houver ensejo para isso. — Diz S. Jerônimo que alguns, depois de ter renunciado os outros vícios, parece que não podem deixar o da murmuração (20).

E prouvera a Deus que tais indivíduos não penetrassem nos mosteiros! Infelizmente, porém, também ai se encontram, às vezes, certas religiosas que têm uma língua que não sabe mover-se sem morder e tirar sangue. Em outros termos, há algumas que nada sabem dizer, sem murmurar do próximo; de todas as pessoas de que falam, acham sempre que maldizer.

Essas línguas viperinas deveriam ser absolutamente banidas dos claustros, ou, ao menos, estar sempre encerradas no cárcere; porque perturbam o recolhimento, o silêncio, a devoção e a paz de toda a comunidade. Em suma, são a ruína dos mosteiros. E queira Deus não lhes suceda o que aconteceu a um sacerdote murmurador conhecido de Thomaz Cantipratense, que narra ter o infeliz expirado em um acesso de furor, dilacerando a língua com os dentes (21).

S. Bernardo fala de um outro murmurador, que, tendo querido dizer mal de S. Malaquias, sentiu logo a língua inchada e roída de vermes, e morreu miseravelmente depois de sete dias de cruéis sofrimentos (22).

2. Ao contrário, ó quanto é amada de Deus e dos homens uma religiosa que fala bem de todos! — Dizia Sta. Maria Madalena de Pazzi que se tivesse conhecido uma pessoa que nunca houvesse falado mal do próximo, a teria proclamado santa. — Tende, pois, cuidado de vos abster de toda a palavra que envolva murmuração de quem quer que seja, mais especialmente de vossas irmãs e ainda mais dos vossos superiores, como o prelado, a superiora, o confessor; porque falar mal dos superiores, além de lhes danificar a fama, faz as outras perder-lhes a obediência: ao menos faz perder a submissão do espírito: e se acaso as irmãs, por vossa causa, chegam a compreender que os superiores agem sem razão, depois dificilmente lhes obedecerão como devem.

Comete-se murmuração não só quando se procura denegrir a reputação do próximo, imputando-lhe uma falta que ele não fez, ou exagerando suas faltas reais, ou revelando as que ocultou, mas também quando se interpretam mal suas ações boas ou se diz que são feitas com má intenção. — É também mur-muração negar o bem que fez ou contradizer os justos elogios que se fazem do próximo. — Para tornar a murmuração mais crível, que não fazem certas línguas malignas? Começam a louvar uma pessoa, e depois acabam murmurando: Fulana é muito talentosa, mas é soberba: é liberal, mas é vingativa.

3. Procurai pois sempre falar bem de todos. Falai dos outros como quereis que falem de vós. A respeito dos ausentes, segui esta máxima de Sta. Maria Madalena de Pazzi: Não se deve dizer na ausência de alguém aquilo que se não diria em sua presença. — Se vos acontecer ouvir uma irmã murmurar de outra, guardai-vos de incitá-la a falar, ou mostrar-lhe que tendes prazer em ouvi-la, porque então vos tornaríeis cúmplices do seu pecado. Nesse caso, re-preendei-a ou interrompei a conversa, ou retirai-vos, ou, ao menos, não lhe deis atenção.

Quando ouvirdes alguém murmurar, diz o Espírito Santo, cercai os ouvidos com espinhos, para que os não penetre a malediência (22). É preciso então, ao menos pela guarda do silêncio, mostrando um ar triste ou baixando os olhos, testemunhar que tal conversa vos desagrada. Portai-vos, sempre, de modo que ninguém, para o futuro, ouse atacar a fama alheia em vossa presença. E a caridade exige que tomeis a defesa da pessoa de quem se murmura, quando vos for possível.

Esposa minha, diz o Senhor, eu quero que vossos lábios sejam como uma fita vermelha (23): isto é, segundo explica S. Gregório Nysseno, sejam vossas palavras abrasadas de caridade de modo que ocultem os defeitos alheios, quanto possível (24); ou, ao menos escusem a intenção, se for impossível desculpar a ação, acrescenta S. Bernardo (25). — Como refere Surio, o abade Constavel era chamado Capa dos Irmãos (26), porque este bom monge, quando ouvia falar dos defeitos do próximo, procurava meios de ocultá-los.

O mesmo se narra de Sta. Teresa, dizendo suas religiosas que, onde estava a santa, tinham certeza de que não lhes cortavam na pele, porque sabiam que ela as defendia.

4. Guardai-vos também de referir às vossas irmãs o mal que outras delas disserem. Dai nascem muitas vezes perturbações e rancores que duram meses e anos. Oh! que contas hão de dar a Deus as línguas semeadoras de discórdias nos mosteiros! Quem tal prática incorre no ódio de Deus; pois diz o Sábio: Há seis coisas que o Senhor odeia e uma sétima que detesta (27). Qual é esta sétima? É aquele que semeia discórdias entre os irmãos (28).

Quando uma religiosa fala arrastada pela paixão, merece alguma escusa: mas a que, de sangue frio, sem paixão, fo-menta a discórdia e perturba a paz comum, como Deus a poderá sofrer? Se ouvirdes uma palavra contra alguma de vossas irmãs, segui o conselho do Espírito Santo: Não a deixeis ir adiante, abafai-a no vosso coração, e fazei-a morrer ai (29).

Enquanto um se acha encerrado em um lugar, pode dai evadir-se, e aparecer a vista de todos, mas quem morreu, não pode mais sair da sepultura: Em outros termos, estai atentas para não deixar transparecer nenhum sinal do que ouvistes; porque se derdes o menor indício, ainda que fosse só uma meia palavra ou um simples movimento de cabeça, as outras poderão combinar as circunstâncias, e adivinhar ou ao menos gravemente suspeitar o que tiverdes ouvido.

Há certas religiosas, que, ouvindo algum segredo, parece que sofrem angústias mortais, enquanto o não revelam de qualquer modo: sentem como um espinho a pungir-lhes o coração, até que o lancem fora. Quando descobrirdes qualquer defeito de alguma, podeis dizê-lo somente aos Superiores, e isto somente quando for necessário fazê-lo para reparar o dano da comunidade ou da mesma irmã que falta ao seu dever.

5Quando estiverdes no recreio, nas conversas, guardai-vos de dizer palavras picantes, ainda por gracejo. Gracejos que desagradam ao próximo, são contrários à caridade e ao que disse Jesus Cristo: Tratai os outros como quereis que vos tratem (30).

Porventura vos agradaria serdes zombada e chacoteada diante das outras, do mesmo modo, como tratais as vossas irmãs? Portanto não mais o façais.

Além disso, procurai fugir das discussões e contendas, quanto for possível. Às vezes, por bagatelas e ninharias, travam-se disputas que degeneram em distúrbios e injúrias. Há algumas pessoas que tem o espírito de contradição, pois, sem nenhuma necessidade nem utilidade, mas somente para contrariar, começam a levantar questões impertinentes e fantásticas, e assim ferem a caridade e perturbam a união fraterna. Segui o conselho do Espírito Santo: Não discutais de coisas que vos não molestam (31).

Mas dirá aquela: Eu não posso ouvir absurdos. — Eis o que lhe responde o Cardeal Belarmino: Mais vale uma onça de caridade do que cem carradas de razões. Quando se questionar, especialmente de uma coisa de pouca importância, dizei o vosso parecer, se quiserdes tomar parte na conversação, e depois ficai em paz, sem porfiar em defender a vossa opinião; é até melhor então ceder e adotar a opinião das outras. Dizia S. Frei Gil que, em tais controvérsias, quando um cede, então vence, porque fica superior em virtude e assim conserva também a paz, que é um bem muito maior do que a vantagem de ter vencido com razões, e ter feito prevalecer a sua asserção.

E, por isso, dizia Sto. Efrem que ele, para manter a paz, tinha sempre cedido nas contendas e discussões. Pelo que S. José Calasans dava a seguinte advertência: Quem quiser paz, não contradiga a ninguém.

Se quereis amar a caridade, procurai ser afáveis e brandas com todo gênero de pessoas. A brandura é chamada a virtude do Cordeiro, isto é, a virtude estimada de Jesus Cristo, que por isso quis ter o nome de Cordeiro. Sêde mansas na vossa maneira de falar e de agir, não só com a Superiora oficiais, mas também com qualquer outra pessoa, e especialmente com as irmãs que, no passado, vos ofenderam, ou que no presente vos olham de má vontade, ou são do partido contrário, ou para as quais tendes natural antipatia, seja por suas maneiras pouco polidas, seja por sua falta de reconhecimento a vosso respeito. A caridade tudo suporta, porque é paciente (32). Não se pode dizer que tem verdadeira caridade quem não quer suportar os defeitos do próximo.

Neste mundo não há pessoa alguma, por mais virtuosa que seja, que não tenha seus defeitos. Quantos não tendes vós, e quereis que as outras vos tratem com caridade e compaixão. É, pois, necessário que tenhais também caridade com as outras, e vos compadeçais das suas misérias e imperfeições, segundo exorta o Apóstolo: Auxiliai-vos uns aos outros (33). — Vede com que paciência sofrem as mães as travessuras dos filhos: e porque? Porque os amam. Pelo mesmo sinal se reconhecerá se amais as vos-sas irmãs com caridade verdadeira, amor que sendo sobrenatural, deve ser mais forte do que o amor natural.

Com que caridade nosso divino Salvador não suportou as grosserias e imperfeições de seus discípulos durante todo o tempo, que com eles viveu? Com quanta caridade não suportou Judas, chegando até a lavar-lhe os pés para enternecê-lo?

Mas para que falar de outros? Falemos de vós mesmas. Com que paciência o Senhor não vos tolerou até agora? e vós não quereis sofrer as vossas irmãs? — O médico detesta a enfermidade, mas estremece o enfermo; e assim vós, se tendes caridade, deveis aborrecer os defeitos, mas ao mesmo tempo deveis amar as pessoas que os cometem. — Alguma dirá: Que hei de fazer eu! Sinto uma antipatia natural por aquela irmã, que não posso vê-la sem enfado. — E eu vos respondo: Tende um pouco mais de bom espírito e de caridade, e desaparecerá essa antipatia.

ORAÇÃO

O meu Deus, não olheis para os meus pecados, mas para Vosso Filho Jesus, que por minha salvação, Vos sacrificou a própria vida. Por amor de Jesus, tende piedade de mim e perdoai-me todos os desgostos que Vos dei, especialmente pela pouca caridade que tenho tido para com o próximo. Senhor, destrui em mim tudo o que Vos não agrada e dai-me um verdadeiro desejo de em tudo Vos comprazer.

Ah! meu Jesus, eu tenho o maior pesar de ter já vivido tantos anos e tão pouco Vos ter amado. Ai, dai-me parte naquela dor que tivestes no jardim de Getsemani pelos meus pecados!

Oh! Quem me dera ter morrido antes de Vos ofender? Porém, fico consolada por me terdes dado ainda tempo para Vos amar. Sim, quero empregar todo o resto da minha vida no Vosso amor. Eu Vos amo, ó bem imenso; eu Vos amo, meu Redentor; eu Vos amo, único amor da minha alma. Ai! Fazei-me toda Vossa, antes que me venha a morte! Atrai todos os meus afetos, para que eu não possa amar outro, senão a Vós. Mas enquanto eu viver, ó meu amor, estou em perigo de Vos perder. Quando chegará o dia em que poderei dizer: Meu Jesus, eu não Vos posso perder mais!

Ai! Uni-me à Vós, mas segurai-me de modo que eu não possa mais separar-me de Vós. Fazei isto pelo amor que me mostrastes, ao morrer por mim na cruz.

Ó Virgem Santíssima, Vós sois tão querida de Deus, que ele nada Vos recusa. Obtende-me a graça de não ofendê-lO mais e de amá-lO com todo o meu coração, e nada mais Vos peço.
 
_______________________________
 
19. Sussurro coinquinabit animam suam, et in omnibus odietur. Eccli. 21, 31.
20. Qui ab aliis vitiis recesserunt, in istud tamen incidunt. Ep. ad Celant.
21. De Apib. l. 2, c. 37. — Vit. S. Mal. c. 13.
22. Sepi aures tuas spinis, linguam nequam noli audire. Eccli. 28, 28.
23. Sicut vitta coccinea, labia tua. Cant. 4, 3.
24. In Cant. hom. 7.
25. Excusa intentionem, si opus non potes. In Cant. s. 40.
26. 17. Febr. Vit. c. 6.
27. Sex sunt quae odit Dominus; et septimum de-lestatur anima ejus. Prov. 6, 16.
28. E um qui seminat inter fratres discordias. Prov. ibid.
29. Audisti verbum adversus proximum tuum; commoriatur in te. Eccli. 19, 10.
30. Omnia ergo quaecumque vultis ut faciant vo-bis homines, et vos facite illis. Matth. 7, 12.
31. D ea re quae te non molestat, ne certeris. Ec-cli. 11. 9.
32. Charitas patiens est. I. Cor. 13, 4.
33. Alter alterius onera portate. Gal. 6, 2.

(A verdadeira esposa de Jesus Cristo, volume II, por Santo Afonso Maria de Ligório)

PS: Grifos meus.

Do santo sacrifício da Missa

Do santo sacrifício da Missa


A Eucaristia deve-se considerar somente como sacramento?

Não; a Eucaristia é também o sacrifício permanente da nova lei que Jesus Cristo deixou à sua Igreja, para ser oferecido a Deus por meio dos sacerdotes.

Como se chama este sacrifício da nova lei?

Este sacrifício da nova lei chama-se o sacrifício da Missa.

Que é a Missa?

A Missa é o sacrifício incruento da corpo e do sangue de Jesus Cristo, oferecido sobre os nossos altares, debaixo das espécies de pão e de vinho, em memória do sacrifício da Cruz.

Quem instituiu o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa foi instituído pelo próprio Jesus Cristo, quando instituiu o sacramento da Eucaristia na noite antes de Sua paixão.

A quem se oferece o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece a Deus somente.

Para que fins se oferece a Deus o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece a Deus para quatro fins:

Para honrar a Deus;

Para dar-Lhe graças pelos benefícios recebidos.

Para aplacá-lO e dar-Lhe satisfação pelos nossos pecados;

Para obter todas as graças que nos são necessárias.

Por quem se oferece o sacrifício da Missa?

O sacrifício da Missa se oferece por todos os homens, principalmente pelos fiéis e pelas almas que se acham no purgatório.

O sacrifício da Missa aproveita às almas dos purgatório?

Sim; o sacrifício da Missa aproveita às almas do purgatório, aliviando e abreviando os seus sofrimentos.

É coisa útil ouvir Missa todos os dias?

Sim; é coisa utilíssima, se bem que não seja isso obrigatório.

Como se deve ouvir a Missa?

Deve-se ouvir a Missa inteira, com devoção, pensando em Deus e na paixão de Jesus Cristo ou rezando devotas orações.

(2º Catecismo da doutrina cristã)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Aos devotos de Fra Angelico

Aos devotos de Fra Angelico


Trecho da carta-prefácio do livro: Por que amo Maria, pelo Pe. Júlio Maria

Nota: Segue um trecho da carta-prefácio do livro: Por que amo Maria, escrito pelo Revmo. Pe. Júlio Maria, no decorrer deste ano transcreveremos partes deste belíssimo livro. Aguardem!



"... Estamos numa hora decisiva na história da sociedade, em uma hora de batalha, onde dois exércitos se defrontam: o exército do mal e o exército do bem. O primeiro é comandado por Satanás e reúne em suas fileiras uma multidão de réprobros... O seu estado maior é composto dos renegados, de vendidos, de repudiados, dos escravos do demônio. O exército do bem tem como general Nossa Senhora.

Aqui também é preciso um escol. A Virgem Santíssima chama ao redor de si almas valorosas, devotadas, prontas a Lhe obedecer e se sacrificar por Sua causa. Ela pede servos inteiramente livres, não tendo outro desejo senão o de fazer todas as Suas vontades. Pois bem! vosso livro ajudará a formar este escol. Vós sereis para os batalhões de Maria como o sargento recrutador.

Praza a Deus encontrásseis muitos, muitos desses corações generosos que a Virgem espera para travar a batalha e alcançar o triunfo! Eis o voto que por vós formula a minha amizade, isto é, que vossa obra concorra pra maior extensão do reino de Maria Santíssima, para felicidade da humanidade.

São Lourenço sur-Sèvre, 23 de janeiro, festa dos esponsórios de Nossa Senhora e São José."

P.J.M. Texier.

quinta-feira, 1 de julho de 2010

NATUREZA DA VIDA DE INTIMIDADE

Nota: Para ver o índice total desta obra que transcreveremos no decorrer deste ano clique aqui.

SEGUNDA PARTE

CAPÍTULO II
NATUREZA DA VIDA DE INTIMIDADE


(Princípios da vida de intimidade com Maria Santíssima
segundo os Santos, os Doutores e os Teólogos,
pelo Pe. Júlio Maria)

 Estas palavras: vida de intimidade, vida de união, vida familiar, vida íntima com a Santíssima Virgem, as quais se encontrarão sempre numa impressão agradável, espargindo em cada página deste livrinho, causam-nos em nossa alma algo de aprazível e reconfortante.

É que para nós, pobres criaturas, que trazemos no espírito, no coração, na alma, aspirações para o infinito, é tão doce repousar neste pensamento da posse de Deus, da vida de intimidade com o doce Salvador de nossas almas.

Examinemos esta aspiração em seu princípio e em sua realização.

Em seu princípio, isto é, em sua origem e em seu desenvolvimento. Em sua realização, não somente na glória onde ela deverá terminar, mas mesmo no seu aperfeiçoamento aqui na terra, onde ela já nos faz participar um pouco da beatitude celeste.

Reduzamos tudo aos dois princípios seguintes:

PRIMEIRO PRINCÍPIO:

A vida de intimidade, sendo uma aspiração de nossa alma, é já uma antecipação da vida do céu.

SEGUNDO PRINCÍPIO:

Sendo a glória o aperfeiçoamento da graça, quanto mais estreita tiver sido nossa intimidade sobre a terra, tanto mais, com as devidas proporções, ela será intensa no céu.

PRIMEIRO PRINCÍPIO

A vida de intimidade, sendo uma aspiração de nossa alma, é já uma antecipação da vida do céu. Em geral, a vida de intimidade é uma das aspirações mais urgentes de nossa natureza.

Ensina a psicologia que o homem traz em si quatro inclinações sociais. Estas inclinações são as seguintes:

"A sociabilidade, ou o amor aos outros homens em geral.
As afeições familiares, que não são mais que o amor aos nossos pais.
As afeições patrióticas, ou o amor aos nossos concidadãos.
E finalmente as afeições eletivas, particulares, como a amizade, o amor."
(Compayé: Psicologia aplicada à educação, I Parte, cap. XV)

Não temos que analisar cada inclinação em particular; todas elas são uma aspiração à intimidade.

Nós amamos os homens, amamos os nossos concidadãos, amamos os nossos pais, mas todos estes amores ainda são muito vagos; a alma, porém, aspira a uma vida mais íntima, que se esforça por realizar, seja pela amizade, seja pelo amor propriamente dito.

O amor quer intimidade. Ele a quer, aqui na terra ou lá no céu. O amor terreno só pode ser parcial, imperfeito; contudo, ele pode atingir o cume, a plena realização de suas aspirações.

O amor do céu não encontrando aqui na terra nada que o satisfaça, dá-se a Deus, entrega-se ao Bem supremo, desejando uma intimidade perfeita, intimidade ideal, sem nuvens, para realizá-la pouco a pouco, pela lembrança, pelo coração e pelo espírito.

Se a vida de intimidade é uma necessidade para toda alma racional, a vida de união a Deus é uma aspiração de toda alma sinceramente cristã.

É esta necessidade que colocava nos lábios do imortal gênio de Hiponna, Santo Agostinho, estas palavras tão amorosas e tão cheias de saudade divina: "Vós nos fizestes para Vós, meu Deus, e nosso coração está inquieto, enquanto não descansar em Vós".

Já aqui na terra Deus se dá a nós. Ele se dá, mas não se deixa ver ainda.

Esta doação do tempo é envolvida em trevas e combatida por mil imperfeições. Ora, o que nos é necessário é um conhecimento que sacie o nosso espírito, repouse o nosso coração e dê à nossa alma o seu verdadeiro alimento - o próprio Deus.

"Nós havemos de vê-lO, não mais através de um espelho, como aqui na terra, mas face à face, tal qual Ele é". (São João III, 2)

Desejamos pois o céu, porque ele é posse de Deus, é a intimidade com Deus, intimidade perfeita, sem sombras. Aspiramos por ele, porque somos feitos à imagem de Deus. E, trazendo em nós esta imagem divina, desfigurada pelo pecado, nós aspiramos contemplar-Lhe o arquétipo, em toda a Sua beleza, em toda a Sua pureza e em toda a Sua glória.

Deste modo a vida de intimidade se torna uma das aspirações mais irresistíveis e mais atraentes de nosso ser. É uma necessidade de nosso coração, feito para amar e, que não encontrando na terra nenhum amor capaz de saciá-lo, eleva mais alto o seu ideal, procurando-o na beatitude eterna.

Esta aspiração é reconhecida, não somente pelas almas piedosas, mas também por todos os psicólogos, que a unem às inclinações ideais.

Com efeito, estas inclinações ideais ou superiores, referem-se a quatro objetivos: a idéia do verdadeiro, a idéia do belo, a ideia do bem e a ideia de Deus.

Esta idéia de Deus, que geralmente chamamos o sentimento religioso, resume as três primeiras aspirações, abrange-as todas e lhes comunica todo o seu valor.

Nada mais verdadeiro, mais belo e mais nobre do que Deus. Eis porque o sentimento religioso exerce sobre o homem uma influência muito mais extensa e mais forte que qualquer uma das três primeiras aspirações.

E é este sentimento, elevado a um grau intenso, que faz os santos, os verdadeiros heróis, pois todos eles souberam vencer o mundo e vencer a si próprios.

Ora, o sentimento religioso é essencialmente uma aspiração à vida de intimidade com Deus. O santo sente que por si mesmo nada pode: por conseguinte, apoia-se sobre Deus, afim de alcançar tudo e tudo poder por Aquele que o fortifica: Omnia possum in eo qui me confortat, dizia o grande Apóstolo.

Só no u esta aspiração será plenamente satisfeita, porque lá somente é que poderemos possuí-lo, sem receio de nunca mais perdê-lo.

Lá viveremos com Ele, viveremos d'Ele, seremos verdadeiramente de Sua família: - será isto à verdadeira vida de intimidade que se chamará então: "visão beatifica"!

Mas até que a morte venha desligar os laços que nos prendem à terra, até que nos desembaracemos de tudo o que em nós existe de corruptível, já aqui na terra podemos fazer um esboço e de certo modo ir colocando os fundamentos de nossa intimidade já enunciado.

SEGUNDO PRINCÍPIO:

Sendo a glória o aperfeiçoamento da graça, quanto mais estreita tiver sido nossa intimidade sobre a terra, tanto mais, com as devidas proporções, ela será intensa no céu.

No céu todas as almas possuirão a Deus, todas vê-lO-ão, todas banhar-se-ão neste Oceano de amor e de eterna felicidade, mas não todas elas em igual medida, nem em iguais profundidades. - "Há muitas moradas na casa de Meu Pai", disse Nosso Senhor.

Na verdade compreende-se que a visão de Deus, a glória e a felicidade de uma seráfica Teresa de Jesus, de um apóstolo como São Francisco Xavier, de um amante da Cruz como São Pedro de Alcântara, de um pobre voluntário como São Francisco de Assis, de um apaixonado pela Santíssima Virgem como os santos Bernardos, Ligórios, Eudes, beatos de Montfort, etc... compreende-se, digo, que a glória, seja superior à de um pecador convertido na última hora.

No céu, entre as moradas de um e de outro, deve haver uma distância incalculável.

Aquele cujo coração já era na terra qual chama ardente e brilhante, cuja ambição era amar e fazer amar a Deus, receberá uma coroa mais bela, ocupará um trono mais cintilante, gozará de uma visão divina mais intensa e mais clara, do que aquele que viveu em uma espécie de apatia, não dando a Deus senão os estritos deveres, quase sem fazer obras de supererogação.

É assim que, desde agora, nós podemos e devemos pôr os fundamentos de nossa vida de intimidade no céu.

Podemos até, com o socorro da graça, fazê-la atingir uma intensidade tal que seja verdadeiramente uma antecipação da vida celestial.

"Prometendo um céu para a eternidade, diz muito bem S.João Crisóstomo, Deus já nos deseja um céu sobre a terra".

E qual é este céu?

É a vida de intimidade, como ela existia antes do pecado entre Deus e nossos primeiros pais. "O prazer (a vontade) de Deus, diz uma santa alma (Mère M. de Salles Chappuis) é fazer conosco o que Ele queria fazer antigamente antes do pecado".

"A intimidade da terra conduz verdadeiramente a intimidade do céu".
(F.Maucourant - Vida de intimidade com o bom Salvador)

E, além disso, "a felicidade do céu não é outra coisa que uma grande familiaridade com Deus, elevada a um grau que ultrapassa toda a compreensão humana", - (R.P. Coulé S.J) - e, em outras palavras, como diz Santo Tomás, "toda graça é um gérmen do que existirá na glória" e consequentemente segundo observa S. Ligório, "a caridade nos bem-aventurados revestirá a forma que o amor tinha durante a vida terrena." (S. Ligório: A verdadeira esposa)

Ao entrar no céu, o cristão não muda o coração; conserva-o somente concluído e aperfeiçoado. Lá Jesus se nós dá, como Ele o havia entrevisto e desejado aqui na terra.

"O que começardes aqui na terra, diz Bossuet, continuá-lo-eis na eternidade".
(Bossuet: Sermões)

É o que o Espírito Santo nos faz compreender por estas conhecidas palavras: "Cada um será premiado conforme tiver trabalhado". (Isaías LIII, II)

***

Em resumo, qual é então a natureza da vida de intimidade?

É uma antecipação da vida dos anjos, dos santos, que já alcançaram o céu - é um começo do que faremos eternamente na glória.

Donde se segue que esta vida de intimidade é necessária a todo cristão, desejoso de se salvar, já que esta mesma vida é a medida da glória e da felicidade que ele gozará um dia no céu.

Seria necessária outra consideração, para nos fazer amá-la, para nos impelir a praticá-la e mesmo para torná-la como que o centro e o fim de nossa vida?

Antes de prosseguirmos nesta consoladora e profunda doutrina, recolhamo-nos por alguns instantes, para recitar com amor esta pequena oração do grande São Bento, pedindo a Deus a graça desta vida de intimidade:

"Dignai-Vos, ó Pai amantíssimo, ó Deus boníssimo, dignai-Vos dar-me uma inteligência que compreenda Vossos pensamentos, um coração que penetre em Vossos sentimentos, uma energia que Vos procure e ações que aumentam a Vossa glória. Meu Deus, dai-me olhos fitos sobre Vós sem cessar, uma língua que Vos pregue, uma vida que seja inteiramente dedicada a Vosso bel prazer. Dai-me, enfim, ó meu Salvador, a felicidade de Vos contemplar um dia, face a face, com os Vossos santos".
(Oratio Sancti Benedicti)

(Princípios da vida de intimidade com Maria Santíssima segundo os Santos, os Doutores e os Teólogos, pelo Pe. Júlio Maria, continua com o postA vida de intimidade e a graça)

PS: Grifos meus.

A importância da formação do coração - Parte final

Nota: Com este post encerramos o capítulo: A importância da formação do coração e daremos início em outra oportunidade ao capítulo: A formação da vontade.

Veja:

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O coração deve ser entusiasta


O entusiasmo é, realmente, uma qualidade para o coração?
Sim, apesar do que dizem a respeito dele certos espíritos muito materialmente positivos, o coração tem necessidade, para ficar completamente formado, de ser aquecido ao fogo do entusiasmo, o único que permite realizar nobres ações.

Como se pode evitar o entusiasmo num coração de criança?
Explorando os recursos que fornecem, sob este ponto de vista, a natureza, as belas letras e as artes. Pôr a criança em face das belezas da natureza, das obras primas literárias e artísticas, fazer-lhes notar as belezas, auxiliá-la a distingui-las, completar as suas indicações, retificá-las, sendo preciso; ajuntar o trabalho do mestre, que ilumina, aos esforços pessoais do aluno que procura a luz; eis, ao que nos parece um meio infalível de excitar no coração da criança uma admiração entusiasta pelas maravilhas da natureza, da literatura, da pintura, da escultura ou da arquitetura.

Não há contudo, para alimentar o entusiasmo, uma fonte mais fecunda, e mais pura?
É a que deriva das alturas onde germina e floresce o amor de Deus, o amor da Igreja, o amor das almas, o amor da pátria.

(Excertos do livro: Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem)

Festa do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo

1 de julho
Festa do Preciosíssimo Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo


Instituída em 1849 pelo Papa Pio IX em ação de graças pela vitória alcançada pelos exércitos franceses e pontifícios sobre a revolução, que expulsara de Roma o Pontífice, a festa do Preciosíssimo Sangue foi elevada a rito duples de 1ª classe por Pio XI, por ocasião de ocorrência do 1900º aniversário da morte do Salvador.

Deixando de parte as circunstâncias particulares que motivaram a instituição da festa, a liturgia dela recorda-nos sobretudo as graças de que somos devedores ao Preciosíssimo Sangue do Redentor. Para além da tragédia do Calvário e o golpe da lança que varou o lado de Jesus, procura fazer-nos compreender sobretudo o alcance que todo esse mistério dum Deus padecente envolve sobre a salvação das nossas almas (Ev.).

Com profundo sentimento de ação de graças, rodeemos de veneração e de amor o Sangue Preciosíssimo de Jesus, que o sacerdote oferece a Deus no altar.

Hino

Regurgitam de cânticos as praças e as ruas e a alegria fulgura como o sol na fronte de todos.
E vós, anciãos e crianças, saí em cortejo à rubra claridade dos trandões. Amém

Na presença do Sangue que Jesus Cristo, cravado na Cruz, derramou por inumeráveis feridas, saibamos que fica bem ao menos, pensar nEle com lágrimas.

O velho Adão, com o seu crime, tinha inoculado a morte no coração do homem. Porém a inocência e o extremado amor do novo Adão lhe restitui a vida.

Se o Pai supremo ouviu do alto dos Céus o grito do Filho na agonia, certamente que Se deixou aplacar e nos deu o Seu perdão.

Quem banhar as vestes neste Sangue, apagar-lhes-á toda a mancha. E ficará tão formoso na púrpura das cores que igualará os anjos e aprazerá ao Rei.

Que ninguém se extravie do caminho reto. É preciso tocar na meta final, onde Deus, que nos ajuda com a Sua graça, espera por nós com a coroa dos vencedores.

Sede pois propício, ó Pai onipotente, e recebei lá no alto dos Céus os que remistes com o Sangue do Vosso Filho e constantemente confortais com o Vosso Espírito de paz. Amém.

V. Resgastaste-nos, Senhor, com o Vosso Sangue.
R. E fizestes de nós o reino do nosso Seus.

(Extraído do Missal Quotidiano e Vesperal, por Dom Gaspar Lefebvre - 1951)