A Igreja e seus mandamentos e sacramentos
por Monsenhor Henrique Magalhães
O fim principal do matrimônio é a
geração e a educação da prole.
Recordemos a lição que, a este respeito,
nos deu o Santo Padre Pio XI, na sua célebre encíclica - "Casti
Connubii" de 31 de Dezembro de 1930.[1]
Deus Criador, na Sua infinita bondade,
quis servir-Se dos homens, como cooperadores, para propagar a vida. É o que se
depreende das mesmas palavras da Bíblia Sagrada, descrevendo a maravilhosa cena
da Criação dos nossos primeiros pais: "crescei e multiplicai-vos e enchei
a terra".
Note-se, porém, que esta ordem divina
foi dada muito antes do primeiro pecado.
Santo Agostinho, comentando - com a habitual
elegância dos seus escritos - as palavras do apóstolo São Paulo a Timóteo, diz:
"A opinião de São Paulo é que as núpcias devem ser contraídas por motivo
da prole. Quero, continua o bispo de Hipona, quero que as moças se casem, para
procriarem os filhos e serem boas mães de família".
Quem reflete seriamente sobre a
dignidade humana, quem crê na vida futura e espera que Deus recompense
abundantemente o bem praticado no mundo; quem não vê no homem apenas um ser
que, de qualquer maneira, há de se esforçar por gozar a vida, mas um futuro
cidadão da eternidade, um discípulo de Jesus Cristo que deve sofrer, como seu
Mestre, para merecer; quem considera a criatura racional como composta de alma
e corpo - o corpo, templo da alma, e a alma, templo de Deus; quem foi educado
na verdadeira escola espiritualista católica, ou ao menos crê na imortalidade
da alma - não pode deixar de ver na procriação uma bênção de Deus, em favor da
humanidade; uma honra insigne para as famílias, que são chamadas a desempenhar
a missão de colaboradores do mesmo Criador!
A criatura racional pela excelência da
sua natureza, está acima de todos os outros seres da terra. Mais ainda: Deus
quer a geração dos homens não só para que eles encham o mundo, mas para que
conheçam o seu Eterno Senhor, e O amem, e pratiquem o bem, especialmente a
verdadeira caridade que é puro amor e finalmente sejam, pelo mesmo Deus,
recebidos em Seu Reino eterno.
Não basta, porém, colaborar na
continuidade da espécie. É preciso educar a prole. E essa educação há de ter
por base a Religião.
Quantas mães andam esquecidas da grave
obrigação que lhes é imposta: encaminhar, desde cedo desde tenra infância, seus
filhinhos para, Deus! Quadros de beleza incomparável - tão comuns antigamente é
hoje escasseando: as mães, juntando as mãozinhas do seu filho, ensinando-lhe as
primeiras orações, traçando com o pequenino o sinal da Cruz, que há de
mostrar-lhe sempre a sua dignidade de cristão!
Se a prole, no começo, não se pode
prover a si mesma do necessário para a vida física, nem para a vida intelectual
- nada pode certamente quanto à vida espiritual. Da grande responsabilidade dos
pais. Responsabilidade que não se pode admitir desprezada, quando se trata de cristãos
e muito mais ainda de católicos.
[1]
As
citações estão de acordo com a Encíclica.