segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Educação sobrenatural - Parte VII

EDUCAÇÃO SOBRENATURAL


PARTE VII- A GRAÇA E OS ÚLTIMOS FINS

A GRAÇA

É possível fazer compreender à criança alguma coisa do mistério tão profundo da graça?
"Perguntai-lhe, por exemplo, se antes quereria morrer do que renunciar a Jesus Cristo; ela responderá: Sim. Acrescentai:

- Ora! tu deixarias lá cortar a cabeça, para ir para o paraíso!
- Sim.

Até aí a criança acredita que terá bastante coragem para o fazer. Mas vós que quereis fazer-lhe sentir que não se pode nada sem a graça, não adiantareis nada, se lhe disserdes simplesmente que tem necessidade da graça para ser fiel; ela não entende essas palavras e, se a acostumardes a dizê-las sem as compreender, nada tereis alcançado. Que fareis, pois? Contai-lhe a história de São Pedro; recordai-lhe o que ele disse num tom presunçoso? 'Se for preciso morrer, eu Vos seguirei; quando todos os outros Vos deixarem, eu nunca Vos abandonarei'. Depois descrevei-lhe a sua queda: negou três vezes Jesus Cristo; uma criada meteu-lhe medo. Dizei por que permitiu Deus que ele fosse tão fraco; depois servi-vos de comparação duma criança ou dum doente, que não poderiam caminhar sós, e fazei-lhe compreender que temos necessidade de que Deus nos leve, tornareis sensível o mistério da graça."
(Fenelon)

OS ÚLTIMOS FINS

Que é que a criancinha pode saber dos últimos fins?
Pode saber que a alma não morre; que no momento a que se chama a morte, ela comparece diante de Deus, que julga, a recompensa ou a pune.

"As crianças vêem morrer alguém; sabem que se enterra; dizei-lhes:
- Este morto está no túmulo?
- Sim.
- Não está, então, no paraíso? [se buscou e alcançou a santidade na terra]
- Perdão: está.
- Como está no túmulo e no paraíso ao mesmo tempo?
- É a sua alma que está no paraíso; é o sei corpo que se enterra.
- Então a sua alma não é o corpo?
- Não.
- A alma não está morta?
- Não, viverá sempre no céu.

Acrescentai:

- E queres também salvar-te?
- Quero.
- Mas que é a salvação?
- É ir a alma para o paraíso quando morre.
- E a morte o que é?
- É a alma deixar o corpo e o corpo transformar-se em pó."
(Fenelon)

Que é preciso fazer para dar às crianças uma idéia da felicidade e da desgraça eterna?
É preciso empregar comparações.

"Comparai por exemplo, uma gota de orvalho com toda a água da garrafa que têm diante dos olhos; depois com toda a água dum rio, que elas conhecem bem; e enfim, com toda a água do mar... Compreenderão muito bem, asseguro-vos. Continuai em seguida o vosso raciocínio, servindo-vos sempre de comparações familiares, tiradas dos objetos que tendes à vista.

- Vedes bem, então, lhes direis, que a felicidade que se desfruta no mundo não é verdadeira felicidade, pois que depressa acaba. Divertiste-te muito em agosto [nas férias] ? Mas esse prazer agora passou, ao passo que no céu a felicidade dura sempre.

- Tu sofrestes muito outro dia, meu Paulino, quando o doutor incentou o abcesso que tinhas na face. Dói-te ainda? Não, não é verdade? As dores deste mundo não são, pois, grande coisa, porque não duram sempre: no inferno, pelo contrário, seremos sempre desgraçados. Devemos evitar, acima de tudo, a desgraça que não acaba.

Por conseqüência, é preciso ir para o céu a todo o custo, e são bem loucos aqueles que desobedecem gravemente neste mundo aos mandamentos do bom Deus, pois que pagarão um pequeno momento de prazer com um castigo eterno".
(Charruau, Às mães, p. 122-123)

(Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: O meio principal desta instrução: o catecismo)