terça-feira, 7 de setembro de 2010

Educação sobrenatural - Parte II

EDUCAÇÃO SOBRENATURAL
PARTE II


Operações que regulam a vida sobrenatural

"Eu sou a vinha, vós sois os sarmentos"
(João XV, 5)

Quais são as diversas operações que regulam a vida sobrenatural?
São: a sua criação (cap. I), a sua iluminação (cap. II), o seu amparo (cap. III), a sua ressurreição (cap. IV), a sua frutificação (cap. V), a sua extensão (cap. VI), a sua transfiguração (cap. VII).

CAPÍTULO I - A CRIAÇÃO DA VIDA SOBRENATURAL: O BATISMO

"A graça é o princípio da glória; a glória é a consumação da graça".
(São Tomás de Aquino)

Quando se deve conferir o batismo?
O mais cedo possível.

Segundo o ritual, os padres devem exortar os pais a que batizem os filhos sem demora, no próprio dia do nascimento, ou, o mais tardar, no dia seguinte.

Esta recomendação do ritual impõe-se como obrigatória?
Não, indubitavelmente.

Mas o certo é que representa uma falta grave expor as crianças, por negligência, a morrerem sem serem batizadas.

"Uma mãe cristã deve ter o cuidado de, antes do parto, lembrar às pessoas que lhe assistirem que não será preciso chamar o padre, se a vida da criança estiver ameaçada. Sabe-se que, em tal caso, qualquer pessoa pode e deve conferir o batismo. Se a criança sobreviver, avisar-se-á o pároco da freguesia que decidirá, se for oportuno, repetir o batismo feito condicionalmente."
(P. Charruan, Às mães, p. 33)

E o coração da mãe, embora tenha pouca fé, não pede o que a Igreja impõe?
Sim, certamente.

Efetivamente, como se poderia abandonar, de propósito, o recém-nascido ao demônio e com a mancha original?

"Como se poderia estreitar uma criança deserdenada, maldita, quando seria possível beijar um anjo?"
(Mgr. Pichenot)

Acaba de nascer um irmãozinho.
- Beija-o, diz a mãe a sua filhinha loira de quatro anos.
- Se a mamã não se importasse com isso, ou antes não queria beijá-lo; é melhor beijá-lo amanhã, depois do batismo, quando vier o Menino Jesus.

Que fazem os pais cristãos em relação aos padrinhos e as madrinhas dos seus filhos?
Os padrinhos e as madrinhas são, na ordem espiritual, os verdadeiros pais e as próprias mães das crianças que apresentaram ao batismo.

Por isso, os pais cristãos escolhem-nos de tal maneira que o filho, quando crescido, baste pôr os olhos no padrinho, para conhecer os seus deveres, e de tal sorte que a filha, à maneira que se vai desenvolvendo, encontre, na sua madrinha, o exemplo de todas as virtudes que deve praticar.

Que nome se deve dar a sua criança?
- O nome dum santo.
(P. Leschamps, L. J., publicou, pela Maison de la Bonne Presse: Os nomes dos santos ou os nomes de batismo e a devoção dos santos, 200p. in-16).

Os pais cristãos eximem-se às seduções da moda que os levariam a preferir nomes estrangeiros, extraordinários, deturpados ou irreconhecíveis.

- Um nome dum grande santo ou de santo conhecido.

E isto para que a criança possa, à medida que vai crescendo, instruir-se na vida e nas virtudes do seu padroeiro e modelo.

- Um nome que, aliado ao nome de família, não possa ter um significado ou formar uma consonância ridícula ou pouco convenientes. Segundo diz Mgr. Pichenot, são estas as recomendações feitas nas conferências de Angers.

Qual a importância deste nome?
O nome que a criança recebe no batismo é o único nome que ela usa doravante na assembléia dos santos.

É sob esse nome que o bispo lhe há-de administrar o sacramento da Extrema-Unção e recolher, para as abençoar, as promessas sagradas do seu casamento.

É sob esse nome que há-de ser encomendado a Deus, no dia do seu funeral.

É sob esse nome que ele há-de subir aos céus: os anjos assim o hão-de chamar pelos séculos dos séculos.

Não é conveniente, desde então, a este nome o maior respeito?
Sim, o maior respeito.

- É preciso dar-lhe o primeiro lugar; é o pronome, isto é, o nome que se escreve ou se pronuncia antes do nome de família.

- É preciso escrevê-lo por inteiro.

O soberano Pontífice Pio IX, ao acabar um dia a leitura duma obra importante que lhe tinham enviado, não pôde deixar de fazer esta observação:

"Este trabalho contém muitas coisas boas. É para lamentar que, a julgar pela assinatura, o seu autor não seja batizado. E todavia deve sê-lo, visto que é um padre... Mas então, por que não põe o seu nome de batismo? Porque se assina como um pagão?"

O cardeal Pitra escrevia um dia ao margrave de Ségur, a respeito de uma súplica que tinha sido dirigida à Santa Sé:

"... Falta o nome do candidato. Aqui em Roma, ficamos constantemente admirados de que em França se esqueçam com tanta facilidade do nome cristão".

- É preciso nunca o deturpar na conversação. Os pais e as mães devem reagir contra a mania demasiado espalhada de deturpar, mascarar, ridicularizar o nome dado às crianças no dia do batismo: Maria, por exemplo, torna-se Mimi, ou Mia; Francisco, Chico; Suzana, Zaninha; Manuel, Neca, etc.

E o que há de mais estravagante é que os pais só tratam os filhos pelo seu verdadeiro nome quando os repreendem, lhes ralham ou os ameaçam.

Numa casa de educação cristã, onde está estabelecido como regra tratar as crianças pelo seu nome de batismo - o que sob muitos aspectos é digno de elogio - julgou-se a melhor solução, quando foi preciso procurar o meio de evitar confusões, alterar os nomes que se desejam distinguir. A segunda Maria Teresa tornou-se Riate; a terceira Teza; a quarta, Tima, etc.

Será inútil dizer que a solução não nos parece feliz.

Que se deve fazer quando a criança atingiu a idade da razão?
- "Logo que a criança chegou à idade da razão, é conveniente explicar-lhe a natureza do Sacramento do Batismo e as cerimônias que acompanham a sua administração, edificá-la sobre os compromissos contraídos em seu nome, e fazer-lhe renovar as suas promessas".
(P. Charruau, Às mães, p.86)

- A criança deve guardar a sua certidão de idade, reter a data, e festejar piedosamente o aniversário desse dia. [quanto mais o dia do seu batismo]

(Catecismo da educação pelo Abade René de Bethléem, continua com o post:  A iluminação da vida sobrenatural)

PS: Grifos meus