quarta-feira, 15 de setembro de 2010

Educação sobrenatural - IV Parte

EDUCAÇÃO SOBRENATURAL
PARTE IV - O OBJETO DESTA INSTRUÇÃO


"A manifestação das vossas palavras ilumina; dá a inteligência aos pequenos".
(I Tessal., II, 7)

Como se devem instruir as crianças?
Devem instruir-se as crianças, com uma progressão refletida, nas verdades fundamentais da religião:

- Deus;
- Jesus Cristo;
3º- A alma;
- A graça;
- Os últimos fins.

1 - Deus

Qual é a primeira verdade que se deve ensinar a criança?
É a existência de Deus.

- Quem é Deus: perguntamos um dia a uma criança de catecismo.
- Ah! senhor - respondeu ela - ainda não chegamos a essa lição.
(Charruau, As mães, 17)

É evidente que a criança deveria aprender esta lição desde o primeiro despertar da alma, logo que manifeste alguns vislumbres de inteligência.

Como se pode dar as crianças uma idéia da existência de Deus?
Elevando-as até Ele pela consideração das coisas deste mundo.

"A criança não tem dificuldade em conhecer o mundo invisível por detrás das coisas visíveis... Dir-se-ia que ainda ontem estava na presença de Deus".
(Newmann, citado por Cl. Bouvier, A educação religiosa, p. 32)

"Pode-se mostrar as crianças uma casa, e acostumá-las a compreender que essa casa não se edificou por si mesma. As pedras, dir-lhes-eis, não se elevaram sem que alguém as transportasse. É bom mesmo mostrar-lhes os pedreiros que edificam; depois fazer-lhes contemplar o céu, a terra e as principais coisas que Deus fez para uso do homem; dizer-lhes: Vede como o mundo é mais belo e mais bem feito do que uma casa. Fez-se por si mesmo? Não, sem dúvida; foi Deus que o edificou por Suas próprias mãos".
(Fenelon, Da educação das filhas, cap. VI)

Devem contentar-se os educadores com ensinar as crianças a existência de Deus?
É preciso deduzir desta noção confusa a idéia dum Deus Providência, dum Deus presente em toda a parte, dum Deus, justo e bom.

Como se pode incutir a criança a fé na Providência?
1º- Ensinando-lhe, com o catecismo, que nada, absolutamente nada, vem ao mundo sem ordem ou permissão de Deus.

- Fazendo-lhe conhecer o que a Bíblia nos ensina sobre esta verdade. José, indignamente vendido por seus irmãos, disse-lhes mais tarde, quando os tornou a ver: "Não fostes vós, foi Deus que fez tudo; enviou-me diante de vós".

O Salvador, no Evangelho, ensina-nos que "nem um só cabelo da nossa cabeça cairá sem a permissão de Deus".

- Familiarizando-a com o pensamento dos santos e dos bons cristãos...

- Habituando-a a aplicar estas profundas verdades aos menores incidentes da vida quotidiana.

Como pode incutir à criança a fé na presença de Deus?
1º- Ensinando-lhe, neste ponto, a bela e fecunda verdade teológica: Deus está em toda a parte; nada Lhe escapa: é nEle que nós temos o ser, o movimento e a vida; banhando-nos nEle como o peixe na água.

- Exercitando-a a viver neste pensamento.

"Nunca se insiste bastante, dizia Diderot, sob a presença de Deus. Os homens baniram a divindade de entre eles; parece que os muros dum templo limitam a sua vida e que ela se não prolonga mais além. Se tivesse uma criança para educar, acrescenta ele, far-lhe-ia da divindade uma companhia tão real, que lhe custaria a separar-se dela. Em lugar de lhe citar o exemplo dum outro homem, que ela conheça, talvez mais pecador do que ela, dir-lhe-ia bruscamente: Deus ouve-te e tu mentes!..." As crianças querem ser formadas pelos sentidos; multiplicaria, portanto, em volta dela, os sinais indicativos da presença divina. Se ela fizesse, por exemplo, um círculo na minha presença, marcaria aí um lugar a Deus, e acostumaria o meu educando a dizer: 'Nós somos quatro; Deus, o meu amigo, o meu diretor e eu'".

A que fim deve tender este ensinamento relativo a Deus?
Deve tender, desde a mais tenra idade, a inspirar às crianças o amor e o temor de Deus.

"Representaria Deus assentado sobre um trono, com os olhos mais brilhantes que os raios do sol e mais penetrantes que os relâmpagos; fazei-o falar; dai-lhe ouvidos que ouvem tudo, mãos que sustentam o universo, braços sempre levantados para punir os maus, um coração terno e paternal para tornar felizes aqueles que O amam".
(Fenelon, ob., cit. cap. VI)

Procedendo assim, depositam-se na alma das crianças este princípios da fé que são o fundamento da sua felicidade eterna. E quando as paixões rugirem, fazendo calar todas as vozes humanas, as crianças escutarão ainda a voz da sua consciência ou sua mãe, que lhes fala em nome de Deus:

- Isto não é permitido: é Deus que o proíbe; se cedes, temes o castigo; se resiste, terás a recompensa do céu, etc.

(Catecismo da educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: Jesus Cristo)

PS: Grifos meus.