sábado, 23 de fevereiro de 2013

El deseo torturante de Dios

Robert de Langeac
La vida oculta en Dios

Al empezar la vida interior, el deseo de Dios es débil. Es algo sordo, apenas perceptible. El alma siente como un malestar misterioso y dulce que no llega a precisar. Se siente minada en lo más íntimo de si misma. ¿Por qué? No lo sabe claramente. El amor de Dios está actuando en su corazón, pero como un fuego que se incuba bajo la ceniza. De vez en cuando brota una chispa: un impulso eleva el alma hasta Dios. Luego, todo se serena. La oscuridad envuelve otra vez el fondo del alma. La zapa de ésta, sin embargo, no se interrumpe. Prosigue lenta, oscuramente, pero con segundad. El deseo de Dios aumenta: invade poco a poco toda el alma. Y no ha de tardar en manifestarse de nuevo.

En espera de ello, ese deseo de Dios no permanece inactivo. Si pudiéramos penetrar en esta alma, veríamos que él es quien inspira, dirige y vivifica todo en ella. El alma se vuelve hacia Dios sin descanso. Lo busca siempre. Es como un hambre dolorosa. Como una sed agostadora. Como una misteriosa enfermedad que nada cura y todo lo aumenta. Es de todos los instantes. No deja descansar ni de día ni de noche. Incluso cuando el alma parece estar distraída de su dolor por las ocupaciones exteriores, lo siente siempre sordamente en el fondo de sí misma.

Su herida es profunda, su llaga siempre está viva. ¡Cómo sufrimos cuando te amamos, Dios mío! Pero también, ¡qué dichoso es una padeciendo!

Los "Pianissimos" de la unión: nuevas búsquedas de Dios

Robert de Langeac
La vida oculta en Dios

La intimidad consciente del alma con Dios no se mantiene constantemente en su grado máximo. Pues aunque en ciertas horas es muy viva, por lo común es más bien latente, sorda, semiinconsciente. En una palabra, todavía no es perfecta. En esos momentos demasiado largos que podrían llamarse los «pianissimos» de la vida interior, la unión sigue existiendo. Dios sigue siendo el bien del alma, y el alma sigue siendo el bien de Dios. Dios no duda del alma, como tampoco el alma duda de Dios. De una y de otra parte sigue existiendo la más delicada fidelidad.

Y con todo, sin embargo, a veces el Esposo divino parece alejarse. Si alguien preguntase entonces al alma interior: « ¿Dónde está tu Dios? ¿No te ha abandonado?», ella respondería con toda la sinceridad de su corazón: «Cierto que ya no disfruto tan vivamente de su presencia. Pero no me ha abandonado. Pues sé dónde está y lo que hace: Pastorea entre azucenas». Pues Jesús tiene otras ovejas a las que ama y de las que se ocupa. Y ellas constituyen su rebaño.

Pero Dios continúa ocultándose y pasan las horas. La esperanza persiste en nuestro corazón. Puesto que Dios se oculta, ¿no tendremos que buscarlo? Y si sigue ocultándose siempre, como es su derecho, ¿no será menester que lo sigamos buscando siempre, como es nuestro deber?

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

A Igreja e seus mandamentos (Quarto Mandamento)

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

QUARTO MANDAMENTO
4 de Dezembro de 1949.

            Vamos hoje examinar o 4.° Mandamento: Jejuar e abster-se de carne, quando manda a Santa Madre Igreja.
            Jejum, segundo Vigouroux (Dictionnaire de la Bible), vem da expressão hebraica que quer dizer: afligir sua alma. Vemos nos livros da Bíblia, Levítico e Números (Lv 16, 21-31; 23, 27-32; Nm 29, 7) o seguinte: "No décimo dia do sétimo mês, isto é, na festa da Expiação, todo israelita deve afligir sua alma". Conclui-se daí também a antiguidade do jejum. Devemos dizer o mesmo quanto à abstinência, usada também pelos hebreus, embora, segundo esse mesmo autor, não tivesse sido prescrita para certos dias, como faz a Igreja, mas em caráter permanente, visando a temperança, a religião, a higiene e a completa separação dos povos vizinhos.
            Em o Novo Testamento vemos o célebre jejum de 40 dias e 40 noites, a que se entregou Jesus, antes de iniciar a Sua vida pública (Mt 4, 2; Mc 1, 13; Lc 4, 1). Era a grande lição que propunha aos que, no decorrer dos séculos, tivessem de fazer algo de grande na esfera do sobrenatural: prepararem-se pela penitência, pelo jejum, purificando a alma, pela aflição do corpo.
            E a lição eloquentíssima do Mestre ainda em nossos dias é seguida pelos que aspiram à perfeição. O Cardeal Roberto Belarmino, hoje Santo recentemente canonizado, costumava dizer: "Eu jejuo nas quartas, sextas e sábados. E é o mínimo que posso fazer para minha salvação. Pois aquele fariseu do Evangelho afirmava que jejuava dois dias na semana; e Jesus disse que se a nossa virtude não for maior do que a dos fariseus não nos salvaríamos; logo, para que eu me salve devo fazer o jejum três vezes na semana, isto é, ao menos uma vez mais do que os fariseus...”
            A origem do jejum da Quaresma data dos primeiros tempos do Cristianismo e não é sem fundamento que sua instituição se atribui aos apóstolos. Assim pensava São Jerônimo, quando escrevia a Marcelino (epístola 54): "Jejuamos durante quarenta dias, segundo a tradição apostólica".
            E São Leão exortava os fiéis (sermão 43), nestes termos: "Observe-se fielmente a tradição apostólica, nos 40 dias do jejum.”.
            Não foi realmente em vão que Jesus disse certa vez, quando censuravam a alegria dos Seus apóstolos: "Dias virão em que lhes será tirado o esposo; então eles hão de jejuar" (Mt 9, 15). E Esposo era o próprio Cristo.
            É fora de dúvida que esse preceito estava em vigor no tempo de Santo Agostinho. É o que se depreende desta sua frase no sermão 125: "Antes da Páscoa, jejuamos durante 40 dias." E no sermão 209, acrescenta: "São estes os santos dias que, ao aproximar-se a festa da Ressurreição, se celebram com louvável fervor em todo o universo".

A Igreja e seus mandamentos (Terceiro Mandamento)

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

TERCEIRO MANDAMENTO
2 de Dezembro de 1940.

            Continuando a recordar os mandamentos da Igreja, examinaremos hoje o terceiro, que o catecismo enuncia assim: comungar ao menos pela Páscoa da Ressurreição.
            Trata-se pois, da Comunhão Pascal. Uns dizem - pascal - outros, - pascoal. Aulette, em seu dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa, manda dizer - pascal - não mencionando outra forma. O nosso dicionário brasileiro da língua portuguesa, de Hildebrando Lima e Gustavo Barroso, revisto e aumentado pela fina flor dos cultores da nossa língua pátria, diz o pascal, relativo à Páscoa; e adiante, pascoal, o mesmo que pascal. - Resolvida a questão linguística, passemos ao Direito Canônico.
            Cânon 859: "Todo fiel, de um e de outro sexo, depois de chegar à idade de discrição, isto é, ao e uso da razão, deve, uma vez no ano, ao menos por ocasião da Páscoa, receber o sacramento d' Eucaristia, salvo se, a juízo do próprio sacerdote, isto é, do confessor, a recepção desse sacramento dever adiar-se por algum tempo, havendo causa razoável". Se, por exemplo, como diz Ballerini, o confessor não vir no penitente sinais de arrependimento dos pecados, ou notar falta de firmeza no propósito de não pecar mais.
            Deve-se persuadir os fiéis a fazerem a Comunhão Pascal em sua própria paróquia; e a comunicarem ao pároco respectivo o cumprimento desse preceito grave, quando o fizerem em paróquia alheia. Esta doutrina é confirmada pelo Concílio Plenário Brasileiro.
            Diz finalmente o mesmo Cânon: Quem não comungou dentro do prazo marcado pela Igreja não está, por isso, dispensado do preceito da Comunhão anual. Comungue, pois, em qualquer dia. Este preceito não se cumpre com uma Comunhão sacrílega -- conforme o Cânon 861.
            No Brasil o preceito da Comunhão Pascal pode ser cumprido desde o domingo da septuagésima, até ao dia 29 de Junho, festa dos Apóstolos São Pedro e São Paulo. A septuagésima é o terceiro domingo antes da quaresma, contando-se assim: septuagésima, sexagésima, quinquagésima; seguem-se a este domingo mais dois dias consagrados aos doidos; vem a quarta-feira de Cinzas e o 1.° domingo da quaresma. Eis a situação exata da septuagésima.

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Doutrina Cristã - Parte 18

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

5.º MANDAMENTO

Não matar

            O quinto mandamento nos proíbe causar dano à vida, quer natural, quer espiritual do próximo e à nossa; pelo que proíbe o homicídio, o suicídio, o duelo, os ferimentos, as pancadas, as injúrias, as imprecações e o escândalo.
            O quinto mandamento nos ordena querermos bem a todos, até aos inimigos, e reparar o mal corporal e espiritual feito ao próximo.

Os direitos de Deus

            31. - Deus é o dono absoluto da vida: Ele no-la deu para um fim determinado, isto é, para conhecê-lO, amá-lO, servi-lO na terra e gozá-lO, por fim, no Céu.
            Só Ele no-la pode tirar quando e como o julgar e quiser. Todo atentado, quer espiritual, quer material, contra a nossa vida e a do próximo, é uma ofensa a Deus.

Escândalo

            32. - Danifica-se a vida espiritual do próximo, quando se induz alguém a cometer um pecado mortal, com que se perde a graça de Deus, que é vida da alma. Isso acontece com o escândalo, que é dar ao próximo, com algum ato mau, a ocasião de cometer pecado.
            O escândalo é ativo, se se considera por parte de quem faz a ação, que pode induzir ao pecado; passivo, se por parte de quem o recebe, em seguida ao ato mau.
            O escândalo ativo; quando for dado com o escopo direto de se fazer o próximo cometer o pecado, chama-se diabólico.
            O escândalo passivo, às vezes, depende da ignorância ou fraqueza de quem é escandalizado, e intitula-se escândalo dos pequeninos; outras vezes, depende da malícia e maldade de quem escandaliza, e diz-se farisaico, ou dos Fariseus, que se escandalizavam até das boas obras de Nosso Senhor.
            O escândalo é pecado gravíssimo, porque tende a destruir, com a perda das almas, a maior obra de Deus, que é a redenção: tira ao próximo a vida da graça, mais preciosa que a vida do corpo, e é causa de multidão de pecados.
            Deus ameaçou de severos castigos a quem der escândalo: "Ai daquele homem por quem o escândalo vem!" (Mat., XVIII, 7.) Quem deu escândalo deve reparar o mal feito, com sábios conselhos e bons exemplos.

Doutrina Cristã - Parte 17

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

            4.º MANDAMENTO

            Honrar pai e mãe

            O quarto mandamento nos ordena amar, respeitar e obedecer aos pais e a quem tenha autoridade sobre nós, isto é, aos nossos superiores.
            O quarto mandamento nos proíbe faltar honra aos pais, aos superiores, e desobedecer-lhes.

A Família- A Igreja. - O Estado

            27. - Os três primeiros mandamentos nos falam dos nossos deveres para com Deus; os outros sete se referem aos deveres para conosco e para com o próximo.
            O homem nasceu para viver em sociedade. A primeira sociedade que encontra é a doméstica, ou a família. Temos, após, a sociedade religiosa - a Igreja, e a sociedade civil - o Estado.
            Em toda sociedade bem organizada, há de haver quem mande e quem obedeça; daí, as relações de superioridade e sujeição determinadas pelo quarto mandamento.

Deveres dos filhos para com os pais

            28. - O quarto mandamento respeita em primeiro lugar aos pais, isto é, àqueles a quem, depois de Deus, devemos a vida e que com amor, penas e sacrifícios nos criaram e educaram.
            Nós lhes devemos respeito, amor, obediência e assistência.

            AMOR. - A própria natureza nos inclina a amar os pais, isto é, a querer-lhes bem, a desejar-lhes o bem e a nos compadecermos deles. O nosso amor deve ser de fato e não de palavras; deve ser sobrenatural, isto é, inspirado em motivos sobrenaturais, por amor de Deus, e devido sempre, ainda mesmo que, por graves causas, os pais se tornassem indignos.

Doutrina Cristã - Parte 16

Nota do blogue: Acompanhar esse Especial AQUI.

Monsenhor Francisco Pascucci, 1935, Doutrina Cristã
tradução por Padre Armando Guerrazzi, 2.ª Edição, biblioteca Anchieta.

            3.º MANDAMENTO

Lembra-te de santificar as festas

            O terceiro mandamento nos ordena honrar a Deus nos dias de festas de guarda, com atos de culto externo, dentre as quais aos cristãos é essencial a Santa Missa.
            O terceiro mandamento proíbe nos dias de festa obras servis, isto é, trabalhos manuais, próprios de operários e artífices.

O Sábado. - O Domingo

            24. - Lembra-te de santificar o dia de sábado. Depois que Deus criou em seis dias o mundo, ao sétimo dia repousou e o santificou, impondo ao homem consagrasse aquele dia em honra e culto a seu Criador e Senhor.
            A Igreja transferiu essa obrigação do sétimo dia para o primeiro da semana, chamado o Domingo ou o Dia do Senhor, em memória da Ressurreição de Jesus Cristo e da descida do Espírito Santo sobre os Apóstolos, ocorridas precisamente no primeiro dia da semana.

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

SOBRE A CONFISSÃO DAS PESSOAS DE CONSCIÊNCIA TIMORATA

Nota do blogue: Agradeço a alma generosa que me enviou essa transcrição, Deus lhe pague!

INSTRUÇÃO DO R. Padre QUADRUPANI
SOBRE A CONFISSÃO DAS PESSOAS DE CONSCIÊNCIA TIMORATA

Extraído do livro 
Maria falando ao Coração das Donzelas
pelo
Abade A. Bayle



1.           A confissão é um sacramento de misericórdia; devemos por isso aproximar-nos dela com uma piedosa alegria e inteira confiança. São Francisco de Sales ensina-nos que para os que se confessam todos os oito dias basta um quarto de hora de exame de consciência, e pede menos para o ato de contrição. Muito menos tempo ainda basta aos que se confessam mais a miúdo.

2.       Se vos acontece esquecerdes algumas faltas leves, nem por isso deixam de ser perdoadas. Reparai numa judiciosa observação de nosso santo: “Não devemos inquietar-nos quando nós não lembramos as faltas, para as confessarmos; porque não é crível que uma alma que faz muitas vezes o exame da sua consciência, o não faça de modo que se lembre das suas faltas graves. Não devemos ser tão delicados que queiramos confessar tantas imperfeições pequenas, tantas faltas leves: um ato de humildade interior, um suspiro basta para apagar”. Não digais que tendes pecados ocultos que não confessais. Isso é um artifício do demônio para vos inquietar. Recordai-vos ainda de que a relação minuciosa das vossas faltas não é o que as perdoa, assim como uma enumeração exata das dívidas não apaga nada ao credor.

3.          Tende a certeza que quanto mais examinardes, menos encontrareis. Além disso, um exame prolongado fatiga o espírito e entorpece o coração.

4.           A instrução seguinte de São Francisco de Sales será, pois de uma grande importância prática: 
      “Quando não virdes claramente que destes alguma espécie de consentimento aos acessos da cólera ou de qualquer outra tentação, deveis dizê-lo ao vosso diretor espiritual, a fim de serdes instruídos como haveis de proceder; mas não o deveis dizer: acuso-me de ter tido durante dois dias grandes movimentos de cólera, mas não consenti neles, dizeis virtudes em vez de dizerdes defeitos. Estando em dúvida se cometestes alguma falta, deveis examinar seriamente se essa duvida tem fundamento, e depois falar dela com simplicidade. No caso contrário deveis calar-vos, ainda que sintais por isso um pesar”.

5.       Também o santo não quer que façamos certas acusações gerais, que muitas pessoas fazem por costume, e a que ele chama supérfluas. Por exemplo: de não ter amado a Deus e ao próximo quanto era do nosso dever; de não ter rezado as orações ou de não ter recebido os sacramentos com o respeito conveniente e coisas semelhantes; porque, acrescenta ele, todos os santos do paraíso e todos os homens do mundo podiam dizer o mesmo, se se confessassem.

6.      Tende sempre presente ao espírito este aviso tão útil de São Francisco de Sales: “Não somos obrigados a confessar os pecados veniais: mas quando os confessamos, devemos ter a resolução de emendar-nos deles: aliás, seria um abuso dá-los por matéria da confissão sacramental”.

7.             Depois da confissão fica tranqüilo. É absolutamente proibido deixar-vos vencer de temores a respeito do exame de consciência, da contrição ou de qualquer outra coisa que seja. Estes temores são artifícios do vosso inimigo, que deseja tornar-vos amargo um sacramento de consolação e de amor.

8.   Devemos arrepender-nos dos nossos pecados, mas não perturbar-nos por causa deles; o arrependimento é feito por amor de Deus; a perturbação, do amor próprio. No mesmo ato de sincero arrependimento devemos dar graças a Deus de que, pela Sua misericórdia, não procedemos pior. Prometei-Lhe depois sincera emenda, não confiando senão na Sua bondade. Ainda que caísses cem vezes por dia, deveis sempre esperar e prometer séria emenda. Num instante Deus pode transformar as pedras em verdadeiros filhos de Abraão, isto é, em grandes santos. Assim o fará se constantemente confiardes n'Ele.

9.             A dor dos pecados consiste numa determinação da vontade que detesta as faltas passadas e não quer cometê-las para o futuro. Para a verdadeira contrição não são precisas lágrimas, nem suspiros, nem emoções sensíveis: podemos até ter nosso coração contrito santo e justificante no meio da maior aridez, que nos parecerá ser insensibilidade. Não vos deixeis vencer por nenhum temor a este respeito.

10.       Não façais nunca esforço algum para excitardes em vós a contrição; este esforço perturba e fatiga a alma sem lhe dar o que procura. Pelo contrário, estabelecei no vosso coração uma profunda paz, e dizei amorosamente ao vosso Deus que desejareis não O ter ofendido, e que com o Seu auxílio não quereis ofendê-lO mais para o futuro: eis a contrição. Ela é um efeito do amor, e o amor procede sempre com tranqüilidade.

11.       São Francisco de Sales diz que o ato de contrição se faz em um instante com dois rápidos olhares. Um sobre nós com o detestar do pecado, outro sobre Deus com a promessa de nos emendarmos na esperança do Seu socorro. Um dos penitentes mais contritos foi David: e a sua contrição encerrou-se nesta palavra: Pequei, pecavi; e com esta só palavra se justificou.

12.         Dizeis que quereis ter a contrição; mas que não podeis tê-la. São Francisco de Sales responde-vos: “É poder muito, muito poder querer. O desejo da contrição prova que há contrição. O fogo que está debaixo da cinza não se sente não se vê, e, contudo existe”. O desejo de sentir a contrição nasce muitas vezes de uma complacência interesseira da nossa parte, que não satisfeita de contentar a Deus, queria também contentar-se a si; e na sua sensibilidade pessoal ter a certeza do seu estado de graça e da sua virtude.

13.         Deus não vos faz conhecer a vossa contrição para vos alcançar o mérito da obediência, a qual vos impõe o dever de ficardes em paz. Acredite, pois, humildemente, obedecei desafogadamente, e obtereis uma dupla coroa. Muitas vezes os santos mais elevados julgavam não ter contrição nem amor, mas no meio das suas trevas seguiram a luz da obediência com uma heróica submissão.

14.      Não julgueis que não tendes contrição ou que vos confessais mal, porque tornais a cair em faltas. É preciso fazer distinção entre as faltas: devemos corrigir-nos com vigor das que nascem de uma vontade depravada que ama o pecador, quer o pecado e deseja perseverar no pecado; mas as faltas que nascem da surpresa, da fraqueza, da fragilidade, nos acompanharão em parte até a morte. “Será muito, diz o nosso santo, poderemos nos curar de certos defeitos um quarto de hora antes de morrermos”. E em outra parte: “Devemos suportar não só as fraquezas do próximo, mas também as nossas, e ter paciência à vista das nossas imperfeições”. Procuramos emendar-nos com paz e sem ansiedade, porque não podemos ser anjos antes do tempo.

15.         Nas vossas confissões acrescentai em geral alguma falta da vossa vida passada, de que experimentais uma dor particular. Dizei por exemplo: confesso-me dos pecados de impureza, de ódio ou de vingança da vida passada. Deste modo a matéria necessária para o sacramento será muito mais certa.

16.      Repeli os temores de terdes omitido pecados nas vossas confissões gerais ou particulares, ou de não os terdes declarado como deveis: “A Igreja, que é o intérprete da vontade de Nosso Senhor Jesus Cristo, pede a integridade sacramental e não a integridade material. A primeira consiste na confissão dos pecados lembrados depois de um exame razoável, e proporcionado ao estado atual da nossa alma. A integridade material consiste na declaração material de todos os pecados que cometemos, do seu número, das suas circunstâncias sem omitir nenhuma. A Igreja pede a primeira integridade, porque não exige a segunda, sabendo muito bem que no nosso exame nos poderá escapar alguma coisa ou sobre o número ou sobre as circunstâncias. Em suma: ela não pede aos fiéis senão uma confissão humilde e sincera de tudo o que lhes vem à lembrança depois de um exame conveniente, persuadida de que a boa vontade dos penitentes supre então a falta involuntária da sua memória” É o pensamento do teólogo Jamin.

17.       Tendes satisfeito abundantemente à integridade sacramental; repeli, pois todas as apreensões e dúvidas como verdadeiras tentações.

18.   Lembrai-vos ainda de que se vos parecer que não tendes tido com o vosso exame o cuidado conveniente, o confessor prudente supre esta falta pelas suas interrogações; e se ele não faz nenhuma é porque tem o conhecimento necessário da qualidade dos vossos pecados e do estado da vossa alma, que é o fim, da acusação sacramental.

19.     Daí vem o erro dos que querem repetir as suas confissões gerais com o medo de não terem tido as disposições suficientes no seu exame ou na sua contrição; daí a censurável facilidade dos confessores que se prestam a isso. Se devêssemos dar ouvidos a semelhantes apreensões, seria preciso passar a vida inteira a renovar as confissões gerais, porque os mesmos receios se podem apresentar sempre, ainda nos maiores santos; e assim a confissão se transformará em verdadeiro cavalete, em tortura da alma; ora, isto é uma proposição herética, fulminada pelo Concilio de Trento.

20.      A doutrina de todos os santos e de todos os teólogos esclarecidos é que, depois de ter feito a vossa confissão geral com sinceridade de coração e desejo de vos emendardes, deveis ficar tranqüilo e não repetir de modo algum. Aquele que obra de outra sorte traz a memória o que devia esquecer e perturba o espírito em vez de sossegá-lo. Tanto mais que como diz São Filipe Nery: “Quanto mais se varre, mais pó se levanta”.

21.         Para chegardes a tranqüilizar a vossa alma, achareis um poderoso socorro neste sentimento universal dos santos, de que o temor do pecado deixa de ser salutar quando é excessivo.

Gracias místicas y actividad externa

Robert de Langeac
La vida oculta en Dios


Al principio de las más altas gracias de oración, Dios empieza por absorber toda la actividad externa. Hay un trastrueque. Dios nos distrae de las criaturas y de nuestras ocupaciones, como, por desgracia, nuestras ocupaciones y las criaturas nos distraían habitualmente de Dios. Cuando el género de vida no permite este estado de absorción Dios tiene compensaciones. Pero actúa así, al menos, durante la oración. Por ejemplo, Santa Catalina de Ricci. Ni la Santa ni sus superiores se daban cuenta de lo que sucedía en ella. Era aquello una completa ligadura.

Luego sucede un estado de malestar. La acción de Dios estorba la acción del alma sin suprimirla por entero.

Por fin, Dios, Dueño absoluto del alma, le devuelve la posesión completa y perfecta de sus facultades, sin que ella abandone la unión divina. Se producen entonces unas obras excelentes, sin proporción con las fuerzas humanas, como las fundaciones de Santa Teresa y de la. Venerable María de la Encarnación.

Éxtasis y Oración

Robert de Langeac
La vida oculta en Dios


Mientras no otorgas esta gracia al alma, por muy cerca que esté de Ti, se da cuenta de que no está totalmente cogida por Ti. Siente como un malestar espiritual, como una especie de inseguridad. No querría ser perturbada en su dulce ocupación. Pero podría suceder que lo fuera. Lo teme. Y su temor es fundado. No están todavía rotos todos los vínculos con lo que no eres Tú. Aún mantiene cierta comunicación con este mundo sensible que nada puede darle y que, por el contrario, podría volver a llamarla a él, ¡ay!, arrebatándola todo. Sin duda ese temor es débil, sordo, casi inaprensible, pero existe. Hace sufrir, es una traba. Verdaderamente el alma no puede elevarse para hablarte a sus anchas, cuando siente dentro de si un deseo tan vivo de hacerlo.

Mientras que cuando te dignas desligaría por completo, aunque no sea más que por un instante, ¡qué alegría al encontrarse a solas contigo, casi cara a cara, y al pode decirte sin palabras todo lo que guarda para Ti en el corazón desde hace tanto tiempo! Hace entonces como si Tú no supieras nada de ello. Te lo dice todo. Se abre hasta el fondo. ¡Mira, Padre, todo es tuyo, todo es para Ti! Ya no hay criaturas que puedan estorbar tu mirada y herir tu Corazón. Ya no hay ningún obstáculo entre nosotros. Yo te hablo y Tú me escuchas. Yo te miro y Tú me contemplas complacido. Nadie nos oye, nadie nos ve. Nadie sabe que yo estoy aquí contigo, en Ti. Lo ven los ángeles…, lo ven los Santos… Pero ellos no sabrán de nuestra intimidad más que lo que Tú quieras revelares. Además, que su mirada no es indiscreta; por el contrario, se sienten dichosos de lo que ven. Y si es necesario, excitarán mi alma para alabarte, para bendecirte, para amarte todavía más.

terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

A PAZ DA ALMA (segunda parte: a aceitação de si)

Fonte: Salve Regina

d. CURZIO NITOGLIA
[Tradução: Gederson Falcometa]
2 de abril de 2012

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 SEGUNDA PARTE
*
A aceitação de si 
  •  Muitas vezes temos dificuldade de aceitar a vontade de Deus, queremos fazer aquilo que gostamos, mas algumas circunstâncias que não nos agradam se apresentam a nossa porta, e então, precisamos fazer as contas com elas. O ideal é renunciar aos nossos gostos e inclinações que são desviados pelo pecado original, para uniformizar a nossa vontade à vontade divina que é perfeitíssima em si, mesmo que nos possa aparecer incompreensível e até mesmo desagradável. Nem sempre somos bem sucedidos e algumas vezes buscamos uma escapatória. Ma isto longe de nos satisfazer nos deixa insatisfeitos, porque ficamos realmente confusos, ainda que nos pareça termos obtido aquilo que desejávamos. No curso desta segunda parte buscaremos ver todos acontecimentos com os olhos da fé e poder abraçar com amor aquilo que temos desejado evitar. Apenas assim encontraremos a verdadeira paz interior.
  • O segredo é deixar Deus agir e agir em subordinação ao seu plano. Infelizmente algumas vezes nos obstinamos a querer fazermos nós e assim impedimos a realização do projeto divino e nos metemos em um estado de desordem, de desarmonia, desfinalização que nos torna descontentes, fora de lugar e sem verdadeira paz. 

A Igreja e seus mandamentos (Segundo Mandamento)

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.

A Igreja e seus mandamentos
por
Monsenhor Henrique Magalhães
Editora Vozes, 1946

SEGUNDO MANDAMENTO
29 de Novembro de 1940

            O 2.° Mandamento da Igreja é: Confessar-se ao menos uma vez cada ano. Examinemo-lo resumidamente, como de costume.
            O cânon 906, do Código de Direito Canônico, prescreve: "Todo o fiel de ambos os sexos, tendo chegado à idade de discrição, isto é, ao uso da razão, é obrigado a confessar fielmente os seus pecados, ao menos uma vez no ano". E o cânon seguinte, 907, diz: "Não satisfaz ao preceito da confissão dos pecados, quem faz uma confissão sacrílega ou voluntariamente nula".
            Tratando especialmente do sacramento da Penitência ou Confissão, terei ocasião de provar a sua instituição divina. Agora basta lembrar o que se lê no capítulo 20.°, versículos 22 e 23 do Evangelho de São João. Jesus, depois de ressuscitado, diz aos Seus apóstolos: "Recebei o Espírito Santo; aqueles a quem perdoardes os pecados, tais pecados lhes serão perdoados; aqueles a quem os retiverdes, tais pecados lhes serão retidos".
            Por estas palavras se vê claramente não só a instituição divina do Sacramento, mas, e com a mesma clareza, a sua instituição em forma de tribunal. Se há ocasiões em que os pecados podem ser perdoados e ocasiões em que o não podem ser, é indispensável a declaração franca e sincera das próprias faltas, a alguém que decida se elas devem ou não ser perdoadas. É, portanto, evidente a insensatez da frase: eu me confesso diretamente a Deus...
            O Concílio de Trento anatematiza quem disser que a Penitência não é um Sacramento instituído por Jesus Cristo, para perdoar os pecados cometidos depois do Batismo. E o Concílio Florentino, no Decreto aos armênios, ensina: O quarto Sacramento é a Penitência.
            Quem admite a Bíblia Sagrada como livro inspirado, e base da fé, precisa fazer uma dificílima ginástica intelectual para negar a existência da Confissão!
            A prática universal deste Sacramento é outra prova da sua instituição divina. Combatido, insultado, caluniado... difícil, ordinariamente falando, porque exige um grande ato de humildade... mesmo assim e apesar de tudo e de todos os seus inimigos, o quarto Sacramento é praticado em todo o mundo universo, por milhões de crentes!
            Tenho diante dos olhos um recorte do famoso diário católico francês "La Croix", já bem antigo - de 15 de Outubro de 1936. A propósito da catástrofe do navio explorador "Pourquoi-Pas?", em que pereceu o grande sábio dr. Charcot, aquele jornal recebeu a seguinte comunicação: Na véspera de sua partida para o cruzeiro, da qual não deveria mais voltar, Charcot entra na Igreja de Saint-Servan-sur-Mer, e encontra um dos coadjutores que lhe diz afetuosamente: "Então, meu comandante, tudo pronto; partis amanhã? Tudo pronto, não, - respondeu o sábio. - Tudo estará pronto, depois que me ouvirdes em confissão e me derdes a Santa Comunhão." Instantes depois, o dr. Charcot se ajoelhava no confessionário.
            Em toda parte, cidades, vilas e aldeias, gente ilustrada, e gente rude, pobres e ricos, ajoelham-se aos pés do sacerdote católico e confessam os seus pecados. Eis o fato incontestável, pois foi de ontem, é de hoje e será de amanhã. A prática da confissão era comum nos primitivos tempos do cristianismo, não havendo necessidade de lembrar aos fiéis a sua obrigação a respeito de um ato que é um dos mais belos traços da misericórdia de Deus, para com os pobres pecadores. Época de fervor, animada pelos ecos suavíssimos da pregação de Nosso Senhor Jesus Cristo e pelas admiráveis lições dos apóstolos, todos se esmerava em praticar, de modo mais perfeito, a doutrina cristã.
            Vieram depois tempos piores. O fervor decresceu e arrefeceu simultaneamente a prática da religião. Havia fiéis que passavam anos e anos sem cumprir o dever indeclinável de fazer a confissão de seus pecados.
            A vista de tão deplorável decadência, a Igreja, guarda do depósito sagrado da verdadeira Fé, no ano de 1215, reunido o IV Concílio de Latrão, decretou: "Todo fiel, chegado ao uso da razão, tem obrigação de confessar todos os seus pecados, secretamente, ao próprio sacerdote, ao menos uma vez no ano". - O texto desse cânon, o 22.°, diz: omnia "solus" sua peccata confiteatur. O Concílio estabelecia severa pena para os relapsos: Durante a vida, proibição de entrar na Igreja: depois da morte, privação da sepultura eclesiástica. Este rigor foi posteriormente mitigado. E os termos do Direito Canônico em vigor são os que já vos citei há pouco.
            Não há tempo determinado para o cumprimento do preceito da confissão, de sorte que, à letra, contanto que esteja dentro do período de um ano, está cumprida a obrigação. Na praxe, porém, a confissão anual é feita no período marcado para a Comunhão Pascal. Assim o católico cumpre simultaneamente os dois mandamentos, confessando-se e recebendo a sagrada Comunhão. Coisa aliás muito razoável, pois neste tempo se realizam as grandes comemorações da Redenção da Humanidade; e foi derramando Seu precioso sangue por nosso amor, que Jesus Cristo nos granjeou o perdão dos pecados. E o mérito desse Sangue Redentor nos é aplicado pela Sacramento da Penitência.