terça-feira, 3 de agosto de 2010

A FORMAÇÃO DA VONTADE - PARTE VI

A FORMAÇÃO DA VONTADE
PARTE VI


A duração na decisão

Que é preciso para praticar esta primeira forma da perseverança: a duração na decisão?
É preciso resguardarmo-nos e proteger as crianças das más influências que possam exercer-se sobre a vontade.

Quais são as influências más de que é preciso resguardarmo-nos e das quais é necessário proteger as crianças?
Todas as que são capazes de desanimar a vontade, de enfraquecer a energia, ou arruinar a perseverança:

- A inconstância natural;
- O mau exemplo;
- O temor das dificuldades.

A inconstância é, portanto, natural no homem?
Cremos que sim; e, na generalidade dos casos, o homem carece dum certo esforço para chegar a manter uma decisão um pouco onerosa.

Entregue às suas naturais inclinações, o homem seria, em breve, uma imagem do tipo do inconstante traçado por Boileau:

"Vai dum extremo ao outro, sem a menor pena,
o que louva de dia, à noite já o condena,
pra todos maçador, a si próprio incomoda.
Muda constantemente a opinião e a moda.
O menor vento o vira; os golpes menos crus
o fazem despenhar, andando muito à roda.
Hoje, num capacete; amanhã, num capuz".
(Boileau, Sátiras, VIII)

É preciso advertir as crianças dos maus exemplos que estão expostas a encontrar no mundo?
Sim, a seu tempo, a criança deve saber que no mundo há loucos, mentirosos, enganadores, malévolos, covardes, homens que se vendem, homens que são vítimas dos respeitos humanos, etc.; que existem desgraçados, pessoas mal educadas, que se devem lastimar, mas nunca imitar.

Não se deve contar com dificuldades?
Sim, é preciso encará-las, mas não temê-las, nem subordinar-lhes as resoluções tomadas...

(Excertos do livro: Catecismo da Educação, pelo Abade René de Bethléem, continua com o post: A duração no esforço)