segunda-feira, 26 de março de 2012

Terceira dezena: Excelência do Santo Rosário na meditação da vida e da paixão de Nosso Senhor Jesus Cristo

Nota do blogue: Acompanhe este Especial AQUI. 


21ª ROSA 
Os quinzes mistérios do Rosário 

Um mistério é uma coisa sagrada e de difícil compreensão. As obras de Jesus Cristo são todas sagradas e divinas, porque ele é Deus e homem ao mesmo tempo. As da Santíssima Virgem são muito santas, porque Ela é a mais perfeita de todas as puras criaturas. As obras de Jesus Cristo e de Sua Santíssima Mãe chamam-se com razão mistérios, porque estão cheias de grande quantidade de maravilhas, perfeições e instruções profundas e sublimes, que o Espírito Santo dá a conhecer aos humildes e às almas simples que os honram. 

Pode-se ainda chamar às obras de Jesus e de Maria flores admiráveis, cujo odor e beleza são apenas conhecidos daqueles que delas se aproximam, e daqueles que as cheiram e as abrem por meio de uma atenta e séria meditação. 

São Domingos dividiu a vida de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem em quinze mistérios, que representam as Suas virtudes e os Seus principais atos como quinze quadros cujos traços nos devem servir de regra e de exemplo na condução da nossa vida. São quinze tochas para guiar nossos passos neste mundo; quinze espelhos ardentes para conhecer Jesus e Maria, para nos conhecermos a nós mesmos e para alumiar o fogo do seu amor em nossos corações; quinze fornalhas para nos consumirem inteiramente com suas celestes chamas. 

A Santíssima Virgem ensinou a São Domingos este excelente método de rezar e ordenou-lhe que o pregasse, afim de despertar a piedade dos cristãos e fazer reviver o amor de Jesus Cristo em seus corações. Ela ensinou-o também ao Bem-aventurado Alain de la Roche. “É uma oração utilíssima, disse-lhe Ela, e um serviço que me é muito agradável, a recitação de cento e cinquenta Saudações Angélicas. E o é ainda mais, e será ainda de maior proveito, se se rezarem as Saudações acompanhadas da meditação da vida, da paixão e da glória de Jesus Cristo, pois essa meditação é a alma destas orações.” Com efeito, o Rosário, sem a meditação dos mistérios sagrados da nossa salvação, será quase como que um corpo sem alma, uma excelente matéria sem sua forma, que é a meditação, e que a distingue das outras devoções. 

A primeira parte do Rosário contem cinco mistérios: o primeiro é a Anunciação do Arcanjo Gabriel à Santíssima Virgem; o segundo, a Visitação da Santíssima Virgem a sua prima Santa Isabel; o terceiro, o Nascimento de Jesus Cristo; o quarto, a Apresentação do Menino Jesus no templo e a purificação da Santíssima Virgem; o quinto, o Encontro de Jesus no templo entre os doutores; os quais se chamam Mistérios Gozosos por causa da alegria que proporcionaram a todo o universo. A Santíssima Virgem e os anjos ficaram cheios de alegria no momento ditoso em que o Filho de Deus se incarnou; Santa Isabel e São João Batista ficaram cheios de alegria pela visita de Jesus e de Maria; o Céu e a terra rejubilaram com o nascimento do Salvador; Simeão foi consolado e regozijado, quando recebeu Jesus em seus braços; os doutores estavam arrebatados de admiração ouvindo as respostas de Jesus; e quem pode exprimir a alegria de Maria e de José encontrando Jesus após três dias de ausência? 

A segunda parte do Rosário é igualmente composta de cinco mistérios que são chamados de Mistérios dolorosos, porque representam Jesus Cristo oprimido pela tristeza, coberto de chagas, carregado de opróbrios, de dores e de tormentos. O primeiro desses mistérios é a oração de Jesus e a Sua Agonia no Horto das Oliveiras; o segundo, a Flagelação; o terceiro, o Coroação de espinhos; o quarto, o Caminho do Calvário carregando a cruz; o quinto, a Crucificação e Morte no Calvário. 

A terceira parte do Rosário contem outros cinco mistérios que se chamam Gloriosos, porque aí se contemplam Jesus e Maria em Seu triunfo e sua glória. O primeiro é a Ressurreição de Jesus; o segundo, Sua Ascensão ao Céu; o terceiro, a Descida do Espírito Santo sobre os apóstolos; o quarto, a Assunção da gloriosa Virgem; o quinto, Sua Coroação. 

Eis as quinzes flores odoríferas do Rosário místico sobre as quais as almas piedosas se detêm como diligentes abelhas, para aí recolherem a substância admirável e produzir o mel de uma devoção sólida. 

22ª ROSA 
A meditação do Rosário nos conforma com Jesus 

A principal preocupação da alma cristã é de tender à perfeição. “Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos muito amados”, (1) diz-nos o grande Apóstolo. Esta obrigação está compreendida no decreto eterno da nossa predestinação, como o único meio ordenado para atingir a glória eterna. São Gregório de Nice diz graciosamente que somos pintores. Nossa alma é a tela branca sobre a qual devemos aplicar o pincel, as virtudes são as cores que devem revelar seu brilho, e o original que devemos copiar é Jesus Cristo, a imagem viva que representa perfeitamente o Pai eterno. Assim, como um pintor para fazer um retrato ao natural põe diante dos olhos o original, e a cada golpe de pincel que dá o olha, do mesmo modo o cristão deve ter sempre diante dos olhos a vida e as virtudes de Jesus Cristo, para não dizer, nem pensar, nem fazer nada que não seja de acordo com Ele. 

Foi para ajudar-nos na importante obra da nossa predestinação, que a Santíssima Virgem mandou São Domingos ensinar os fieis a rezar o Rosário, os mistérios sagrados da vida de Jesus Cristo, não somente para que O adorem e glorifiquem, mas principalmente para que regulem sua vida e suas ações de acordo com as Suas virtudes. Ora, como as crianças imitam seus pais vendo-os e conversando com eles, como aprendem a sua linguagem ouvindo-os falar; ou como um aprendiz, vendo trabalhar seu mestre, aprende a sua arte; assim os fieis confrades do Rosário, considerando seriamente e devotamente as virtudes de Jesus Cristo, nos quinze mistérios da Sua vida, tornam-se semelhantes a este divino Mestre, com o auxílio da Sua graça e pela intercessão da Santíssima Virgem. 

Se Moisés ordenou ao povo hebreu, da parte do próprio Deus, que jamais esquecesse os benefícios que tinham recebido, ainda com mais razão o Filho de Deus nos pode mandar gravar no coração e ter sempre diante dos olhos os mistérios da Sua vida, da Sua paixão e da Sua glória, uma vez que também eles são benefícios com que nos favoreceu e pelos quais nos mostrou a excelência do Seu amor para nossa salvação. Diz Ele: “Ó vós todos, que passais pelo caminho: olhai e julgai se existe dor igual à dor que me atormenta, e que suportei por amor a vós.(2) Lembrai-vos da minha aflição e amargura, do absinto e do fel, que tomei por vós na minha paixão.” (3) 

Estas palavras e muitas outras que podemos recordar devem bastar para nos convencer da obrigação que temos de não nos contentarmos em rezar o Rosário vocalmente em honra de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem, mas meditando ao mesmo tempo os mistérios sagrados. 

23ª ROSA 
O Rosário, memorial da vida e da morte de Jesus 

Jesus Cristo, o divino Esposo de nossas almas, nosso dulcíssimo amigo, deseja que nos lembremos dos Seus benefícios e que os estimemos acima de todas as coisas. Ele recebe uma glória acidental, assim como a Santíssima Virgem e todos os santos do Paraíso, quando meditamos com devoção e afeição os mistérios sagrados do Rosário, que são os efeitos mais assinaláveis do Seu amor por nós e os mais ricos presentes que Ele nos pode oferecer, pois que através deles gozam da glória a Santíssima Virgem e todos os santos. 

A Bem-aventurada Angèle de Foligno rezava um dia a Nosso Senhor para que lhe dissesse com que exercício ela mais O honraria. Ele apareceu-lhe pregado à cruz e disse-lhe: “Minha filha, contempla as minhas chagas.” Assim ela aprendeu deste amabilíssimo Salvador que nada Lhe é mais agradável que a meditação dos Seus sofrimentos. Depois Ele revelou as feridas da Sua cabeça e muitas circunstâncias dos Seus tormentos e disse-lhe: “Sofri tudo isto para tua salvação, que podes tu fazer que iguale o meu amor por ti? 

O Santo Sacrifício da Missa honra infinitamente a Santíssima Trindade, porque representa a paixão de Jesus Cristo e porque por meio dela oferecemos a Deus os méritos da Sua obediência, do Seus sofrimentos e do Seu sangue. Toda a corte celeste recebe também com a Santa Missa glória acidental, e muitos doutores, incluindo São Tomás, dizem, pela mesma razão, que a mesma corte celeste se alegra com a comunhão dos fiéis, porque o Santo Sacramento é um memorial da paixão e da morte de Jesus Cristo, e que, por este meio, os homens partilham os seus frutos e avançam no caminho da salvação. 

Ora, o Santo Rosário, rezado com a meditação dos mistérios sagrados, é um sacrifício de louvores a Deus pelos benefícios do nosso Redentor e uma devota lembrança dos sofrimentos, da morte e da glória de Jesus Cristo. É pois verdade que o Rosário causa glória e alegria acidental a Jesus Cristo, à Santíssima Virgem e a todos os bem-aventurados, porque eles mais não desejam, para nossa felicidade eterna, que ver-nos ocupados com um exercício tão glorioso para o nosso Salvador e tão salutar para nós. 

O Evangelho assegura-nos que um pecador que se converta e faça penitência causa alegria a todos os anjos. Se é suficiente para alegrar os anjos que um pecador deixe os seus pecados e faça penitência, que alegria, que júbilo será para toda a corte celeste, que glória para o próprio Jesus Cristo, ver-nos sobre a terra, meditar devotamente e com amor as Suas humilhações, os Seus tormentos, a sua morte cruel e ignominiosa? Há alguma coisa mais eficaz para nos tocar e levar a uma sincera penitência? 

O cristão que não medita os mistérios do Rosário mostra uma grande ingratidão para com Jesus Cristo e a pouca estima que tem para com tudo o que o divino Salvador sofreu para salvação do mundo. Sua conduta parece dizer que ele ignora a vida de Jesus Cristo, e que põe pouco cuidado em aprender aquilo que Ele fez e o que sofreu para nos salvar. Esse cristão devia temer que, não tendo conhecido Jesus Cristo, ou que tendo-O esquecido, Ele o rejeite no dia do julgamento com esta censura: “Em verdade vos digo: não vos conheço!”(4) 

Meditemos pois sobre a vida e os sofrimentos do Salvador durante o Santo Rosário, aprendamos a conhecer e reconhecer os Seus benefícios, afim de que Deus nos reconheça como Seus filhos e como Seus amigos no dia do julgamento. 

24ª ROSA 
A meditação dos mistérios do Rosário é um grande meio de perfeição 

Os santos tinham como seu principal estudo a vida de Jesus Cristo. Meditavam sobre as Suas virtudes e sobre os Seus sofrimentos, e, por este meio, chegavam à perfeição cristã. São Bernardo começou por este exercício, que continuou sempre. “Desde o princípio da minha conversão, diz ele, fiz um ramo de mirra composto das dores do meu Salvador; e pus esse ramo sobre o meu coração, pensando nas chicotadas, nos espinhos e nos cravos da paixão. Apliquei todo o meu espírito a meditar todos os dias sobre esses mistérios.” 

Este foi também o exercício dos santos mártires; e é espantosa a forma como eles triunfaram dos mais cruéis tormentos. De onde poderia vir aquela admirável constância dos mártires, diz São Bernardo, senão das chagas de Jesus Cristo, sobre as quais eles faziam a sua mais frequente meditação? Onde estava a alma desses generosos atletas, quando seu sangue corria e seus corpos eram triturados pelos suplícios? Suas almas estavam nas chagas de Jesus Cristo e as suas chagas os tornavam invencíveis. 

A Santíssima Mãe do Salvador ocupou unicamente a vida a meditar sobre as virtudes e os sofrimentos do seu Filho. Quando ouviu os anjos cantar no Seu nascimento cânticos de alegria, quando viu os pastores adorando-O no estábulo, seu espírito encheu-se de admiração e meditava todas essas maravilhas. Ela comparava as grandezas do Verbo incarnado com os Seus profundos abatimentos; a palha e o presépio, com Seu trono e com o seio de Seu Pai; o poder de Deus, com a delicadeza de uma criança; a Sua sabedoria, com a Sua simplicidade. 

A Santíssima Virgem disse um dia a Santa Bígida: “Quando eu contemplava a beleza, a modéstia, a sabedoria de meu Filho, a minha alma enchia-se de alegria; e quando considerava as Suas mãos e os Seus pés que pereceriam com cravos, eu vertia uma torrente de lágrimas, e o meu coração partia-se-me de tristeza e de dor.” 

Após a Ascensão de Jesus Cristo, a Santíssima Virgem passou o resto da sua vida a visitar os lugares que o divino Salvador tinha santificado com a Sua presença e com os Seus tormentos. Aí Ela meditava sobre a Sua caridade infinita e sobre os rigores da Sua paixão. Esse era também o exercício continuo de Maria Madalena durante os trinta anos que viveu solitária na santa gruta. Do mesmo modo, São Jerônimo diz que esta era a devoção dos primeiros fiéis; de todos os países do mundo eles visitavam a terra santa para gravar mais profundamente em seus corações o amor e a lembrança do Salvador dos homens, pela vista dos objetos e dos lugares que Ele havia consagrado pela Sua nascença, pelos Seus trabalhos, pelos Seus sofrimentos e pela Sua morte. 

Todos os cristãos têm apenas uma fé, adoram um só Deus, esperam uma mesma felicidade no Céu, e conhecem um único mediador que É Jesus Cristo. Todos devem imitar esse divino modelo, e para isso considerar os mistérios da Sua vida, das Suas virtudes e da Sua glória. É um erro imaginar-se que a meditação das verdades da fé e dos mistérios da vida de Jesus Cristo não compete senão aos padres, aos religiosos e àqueles que se afastaram dos embaraços do mundo. Se os religiosos e os eclesiásticos são obrigados a meditar sobre as grandes verdades da nossa santa religião para responder dignamente à sua vocação, os leigos estão igualmente obrigados, por causa do perigo que correm diariamente de perder-se. Eles devem pois armar-se com a frequente lembrança da vida, das virtudes e dos sofrimentos do Salvador, que estão representados nos quinze mistérios do Santo Rosário. 

25ª ROSA 
Riquezas de santificação encerradas nas orações e meditações do Rosário 

Jamais alguém poderá compreender as riquezas admiráveis de santificação que estão encerradas nas orações e nos mistérios do Santo Rosário. Esta meditação de mistérios da vida e da morte de Nosso Senhor Jesus Cristo é, para todos aqueles que a praticam, a fonte dos frutos mais maravilhosos. Hoje, querem-se coisas que impressionem, que comovam, que produzam na alma impressões profundas. Mas o que há no mundo de mais comovente que a história maravilhosa de nosso Redentor, desenrolando-se em quinze quadros que nos recordam as grandes cenas da vida, da morte e da glória do Salvador do mundo? Que orações são mais excelentes e mais sublimes que a Oração Dominical e a Ave do anjo? Aí se encerram todos os nossos desejos, todas as nossas necessidades. 

A meditação dos mistérios e das orações do Rosário é a mais fácil de todas as orações, porque a diversidade de virtudes e de estados de Jesus Cristo que nela se estudam, recreia e fortifica maravilhosamente o espírito e impede as distracções. Os sábios encontram nas suas fórmulas a doutrina mais profunda, e os pequenos, as instruções mais familiares. 

É preciso passar por esta fácil meditação, antes de ascender ao grau mais sublime de contemplação. Tal é a opinião de São Tomás de Aquino e o conselho que nos dá, quando diz que é preciso exercitarmo-nos antecipadamente, como num campo de batalha, com a aquisição de todas as virtudes das quais temos o modelo perfeito nos mistérios do Rosário. É aí, diz o sábio Caetano, que adquirimos a união íntima com Deus, sem a qual a contemplação não passa de uma ilusão capaz de seduzir as almas. 

Se os falsos iluminados de nossos dias ou os quietistas tivessem seguido este conselho, não teriam tido tão vergonhosas caídas, nem causado tantos escândalos em questões de devoção. É uma estranha ilusão do demônio crer que se possam fazer orações mais sublimes que o Pai-nosso e a Ave-Maria, abandonando estas divinas orações que são o sustento, a força e a guarda da alma. 

Reconheço que não é sempre necessário rezá-las vocalmente e que a oração interior, de certo modo, é mais perfeita que a vocal; mas asseguro-vos que é bastante perigoso, para não dizer pernicioso, abandonar de vontade própria a recitação do Terço ou do Rosário sob o pretexto de uma mais perfeita união a Deus. A alma sutilmente orgulhosa, enganada pelo demônio, faz tudo o que pode interiormente para se elevar ao grau mais sublime das orações dos santos, desprezando e deixando por isso as suas antigas formas de rezar, que são boas para a generalidade das almas. Ela faz-se surda à oração e à saudação de um anjo e mesmo à oração que Deus fez, praticou e aconselhou: Sic orabitis: Pater noster. (5) Chegando a este ponto essa alma mais não faz que tropeçar de ilusão em ilusão e de precipício em precipício. 

Crede em mim, caro confrade do Rosário, se pretendeis chegar a um alto grau de oração, sem a afectação e sem cair nas ilusões do demónio tão frequentes nas pessoas de oração, rezai todos os dias, se puderdes, todo o Rosário ou pelos menos o Terço. 

Chegastes já a esse alto grau de oração pela graça de Deus? Se quereis conservar-vos nele e crescer na humildade, conservai a prática do Santo Rosário, pois jamais uma alma que reze o Rosário todos os dias será formalmente herética ou enganada pelo demónio; e esta é uma afirmação que eu assinaria com meu sangue. 

Se contudo Deus, pela sua infinita misericórdia, vos atrai, no meio do Rosário, tão poderosamente como a alguns santos, deixai-vos arrastar pela sua atração, deixai Deus operar e rezar por vós e recitar o Rosário à Sua maneira, e tal vos bastará por esse dia. 

Mas se estais apenas na contemplação ativa ou oração ordinária de quietude, de presença de Deus e de afeto, tendes ainda menos razão para abandonar o Rosário, e bem longe de recuar na oração e na virtude rezando-o, pelo contrário, ele vos será uma ajuda maravilhosa e a verdadeira escada de Jacob, de quinze degraus, pela qual ireis de virtude em virtude, de luz em luz, e chegareis facilmente, sem enganos, até à plenitude da idade de Jesus Cristo. 

26ª ROSA 

Evitai imitar a obstinação daquela devota de Roma de quem tanto falam as maravilhas do Rosário. Era uma pessoa tão devota e tão fervorosa que confundia com a sua santa vida os religiosos mais austeros da Igreja de Deus. 

Desejando consultar São Domingos e estando-se a confessar com ele, este impôs-lhe como penitência que rezasse apenas um Rosário e como conselho que o rezasse todos os dias; ela porém escusou-se dizendo que tinha os seus exercícios e orações regulares, que trazia cilício, que se mortificava, que fazia muitos jejuns e outras penitências. São Domingos instou-a com maior insistência a seguir o seu conselho, mas ela não o quis fazer; e saiu do confessionário como que escandalizada com o proceder do seu novo director espiritual, que queria persuadi-la a uma devoção que não lhe agradava. 

Mas eis que, estando em oração, foi arrebatada em êxtase e viu sua alma obrigada a comparecer diante do Soberano juiz. Viu então São Miguel aparecer e colocar todas as suas penitências e orações num prato de uma balança e no outro prato todos os seus pecados e imperfeições. O anjo levantou a balança, e o prato das suas boas obras subiu e não conseguiu contrabalançar o prato dos seus pecados e imperfeições. Toda alarmada, ela gritou misericórdia, e dirigiu-se à Santíssima Virgem, sua advogada, a qual deixou cair sobre o prato das suas boas obras apenas o Rosário que ela dissera por penitência, o qual pesava tanto que fez o prato dos seus pecados subir. E de imediato foi repreendida pela Santíssima Virgem por se ter recusado a seguir o conselho de seu servidor Domingos de rezar o Santo Rosário todos os dias. 

Voltando a si, ela foi ter com São Domingos e lançou-se-lhe aos pés, prometendo rezar o Rosário diariamente; e por este meio chegou à perfeição cristã, e à glória eterna. 

Aprendei com estes exemplo, pessoas de oração, a força, o prêmio e a importância da devoção do Santo Rosário com a meditação dos mistérios. 

Ninguém houve mais elevado na oração que Santa Madalena, que era transportada aos Céus pelos anjos sete vezes ao dia, que frequentara a escola de Jesus Cristo e da Sua Santíssima Mãe; contudo, quando pediu um dia a Deus um bom meio para avançar em seu amor e chegar à mais alta perfeição, o arcanjo São Miguel veio da parte de Deus dizer-lhe que não conhecia outro que meditar, por meio de uma cruz que lhe colocou diante da caverna, os mistérios dolorosos que ela tinha presenciado com seus próprios olhos. 

Que o exemplo de São Francisco de Sales, o grande diretor das almas espirituais do seu tempo, vos estimule a ingressar na Santa Confraria do Rosário, pois, apesar de santo, fez votos de rezar o Rosário inteiro todos os dias da sua vida até à hora da morte. 

São Carlos Borromeu também rezava o Rosário todos os dias e recomendava encarecidamente esta devoção aos seus sacerdotes, aos seus seminaristas e a todo o seu povo. 

O Beato Pio V, um dos Papas mais eminentes que governaram a Igreja, rezava todos os dias o Rosário. São Tomás de Vilanova, Arcebispo de Valência, Santo Inácio, São Francisco Xavier, São Francisco de Borja, Santa Teresa, São Filipe de Neri, e muitos outros grandes homens praticaram esta devoção. Segui os seus exemplos, vossos diretores espirituais ficarão bem agradados, e se os informardes dos frutos que podeis retirar dele, eles serão os primeiros a vo-lo aconselhar. 

27ª ROSA 

Para vos animar ainda mais a esta devoção das grandes almas, acrescento que o Rosário rezado com a meditação dos mistérios: 1) eleva-nos gradualmente ao conhecimento perfeito de Jesus Cristo; 2) purifica-nos as almas do pecado; 3) permite-nos vencer todos os inimigos;) facilita-nos a prática das virtudes; 5) abrasa-nos de amor a Jesus Cristo; 6) enriquece-nos de graças e de méritos; 7) proporciona-nos com que pagar nossas dívidas a Deus e aos homens, e por fim, permite-nos receber de Deus toda a espécie de graças. 

O conhecimento de Jesus Cristo é a ciência dos cristãos e a ciência da salvação; ela suplanta, diz São Paulo,(6) todas as ciências humanas em prêmio e em excelência: 1) pela dignidade do seu objecto, que é um Deus homem, em presença do qual todo o universo não é que uma gota de orvalho ou grão de areia; 2) pela sua utilidade, pois que as ciências humanas não nos enchem que de vento e fumaça do orgulho; 3) pela sua necessidade, pois não podemos ser salvos se não tivermos o conhecimento de Jesus Cristo, e aquele que ignora todas as outras ciências será salvo, conquanto esteja iluminado pela ciência de Jesus Cristo. Ditoso Rosário que nos proporciona esta ciência e o conhecimento de Jesus Cristo, fazendo-nos meditar Sua vida, Sua morte e paixão, e Sua glória. 

A Rainha de Saba, admirando a sabedoria de Salomão, exclamou: “Felizes os teus homens, felizes os teus servos que estão sempre contigo e ouvem a tua sabedoria!”; (7) mais ditosos os fiéis que meditam atentamente a vida, as virtudes, os sofrimentos e a glória do Salvador, porque adquirem, por este meio, Seu perfeito conhecimento no qual consiste a vida eterna. Haec est vita aeterna.(8) 

A Santíssima Virgem revelou ao Bem-aventurado Alain que, assim que São Domingos pregou o Rosário, os pecadores endurecidos foram tocados e choraram amargamente todos os seus crimes; mesmos as crianças mais novas fizeram penitências incríveis e o fervor foi tão grande, por todo o lado onde ele pregou o Rosário, que os pecadores mudaram de vida e edificaram todo o mundo com as suas penitências e a sua emenda. 

Se sentis a vossa consciência carregada com algum pecado, pegai no vosso rosário, rezando uma parte em honra de alguns mistérios da vida, da paixão e da glória de Jesus Cristo, e estai persuadidos de que, enquanto meditais e honrais estes mistérios, Ele mostrará Suas chagas sagradas a Seu Pai no Céu, e intercederá por vós obtendo-vos a contrição e o perdão dos pecados. Ele disse um dia ao Bem-aventurado Alain: “Se esses miseráveis pecadores rezassem frequentemente o meu Rosário, participariam dos méritos da minha paixão, e, como seu Advogado, eu apaziguaria a divina justiça.” 

Esta vida é uma guerra e uma tentação contínua; não é contra homens de carne e sangue que temos de lutar, mas contra as forças espirituais do mal. (9) E que melhores armas podemos tomar para combatê-las que a oração que o nosso grande Capitão nos ensinou? Que a Saudação Angélica, que expulsou os demônios, destruiu o pecado e renovou o mundo? Que a meditação da vida e da paixão de Jesus Cristo, que são pensamentos dos quais nos devemos armar, como nos ordena São Pedro, para nos defender dos mesmos inimigos que Ele venceu e que nos atacam todos os dias? “Depois que o demônio, diz o cardeal Hugo, foi vencido pela humildade e pela paixão de Jesus Cristo, não consegue atacar uma alma armada da meditação destes mistérios ou, se ataca, é vencido de maneira vergonhosa.” Induite vos armaturam Dei. (10) 

Armai-vos pois destas armas de Deus, do Santo Rosário, e quebrareis a cabeça do demônio, e habitareis seguros contra todas as tentações. Eis porque o Rosário mesmo material é tão horrível ao diabo, e os santos se serviram dele para encarcerá-lo e expulsá-lo do corpo dos possessos, como muitas histórias dão testemunho. 

Um homem, diz o Bem-aventurado Alain, tendo em vão tentado toda a sorte de práticas de devoção para se livrar do espírito maligno que o possuía, lembrou-se de pôr ao pescoço um rosário, o que o aliviou. E tendo percebido que quando o tirava do pescoço o demônio o atormentava cruelmente, resolveu carregá-lo ao pescoço dia e noite, o que afastou o diabo para sempre, não podendo este suportar uma tão terrível cadeia. O próprio Bem-aventurado Alain assegura que livrou um grande número de possessos pondo-lhes um rosário ao pescoço. 

Ao Padre Jean Amât, da ordem de São Domingos, pregando um dia a Quaresma num lugar do Reino de Aragão, trouxeram-lhe uma jovem possuída pelo demônio. Após tê-la exorcizado várias vezes, em vão, colocou-lhe ao pescoço o seu rosário, e de imediato ela se pôs a gritar com uivos assustadores, dizendo: “Tira-o, tira-me estes grãos que me atormentam!” Por fim o padre, por compaixão para com a pobre jovem, tirou-lhe o rosário do pescoço. 

Na noite seguinte, quando o Padre estava em seu leito a descansar, os mesmos demônios que possuíam a jovem vieram ter com ele, escumando de raiva, para se apoderarem da sua pessoa; mas com o seu rosário que apertava fortemente na mão, malgrado os esforços que os demônios faziam para arrancar-lho, ele combateu-os admiravelmente e pô-los em fuga, dizendo: “Santa Maria, Nossa Senhora do Santo Rosário, ampara-me!” 

Quando na manhã seguinte, indo para a igreja, encontrou a pobre jovem ainda possuída, um dos demônios que estava nela pôs-se a dizer, gozando dele: “Ah, irmão, se não tivesses o teu rosário, nós bem te teríamos possuído.” Então o Padre meteu de novo o rosário no pescoço da jovem e disse: “Pelo santíssimo nome de Jesus e de Maria, Sua santa Mãe, e pela virtude do Santíssimo Rosário, eu comando-vos, espíritos malignos, que saiam desse corpo imediatamente!”; e logo eles tiveram de obedecer, e foi a jovem libertada. 

Estas histórias mostram-nos a força que tem o Santo Rosário para vencer toda a sorte de tentações de demónios e toda a sorte de pecados, porque os grãos benditos do Rosário os metem em fuga. 

28ª ROSA 

Santo Agostinho assegura que não há exercício mais frutuoso e mais útil à salvação que pensar com frequência nos sofrimentos de Nosso Senhor. Santo Alberto Magno, mestre de São Tomás, soube por revelação que a simples lembrança, ou a meditação, da paixão de Jesus Cristo é mais meritória ao cristão que jejuar todas as sextas-feiras durante um ano a pão e água, flagelar-se até ao sangue todas as semanas, ou rezar todos os dias o saltério. Ah, quão grande é pois o mérito do Rosário, que relembra toda a vida e paixão de Nosso Senhor! 

A Santíssima Virgem revelou um dia, ao Bem-aventurado Alain de la Roche, que após o santo sacrifício da Missa, que é a primeira e mais viva memória da paixão de Jesus Cristo, não há devoção mais excelente e mais meritória que o Rosário, que é como uma segunda memória e representação da vida e da paixão de Jesus. 

O Padre Dorland conta que a Santíssima Virgem disse um dia ao venerável Domingos, cartuxo, devoto do Santo Rosário, que residia em Trèves no ano de 1481: “Todas as vezes que um fiel reza o Rosário meditando os mistérios da vida e da paixão de Jesus Cristo, em estado de graça, obtém plena e completa remissão de todos os seus pecados.” 

Ela disse também ao Bem-aventurado Alain: “Sabe que ainda que haja grande quantidade de indulgências concedidas ao meu Rosário, eu juntarei muitas mais por cada cinquentena àqueles que o rezarem sem pecado mortal, de joelhos, devotamente; e a todo aquele que perseverar na devoção do Santo Rosário com estas condições e meditações, eu lhe obterei, como recompensa por esse bom serviço, plena remissão da pena e da culpa de todos os seus pecados no fim da sua vida. 

E que isto não te pareça inacreditável; é-me fácil, pois eu sou a Mãe do Rei dos Céus, que me chama cheia de graça, e, como cheia de graça, farei uma ampla efusão dela sobre os meus queridos filhos.” 

São Domingos estava tão persuadido da eficácia e mérito do Santo Rosário que não dava quase nenhuma outra penitência àqueles que confessava, como vimos na história que contei da devota romana a quem ele deu por penitência apenas um Rosário. 

Os confessores deveriam também, para seguir o exemplo desse grande santo, mandar os penitentes rezar o Rosário, com a reflexão sobre os sagrados mistérios, em detrimento de outras penitências que não são tão merecedoras de mérito, nem tão agradáveis a Deus, nem tão salutares às almas para as fazer avançar na virtude, nem tão eficazes para as impedir de cair no pecado; até porque, rezando o Rosário, se ganham uma quantidade de indulgências que não são concedidas a muitas outras devoções. 

“Sem dúvida, diz o abade Blosius, que o Rosário, com a meditação da vida e da paixão, é muito agradável a Jesus Cristo e à Santíssima Virgem e muito eficaz para obter todas as coisas. Podemos rezá-lo tanto por nós como por aqueles que nos foram confiados ou mesmo por toda a Igreja. Recorramos pois à devoção do Santo Rosário em todas as nossas necessidades, e obteremos infalivelmente o que a Deus pedirmos para nossa salvação.” 

29ª ROSA 

Não há nada mais divino, segundo São Dionísio, nem nada mais nobre, nem mais agradável a Deus, que cooperar na salvação das almas e derrubar as máquinas do demónio que intentam perdê-las. Eis o motivo pelo qual desceu o Filho de Deus à terra. Ele derrubou o império de Satã com a fundação da Igreja; porém esse tirano recuperou as suas forças e exerceu uma cruel violência sobre as almas dos Albigenses, pelos ódios, pelas dissensões e pelos vícios abomináveis que fez reinar em todo o mundo no século XI. 

Qual o remédio para tão grandes desordens? Como derrubar as forças de Satã? A Santíssima Virgem, protetora da Igreja, não deu meio mais eficaz para apaziguar a cólera de Seu Filho, para extirpar a heresia e reformar os costumes dos cristãos, que a confraria do Santo Rosário, como os fatos o demonstram. Reavivou-se a caridade, voltou-se à frequência dos sacramentos dos primeiros séculos de ouro da Igreja, e reformaram-se os costumes dos cristãos. 

O Papa Leão X diz em sua bula que esta confraria foi fundada em honra de Deus e da Santíssima Virgem como um muro para travar as desgraças que se iriam abater sobre a Igreja. 

Gregório XIII diz que o Rosário foi dado pelo Céu como um meio para apaziguar a cólera de Deus e implorar a intercessão da Santíssima Virgem. 

Júlio III diz que o Rosário foi inspirado para nos abrir mais facilmente o Céu, através das mercês da Santíssima Virgem. 

Paulo III e o Bem-aventurado Pio V declararam que o Rosário foi estabelecido e dado aos fiéis para se procurar mais eficazmente o repouso e a consolação espiritual. Quem negligenciará entrar numa confraria instituída para fins tão nobres? 

O Padre Domingos, cartuxo, muito devoto do Rosário, viu um dia o Céu aberto e toda a corte celeste, disposta numa ordem admirável, cantando o Rosário, numa melodia arrebatadora, honrando a cada dezena um mistério da vida, da paixão e da glória de Jesus Cristo e da Santíssima Virgem. E notou que quando pronunciavam o sagrado nome de Maria faziam todos uma inclinação de cabeça, e ao de Jesus, faziam todos uma genuflexão e prestavam graças a Deus pelos grandes bens concedidos ao Céu e à terra pelo Santo Rosário. Ele viu também a Santíssima Virgem e os santos presentear Deus com os Rosários que os confrades rezavam na terra, e rezando por aqueles que praticavam essa devoção. Ele viu ainda inumeráveis coroas, e lindíssimas e olorosas flores, preparadas para aqueles que rezam devotamente o Santo Rosário, os quais por cada vez que o rezam fazem para si uma coroa com que serão adornados no céu. A visão deste devoto cartuxo está em conformidade com a que teve o discípulo bem-amado, na qual viu uma multidão inumerável de anjos e de santos louvando e bendizendo Jesus Cristo por tudo o que fez e sofreu neste mundo para nossa salvação; não é isso que fazem os devotos confrades do Rosário? 

Não há porque pensar que o Rosário é só para mulheres, para crianças e para ignorantes; ele é também para os homens, e para os maiores dos homens. Assim que São Domingos deu conta ao Papa Inocêncio III da ordem que recebeu do Céu de estabelecer esta santa confraria, o Santo Padre aprovou-a, exortou São Domingos a pregá-la e quis associar-se a ela. Os próprios cardeais a abraçaram com grande fervor, o que levou Lopez a dizer: Nullum sexum, nullam aetatem, nullam conditionem ab oratione rosarii subtraxit se. (11) 

Deste modo pode ver-se nesta confraria todo o gênero de pessoas. Duques, príncipes, reis, prelados, cardeais, soberanos pontífices, entre outros, cuja enumeração seria demasiado longa para este pequeno livro. Assim, se ingressardes, caro leitor, nesta confraria, partilharás da sua devoção e das suas graças sobre a terra e da sua glória no Céu. Cum quibus consortium vobis erit devotionis, erit et communio dignitatis. (12) 

30ª ROSA 

Se os privilégios, as graças e as indulgências tornam uma confraria recomendável, pode-se dizer que a do Rosário é a mais recomendável da Igreja, pois é a mais favorecida e rica em indulgências, e não há quase nenhum Papa que após a sua instituição não tenha aberto os tesouros da Igreja para gratificá-la. E como o exemplo persuade melhor que as palavras e os benefícios, os Santos Padres não souberam demonstrar melhor a estima que tinham por esta confraria que associando-se a ela. 

Eis aqui um pequeno resumo das indulgências que os Soberanos Pontífices inteiramente acordaram para a confraria do Santo Rosário, confirmadas de novo pelo nosso Santo Padre o Papa Inocêncio XI em Julho de 1679, recebida e tornada pública pelo Arcebispo de Paris em 25 de Setembro do mesmo ano: 

1) No dia do ingresso na confraria: indulgência plenária; 

2) Na hora da morte: indulgência plenária; 

3) Por cada terço: dez anos e dez quarentenas de indulgências; 

4) Por cada vez que forem pronunciados devotamente os santos nomes de Jesus e de Maria: sete dias de indulgências; 

5) Para aqueles que assistam devotamente à procissão do Santo Rosário: sete anos e sete quarentenas de indulgências; 

6) Àqueles que, verdadeiramente penitentes e confessados, visitarem a capela do Rosário na igreja em que esteja estabelecida, nos primeiros domingos de cada mês e nas festas de Nosso Senhor e da Santíssima Virgem: indulgência plenária; 

7) Aos que assistam à Salve Rainha: cem dias de indulgência; 

8) Aos que devotamente e para dar exemplo carreguem abertamente o Santo Rosário: cem dia de indulgências; 

9) Aos confrades doentes que não possam ir à igreja que, tendo-se confessado e comungado, rezem nesse dia o Santo Rosário ou pelo menos o terço: indulgência plenária no dia marcado para ganhá-la; 

10) Os Santos Padres, por grande bondade para com os confrades do Santo Rosário, deram-lhes a possibilidade de ganhar as indulgências das Estações de Roma, visitando cinco altares e rezando diante de cada um deles cinco vezes o Pai-nosso e a Ave-maria, pela prosperidade da Igreja. Se não houver mais que um ou dois altares dentro dessa igreja rezar-se-ão 25 vezes o Pai-nosso e a Ave-maria diante de um deles. 

Este é um grande favor para os confrades do Santo Rosário, porque nas igrejas das Estações de Roma se podem obter indulgências plenárias, porque liberta as almas do purgatório e concede muitas outras grandes remissões que os confrades podem ganhar sem esforço, sem gastos, sem sair do seu país; e mesmo, se a confraria não está estabelecida no lugar onde habitam os confrades, eles ganham indulgências, visitando cinco altares de outra igreja qualquer, segundo a concessão de Leão X. 

Eis os dias nos quais se podem ganhar indulgências, determinados e fixos, para quem não habita em Roma, por um decreto da Sagrada Congregação de Indulgências, aprovado pelo nosso Santo Padre a 7 de Março de 1678, que ordenou que seja inviolavelmente observado: 

Todos os domingos do Advento; nos três dias de Quatro-têmporas; na vigília de Natal, nas missas da meia-noite, da aurora e do dia; nas festas de Santo Estêvão, de São João Evangelista, e dos Santos Inocentes, da Circuncisão e dos Reis; nos domingos da Septuagésima, Sexagésima, Quinquagésima e, desde a Quarta-feira de Cinzas, todos os dias, até ao Domingo de Ramos inclusivamente; nos três dias das Rogações; no dia da Ascensão; na vigília de Pentecostes, e todos os dias da oitava e os três dias de Quatro-têmporas de Setembro. 

Caro confrade do Rosário, há um grande número de outras indulgências. Se as quiserdes conhecer, podeis ler o sumário das indulgências concedidas aos confrades do Rosário. Aí vereis os nomes dos papas, o ano e muitas outras particularidades que este livro não abrange. 

Notas:

(1) Efésios 5: 1 
(2) Lamentações 1: 12 
(3) Lamentações 3: 19 
(4) Mateus 25: 12 
(5) (Mateus 6, 9) “Eis como deveis rezar: Pai nosso...” 
(6) Filipenses 3: 8 
(7) I Reis 10: 8 
(8) São João 17:3 “A vida eterna consiste em que conheçam a Ti.” 
(9) Efésios 6:12 
(10) Efésios 6: 11 “Revesti-vos da armadura de Deus.” 
(11) "Nem sexo, nem idade, nem condição social são impedimento para se ser devoto do Rosário.” 
(12) "Uma vez que estais unidos com eles na mesma devoção, partilhareis da sua dignidade.”