segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Uma poesia franciscana

Augusto Meyer

Sor Aqua

Entre os galhos negros e capororóca,
Que estranho fruto luminoso amadurece?

(É a lua...)

Há um véu de neblina sobre o campo.
A chuva de ontem foi tão boa para os sapos.

Cheira a brejo.
Malícias de água, bisbilhos.

Ser um talo de erva.
Ser humilde e bom como a chuva no capim.

Não pensar que há lábios mortos que têm sede,
Que há pobrezinhos na penumbra de hospitais...

Não pensar em mim.

Irmã Chuva.
Eu quero dormir sob a carícia fluída e fria dos teus dedos,
Dos teus mil dedos sobre mim que vão e vêm,
(a chuva ri, a chuva canta quando cai...),
Quero aprender a ser uma água dócil,
Para abençoar a minha dor.

Amém.