Deveres dos pais
É dever dos pais instruir os filhos nos bons costumes, ensinar-lhes a vida da santidade com que se salvarão, habituá-los à prática dos deveres religiosos e cívicos, incutir-lhes no coração o amor de Deus, da Pátria e do próximo.
Pensem os jovens quanto isto lhes interessa.
Amanhã serão pais e mães de família, com responsabilidade de deveres que agora precisam aprender. E mesmo atualmente saberão corresponder melhor dos esforços de seus pais, se souberem o eu fazem eles no desempenho de graves obrigações.
Presentes do céu
1 – A finalidade principal do matrimônio é a geração dos filhos. Foi esta a ordem de Deus a nossos primeiros pais: “Crescei e multiplicai-vos” (Gn. 1,22). Importa respeitar esta finalidade, a que não se pode fugir sem pecado.
2 – Os bons cristãos receberam sempre os filhos como presentes do céu.
“São os filhos que Deus me deu” (Gn. 33,5). E o salmista diz que os filhos são uma recompensa e uma herança de Deus (Sl. 126,3).
3 – Deus exige que os filhos, que de suas mãos saíram, às mãos voltem. É, pois, bem grande a responsabilidade dos pais.
Dir-se-ia que a cada pai diz o Senhor como a filha do Faraó à mãe de Moisés: “Toma este menino e cria-o para mim: eu te darei a tua recompensa” (Ex. 2,9). Mas parece acrescentar: “Se ele se perder, a tua vida responderá pela dele” (3 Rg. 20,39). Têm os pais para com os filhos graves deveres.
Amor
Os pais devem amar aos filhos com um amor interno, eficaz e ordenado, em que não somente os queiram realmente, de coração, mas lhes procurem o maior bem, quanto possível. Para que seja tal o amor deve ser;
a - Sem fraqueza:
Sem complacência para com os defeitos, sem concessões aos caprichos, sem tréguas aos vícios e às paixões; sem demasiados carinhos, que degeneram em moleza; sem exagerada sensibilidade, que não sabe punir, e por isto se faz cúmplice do mal;
b – Sem egoísmo:
b – Sem egoísmo:
Porque o filho pertence a Deus, antes de tudo, e, só depois, aos pais. Também aqui pode servir de norma o aforismo que devia guiar todo educador: “Tudo para a criança, e a criança para Deus”;
c – Sem preferências.
Elas seriam:
- Injustas, se baseadas em motivos naturais (a beleza, a inteligência, etc.);
- Perigosas, porque fontes de invejas, rixas e malquerenças entre os irmãos;
- Permitidas, apenas por motivos morais (melhor cumprimento dos deveres, dedicação, etc.).
Educação
1 – Os pais estão obrigados a proporcionar aos filhos a educação religiosa, moral, cívica e física, de acordo com suas posses, a fim de que os filhos possam conseguir toda sorte de bens, mesmo os temporais.
2 – É tanto mais graves o dever da educação moral quanto mais alto o valor da alma sobre o corpo. Nunca devem os pais perder de vista o eterno destino de seus filhos, e, por isto, toda a educação em quatro pontos a educação moral: instrução, vigilância, correção e exemplo.
O futuro das mães
1 – Em grande parte, têm os pais nas suas mãos o futuro dos filhos. Raro os homens se afastam dos caminhos que aprenderam em pequenos (Lm. 3,27). Importa seriamente cuidar da educação dos filhos. O que eles forem amanhã será preparado hoje pelos pais.
2 – Ao lado dos filhos, que, abandonados, deram maus (os de Heli, o de Davi), podemos apresentar os exemplos de virtudes daqueles que receberam boa educação.
A glória de Samuel (I Livro dos Reis), a felicidade de Tobias e Sara (Tb. 14-17), a coragem dos Macabeus (Livros dos Macabeus), são fruto da educação que receberam. Na vida dos santos, entre os muitos exemplos, é célebre o de Santo Agostinho, Santa Branca, mãe de Luís (rei da França), dizia sempre ao filho preferir vê-lo morto a saber que cometeu um pecado mortal.
3 – Dando aos filhos um ideal elevado, fazendo-os preferir a virtude ao dinheiro, o caráter às dignidades, a honestidade ao poder; ensinando-lhes o horror ao mal, a estima ao bem; enchendo-lhes o coração das coisas do céu, os pais preparam a felicidade não só para os filhos como para si próprios. Os bons filhos fazem a felicidade dos pais, enquanto que os maus lhes trazem confusão e opróbrio (Sr. 17,6; 22,3).
4 – Por isto, Deus recomenda com muita insistência a educação dos filhos:
“Educa bem o teu filho e ele te consolará e será as delícias de tua vida” (Prov. 19,17). “Tens filhos? Educa-os bem, e acostuma-os à sujeição desde a infância” (Sr. 7,25).
E mostra igualmente os males de suma educação descuidada e má:
“Um filho deixado à vontade, torna-se insolente” (Sr. 30,8). “Educa o teu filho e trabalha por formá-lo, para que não te desonre com sua vida vergonhosa” (id.13).
E São Paulo acha que “se alguém não cuida dos seus e principalmente dos seus domésticos, negou a fé e é pior do que o infiel” (I Tim. 5,8)
5 – Dos pais culpáveis e negligentes diz o salmista que eles “imolaram seus filhos e suas filhas aos demônios” (105,37). O Espírito Santo chama insensatas as mulheres que educam mal os filhos (Sr. 3,12). E os filhos mal educados não só repetem os mesmos crimes dos seus pais (4 Rg. 17,41), mas os levam mais longe, como disse o Senhor pelo profeta (Jer. 26,11).
De fato: Heli negligente no serviço de Deus, os filhos foram negligentes e sacrílegos; Davi foi adúltero uma vez, por fraqueza, mas os filhos foram por hábito; Salomão foi excessivo no governo, os filhos foram tirânicos.
Para viver a doutrina
1 – Os bons cristãos recebem os filhos que Deus manda, como verdadeiros presentes do céu. Filhos, sendo bem educados, só dão prazer. O livro de Tobias chama ao filho “o arrimo de sua velhice” (5,23). Nem devem ter receios. Nunca falta o necessário a quem teme a Deus: “Nunca vi o justo abandonado, nem a sua descendência mendigando o pão” (Sl. 36,25).
De qualquer maneira, é melhor ter o número de filhos que Deus quiser do que limitá-los e viver em pecado mortal, perdendo a graça de Deus neste mundo e a glória no outro.
2 – Os egoístas fogem até ao amor dos filhos. Há muitas pessoas que não amam os filhos porque eles lhes causam transtornos à vida, aos divertimentos, aos passeios, ao luxo. Sereis mais tarde pais de família. A educação de uma família impõe naturalmente sacrifícios. Só quem se acostuma ao sacrifício é capaz de educar devidamente os filhos.
3 – Os filhos se aborrecem, às vezes, com as medidas que tomam os pais a respeito de sua educação. Mas erradamente. Lembre-se que é para bem. Submetam-se de boa mente. Tudo redundará em benefício. E darão, além do mais, um grande prazer aos pais, cumprindo também o próprio dever.
4 – Melhor farão os filhos se facilitarem a tarefa educativa dos pais, bem árdua por si mesma. Isto farão submetendo-se facilmente aos conselhos e repreensões, ou, ainda melhor, prevenindo faltas por um cuidadoso cumprimento dos deveres.
(O caminho da vida – Pe. Álvaro Negromonte)
PS: Grifos meus.