Nota do blogue: Hoje, gostaria especialmente de recomendar um antigo Especial publicado aqui no blogue. Trata-se de um capítulo que eu transcrevi do livro O Santíssimo Sacramento ou As obras e vias de Deus pelo Pe. Frederick William Faber.
Desejo a todos uma piedosa Quinta-Feira Santa.
Saudações,
Letícia de Paula
SANTÍSSIMO SACRAMENTO
A VIDA DA IGREJA
I- Introdução
II - Missa
III - Comunhão
IV - Bênção
V - Tabernáculo
VI - Exposição
VII- Viático e Procissão
Final - Conclusão
(clique nos títulos acima para ver as demais publicações)
(O Santíssimo Sacramento ou As obras e vias de Deus
pelo Pe. Frederick William Faber,
edição de 1929)
INTRODUÇÃO
INTRODUÇÃO
Se o Santíssimo Sacramento é a obra-prima de Deus, a mais perfeita imagem dEle mesmo, a completa representação de Jesus, há concluir que nEle reside a vida da Igreja, pois que o Sacramento não é um dom concedido por Jesus, mas o próprio Jesus.
Isto é verdade, quer consideremos o Santíssimo Sacramento em nossas relações com Ele, quer o consideremos em Suas relações conosco; em outros termos, quer o consideremos como devoção ou como um poder. Considerado sob um ou outro destes dois aspectos, o Santíssimo Sacramento tem dupla missão, sendo que é, ao mesmo tempo, um sacrifício e um sacramento.
A devoção do Santíssimo Sacramento é a rainha das devoções. É um centro, em torno do qual todas as outras devoções vêm se reunir e se agrupar, quais outros tantos satélites. Umas se destinam a celebrar os seus mistérios; mas a Eucaristia tem por fim celebrar ao próprio Jesus. É a devoção universal. Ninguém a pode dispensar, se quer ser cristão. Como poderá ser cristão, quem não adore a viva Presença de Cristo?
É a devoção de todos os países, de todos os séculos e de todas as idades. O caráter nacional não deixou nela nenhuma impressão, está alheia a qualquer influência de país, sangue ou governo; convêm igualmente a todas as classes, a todas as profissões, a todos os estados, a todos os temperamentos individuais. E assim deve ser, pois que é o culto de Deus convertido em devoção pela adição dos véus sacramentados. Demais é uma devoção quotidiana.
Todos os instantes lhe pertencem. Como sacrifício, a Eucaristia é uma expiação de todos os dias; como Sacramento, é o pão de cada dia dos fiéis. É a razão de ser e o objeto de numerosas ordens religiosas, cuja vida toda e toda a energia vão se concentrar nela. A adoração Eucarística nunca se suspende um só momento no seio da Igreja.
Há cidades, onde, em acontecendo cessar o culto do Santíssimo Sacramento numa igreja, logo se apressam os fiéis em oferecer-lho em outra igreja; e dia e noite, os habitantes velam e oram em Sua presença. Em inumeráveis conventos, ternas vítimas de reparação consagram o silêncio das noites a chorar e gemer perante o Seu Tabernáculo solitário.
Há países, onde piedosos seculares, homens e mulheres, se reúnem em associações para se revezarem umas as outras nas sucessivas horas de adoração. Em nosso hemisfério, como nos antípodas, se abrangermos em nossos piedosos cálculos toda a extensão da terra, acharemos que as Missas se sucedem sem interrupção durante as vinte e quatro horas diurnas. Que dizemos das inumeráveis preparações que precedem a Missa ou a santa Comunhão, e das ações de graças que a seguem?
Se, em determinada hora, nos fosse possível contemplar o mundo inteiro ao mesmo tempo, veríamos multidões sem fim, absorvidas de coração e pensamento no Santíssimo Sacramento.
A poderosa influência da Eucaristia sobre a vida privada não é menos admirável. Achamo-la sem cessar contribuindo a fazer os homens mais felizes, desviando-os do pecado, adoçando o que era amargo, apaziguando o que estava irritado, vertendo o bálsamo salutar sobre as chagas do coração e dando ocasião a uma multidão de obras de misericórdia. A vida social, com o seu casamento e instituições domésticas, ressente-se constantemente da sua influência benéfica; e no mundo político quantas vezes não tem servido para reanimar a paz entre o governo e os súbditos?
Ela mesma tem o poder de atrair os heréticos por uma espécie de encanto e nestes corações puros e honestos, mas aonde o erro se insinuou despercebido, ela faz ouvir sem ruído a sua doce voz; e assim tem recolhido mais almas ao rebanho de Pedro, do que os raciocínios cerrados dos mais hábeis controversistas ou a influência das palavras ardentes do homem piedoso que prega sinceramente por Jesus Crucificado: Nada poderá quebrar a aliança que existe entre o Santíssimo Sacramento e a vida espiritual das almas interiores: Ele as conduz para as alturas onde se aprendem a renúncia de si mesmo e as maravilhas da oração sobrenatural.
Quanto ao mundo ordinário, ao mundo moral, social, político, literário, devoto, eclesiástico e místico, o Santíssimo Sacramento paira por sobre eles, desde vinte séculos, com o seu poder fecundo, pacífico e criador.
Ó turbilhão silencioso do amor divino! com que forças, a um tempo calma e irresistível, atrais as Vossas criaturas ao seio da Vossa amável influência e aos círculos interiores onde ela se exerce! Ah! em Vossa misericórdia dignai-Vos de nos atrair pelo caminho mais curto e mais seguro às profundezas do amor eterno, a estes abismos, a que enche a Visão Beatífica da Santíssima Trindade!
Sim, o Vosso nome é Jesus, porque salvareis o Vosso povo do pecado!
Mas o Santíssimo Sacramento não constituí somente a vida devocional da Igreja; é por si mesmo um poder vivificante. Realmente Ele como que abrange a Igreja inteira e se multiplica para satisfazer a todas as necessidades da humanidade, redimida sem dúvida, mas ainda condenada aos rigores do exílio. Esta missão Ele a preenche de sete modos diferentes: pela Missa, pela Comunhão, pela Bênção, pela Residência no Tabernáculo, pela Exposição, pelo Viático e pela Procissão.
São estes os sete mistérios principais de nosso Deus oculto sob os véus sacramentais: cada um deles é animado de um espírito que lhe é próprio e opera de um modo particular que o distingue dos outros; é assim que os diversos mistérios da vida mortal de nosso Senhor diferenciam-se todos, um do outro. Para falar dignamente destes sete augustos mistérios, seria preciso um tratado; mais, em razão do espaço que me é dado, não posso senão dizer algumas palavras.
P.S: Grifos meus.