terça-feira, 4 de abril de 2017

25. A EDUCAÇÃO DA ORDEM

Nota do blogue: Acompanhe esse especial AQUI.


25. A EDUCAÇÃO DA ORDEM

Ter ordem não é coisa insignificante. É uma das virtudes mais preciosas para o perfeito equilíbrio da vida individual e para a boa harmonia da vida em comum.

• Nossas filhas sentirão, durante toda a vida, grande necessidade de ter ordem, sobretudo quando forem donas de casa, esposas ou mamães. Mas é na idade em que se formam os hábitos que cumpre desenvolver essa disciplina.

A ordem é igualmente necessária aos meninos, por que não há profissão na qual quem tiver ordem não ultrapasse a quem não a tiver. Existem mesmo algumas em que a desordem incorrigível constitui autêntica contra-indicação.

• A ordem é um meio de desenvolver nas crianças o autodomínio, e num certo sentido o espírito de sacrifício, obrigando-as a lutar contra a negligência.

• É uma realidade da experiência que a ordem exterior torna a vida mais agradável: alivia a memória, permitindo encontrar sem esforço as coisas em seus lugares. Facilita a calma, suprimindo as causas de nervosismo e de fadiga suplementares, provocadas pela desordem.


Faz ganhar tempo, permitindo agir com segurança no sentido de encontrar o de que se precisa. Facilita o respeito ao bem comum e o senso social, porque nada prejudica mais o bom entendimento e a ajuda mútua do que não colocar nos lugares objetos e utensílios pertencentes à comunidade familiar. A ordem também assegura a exatidão, que é uma das formas mais preciosas da polidez.

• Um lugar para cada coisa e cada coisa em seu lugar; um tempo para cada coisa e cada coisa a seu tempo. Duas fórmulas que é preciso repetir sem cessar, e sobretudo viver.

• Para estimular nas crianças o amor à ordem é preciso acentuar, sempre que se apresentar oportunidade, quão agradável e prático é encontrar as coisas com os olhos fechados[1]; por exemplo, mostrar-lhes todas as pequenas vantagens de ter em ordem os objetos de uso pessoal, no armário, na carteira, na pasta ou nos bolsos.

É fácil habituar as crianças a arrumar as suas coisas no mesmo lugar e da mesma maneira, com a condição de que os pais respeitem a “arrumação” dos filhos.

• Alertar as crianças contra uma ordem que seria apenas hipócrita: por exemplo, a mesa bem arrumada e as gavetas em polvorosa.

Arrumar o que acaba de nos servir, pô-lo imediatamente no seu lugar é coisa para a qual estamos mais ou menos aptos por temperamento, mas é um desses hábitos que se adquirem. Fazer com que as crianças o adquiram é, pois, um dos objetivos essenciais da educação.[2]

Que a mãe dê ao filho a possibilidade e o tempo de arrumar suas coisas, que ela própria se empenhe em pôr as coisas no lugar, e tudo se arranjará depressa. Mãe ordenada, crianças ordenadas.[3]

• Mme. Montessori notou que mais ou menos aos três anos de idade há um “período sensível”, isto é, uma época particularmente favorável à aquisição da ordem. O fato é verdadeiro, e numerosos são os pais que o verificaram. Esperar muito tempo para estimular na criança o hábito da ordem é arriscar-se a esperar sempre.

• Aos 9 ou 10 anos, o hábito da ordem deve confirmar-se pelo hábito da exatidão. É a idade em que é preciso ensinar à criança a organizar o seu trabalho e o seu tempo, prever mesmo a sucessão de suas ocupações por um par de horas, e em seguida por seis horas.

• Ao voltar das aulas, cada criança deveria estabelecer um horário: deveres a fazer, lições a aprender, livros a ler, etc..., indicar para cada operação lapso de tempo razoável e especificar a ordem da execução.

• Decerto, não se trata de mecanizar a criança, mas de ajudá-la a obter a produtividade máxima das horas de que dispõe. Isto lhe prestará um enorme serviço mais tarde, porque o futuro pertence menos aos grandes trabalhadores afobados do que aos homens organizados que sabem obter mais efeitos com menos esforço, intercalando-o com períodos de repouso para um melhor rendimento.



[1] Pode-se mesmo fazer disso um jogo improvisado.
[2] ANTOINE RÉDIER, op. cit., pág. 170.
[3] ROGER COUSINET, Fai ce que je te dist, pág. 85 (Ed. Presses d’Ile-de-France).