(O Cristão no tribunal da Penitência - Frei Frutuoso Hockenmaier, 1949)
Mas,
dirás, de nada me aproveita a confissão. Estou sempre na mesma, recaio constantemente
nos mesmos pecados!
A
tua objeção esconde um sofisma dos mais sutis.
Se
vives escravizado a qualquer mau hábito, nem por isso hás de perder a
coragem. Extingue-se o incêndio e fica o braseiro do rescaldo. Para o apagar, é
preciso ainda muita água. As labaredas do pecado, uma confissão as apagou; mas
fica o braseiro do mau hábito, e esse só a abundante chuva de graças que dá a
confissão frequente, o extinguirá.
Confessa-te,
pois, com frequência. Abandonar-te ao desespero seria crime enorme, pois
levar-te-ia à perdição eterna.
Coragem!
E quando os maus hábitos apertarem contigo, diz: "Não, agora não hei de
pecar”. E sempre que a tentação volte; lhe hás de responder com o mesmo falar.
E se, apesar disso, te acontecer à desgraça de recair, vai logo a confessar-te.
A primeira queda arrastar-te-ia a uma segunda, terceira, e a muitas outras, se
imediatamente te não levantasses amparado à graça do Sacramento.
E
se a força do mau hábito outra vez te fizer cair, não desanimes por isso. Ora,
torna a orar, e teima em ir buscar a força e o vigor que te faltam, na
frequência da Confissão e na recepção da Sagrada Eucaristia. Ao fim, hás de
ver, serás tu o vencedor.
E
como o sacramento da Penitência além de nos perdoar os pecados, nos fortifica
contra o mal, devemos recebê-lo com frequência, quer tenhamos cometido pecados
graves, quer não. Se Deus, com tanto amor e generosidade, põe ao nosso alcance
tantos meios de obter a graça, justo é saibamos aproveitá-los e corresponder
assim às Suas misericórdias.
“E
podes ter a certeza de que serás salvo, se resolveres confessar-te com
frequência, digna, ordenada e regularmente. Adota como regra de vida: cometeste
um pecado? Não deixes pôr-se o sol, sem te reconciliares com Deus. Se assim
fizeres, andarás prevenido contra a morte repentina, e nunca em teu coração
enraizará qualquer hábito pecaminoso” [P. Dosz – S.J].